Capítulo 06

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Freen Sarocha pov's

Olhei para a porta da minha sala e dei um sorriso triste. Estava olhando para a minha garota, e ela não estava tendo o melhor dia. Becky estava parada na porta, as mãos para frente e dedos entrelaçados, seu olhar estava no meu e seus olhos cheios de lágrimas.

Ela estava um pouco pálida e pude perceber que de alguns meses para cá ela perdeu peso.

Seu olhar, mesmo exalando tristeza, também tinha confiança e um toque de doçura. Isso era um dom nela, mesmo em meio ao caos, consegue demonstrar pelo menos um pouquinho de sua essência.

Suspirei e levantei da minha cadeira, indo para frente da minha mesa e encostando nela. Becky levantou a cabeça e fechou os olhos apertados. Consegui sentir o medo que ela sentia.

— Como você está? — perguntei doce, puxando ela pelo braço com delicadeza.

— Tão assustada — confessou baixinho, passando os braços pelos meus ombros.

— Vai ficar tudo bem. — Coloquei uma mecha de seu cabelo atrás da orelha. — Vou estar com você a todo momento, tendo todo o cuidado e calma.

— Como isso funciona? Eu definitivamente não sei e não fui atrás, tive medo... Eu não sei absolutamente nada, nem o básico. Sempre ouvi falar sobre, mas não sei como é, se é por medicamentos ou alguma máquina ultra mega complexa. — Soltou um risinho nervoso e eu sorri tentando acalmá-la.

Hoje seria a primeira sessão de quimioterapia dela.

— A quimioterapia é um tratamento que utiliza medicamentos para destruir as células doentes… Estes medicamentos se misturam com o sangue e são levados a todas as partes do corpo, destruindo as células doentes e impedindo, também, que elas se espalhem pelo corpo — expliquei, resumindo. — Ela é aplicada na veia ou por meio do cateter, na forma de injeções ou dentro do soro. É aplicada por meio de injeções.

— Não é uma máquina ultra mega complexa.

— Não é — afirmei e ela riu, deitando em meu peito.

— Tô com medo, Freen. — Fiz um carinho em seus cabelos.

— Olha, Becky, eu tenho mesmo que seguir o protocolo e te falar que é recomendado você estar acompanhada em todas as sessões.

— Você não conta como acompanhante?

— Não necessariamente.

— Mas eu não tenho ninguém. — Ela falou sem se importar, não havia soado triste. — Única pessoa que "tenho" — fez aspas com os dedos —, está longe... — Sabia que ela falava de seu pai.

— Eu estarei lá — falei por fim. — Preciso que você se mantenha forte, com esperança, autoestima e confiança. São coisas fundamentais para sua recuperação. — Ela apenas assentiu. — Vou te apresentar à equipe e lhe mostrar onde irá acontecer a infusão.

Eu estava preocupada, por saber como é difícil todo o processo e é fundamental que alguém fique com ela, antes, durante e depois das sessões. E eu sabia que não poderia simplesmente sair do meu trabalho para ficar com ela, no máximo poderia estar durante.

Pensei seriamente nisso, enquanto a apresentava para minha equipe e deixava eles falarem algumas coisas com ela. Eu poderia entrar em contato com seu pai, até porque, se ele ama realmente a filha e quer a ver bem, viria atrás; mas, por outro lado, eu não queria me envolver nisso.

Pensando bem, sou a médica dela, poderia abusar disso e entrar mesmo em contato. Não preciso citar que somos quase namoradas.

Em Busca da Cura - FreenbeckyOnde histórias criam vida. Descubra agora