06.

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    Você cedeu.

    Por uma fração de segundo pôde senti-lo. O calor de sua boca ofegante, o gosto de álcool impregnado em sua língua, as mão em sua cintura, todas as mil e uma sensações daquele momento quase a fizeram esquecer de quem estava bem a sua frente.

    O pensamento de que uma única fração de segundo fosse o suficiente para que tudo desabasse novamente sob seus pés fez com que recobrasse a consciência, não daria esse gostinho a ele, não depois de tudo, não para que ele sentisse mais uma vez que possuía o poder de pegar o que queria simplesmente por que achava divertido.

    Estava irritada para caralho agora.

    Não pensou muito quando o gosto metálico rapidamente invadiu sua boca, Satoru se afastou murmurando um xingamento que não alcançou seus ouvidos ao ter os lábios mordidos.

    Lembranças desagradáveis vinheram à tona, as portas de seu inferno pessoal estava cedendo pois os demónios ali aprisionados estavam cedentos. 

    Um soco foi desferido na bochecha de Gojo, você obviamente não era tão forte quanto ele, mas a alguns anos atrás havia treinado defesa pessoal e todos aqueles malditos hematomas em seu corpo pareceram valer a pena só por poder ter o prazer de ver Satoru gemer de dor, ele havia virado levemente a cara pelo impacto do soco, seus olhos azuis estavam arregalados e você pôde jurar que brilhavam sob a luz do luar.

       Isso é por ser um empata foda do caralho, e eu espero que você broche todas as vezes em que se lembrar da marca que meu soco vai deixar nesse seu rostinho bonito. 

    Você praticamente cuspiu as palavras antes de deixar um Satoru completamente atônito para trás. Ele elevou os olhos a tempo de vê-la passar pela porta dos fundos da casa, suas mãos estavam cerradas ao lado do corpo, levemente trêmulas, seus passos pesados demais enquanto você murmurava uma onda de xingamentos a ele mesmo. Uma risada sincera escapou da garganta do platinado ao assimilar o que acabará de acontecer, você era mesmo uma caixinha de surpresas.

    Satoru sabia que as coisas nunca eram entediantes quando se tratava da bagunça que era você, ao mesmo tempo tomava a ciência de ter provado de um fruto proibido. Sua boca o xingava e fazia questão de ser cruel sempre que se direcionava a ele, sua língua era afiada e guardava um estoque de rancor, porém, seus lábios conseguiam ser doces e macios, assim como os sorrisos que você direcionava aqueles que gostava. Nesse momento ele sabia que nunca seria um destinatário, e o platinado não poderia culpar ninguém alem dele mesmo por isso.

    Ele estalou a língua no céu da boca, colocando a mão sobre a bochecha levemente dolorida. Se lembrou do soco que deu em Ino e agradeceu por ninguém ter percebido, quando viu que Takuma havia conseguido tão facilmente ultrapassar suas barreiras uma onda de raiva atingiu seu peito de forma avassaladora, e quando viu que você  sorria ao te-lo cochichando no pé de seu ouvido seu corpo agiu antes de seu cérebro, sem perceber ele já estava a arrastando para longe de lá, para longe de Ino e qualquer bastardo que a encarasse desde que chegou.

    "Isso é por ser um empata foda do caralho"

        Ela ia mesmo transar com aquele marginal?  Satoru resmungava, repassando cada acontecimento em sua cabeça, derrepente sentia-se irritado novamente.     Porra, como eu vou explicar essa merda pro Suguru?

    A verdade era que não haviam explicações, ou o platinado se recusava a aceitá-las.
     

    [...]

       Dá pra parar de tremer a perna? Eu estou tentando fazer o meu trabalho aqui. 

      Desculpa, eu ando agitada. 

𝐋𝐎𝐒𝐄 𝐂𝐎𝐍𝐓𝐑𝐎𝐋, Satoru GojoOnde histórias criam vida. Descubra agora