09.

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"𝖤𝗎 𝗌𝖾𝗂 𝗊𝗎𝖾 𝖾𝗌𝗍𝗈𝗎 𝗍𝖾 𝖺𝗌𝗌𝗈𝗆𝖻𝗋𝖺𝗇𝖽𝗈
𝗏𝗈𝖼𝖾̂ 𝖽𝖾𝗏𝖾 𝖾𝗌𝗍𝖺𝗋 𝗆𝖾 𝖺𝗌𝗌𝗈𝗆𝖻𝗋𝖺𝗇𝖽𝗈 𝗍𝖺𝗆𝖻𝖾́𝗆"

𝖧𝖺𝗎𝗇𝗍𝖾𝖽, 𝖡𝖾𝗒𝗈𝗇𝖼𝖾́

    Satoru inala a droga disposta em duas fileiras perfeitamente alinhadas com o auxílio de um cartão sobre a mesinha, as luzes intercalando entre vermelho e rosa incomodavam seus olhos sensíveis a claridade, fazendo com que o platinado se acomodasse na poltrona em que estava sentado fechando fortemente seus olhos, os barulhos externos se isolaram em algum canto de sua cabeça tornando-se quase impossíveis de decifrar após o pó branco queimar suas narinas. Gojo nunca foi bom em estar sóbrio.

    Seu corpo doía. Sua cabeça não se calava nem por um segundo, remoendo feridas antigas que insistiam em sangrar.

    "Você estava se drogando seu viciado de merda"

    Uma risada sem humor escapou da garganta do platinado enquanto engolia de uma vez o liquido no copo transparente.

    Foi quando Amaya Gojo, mãe de Satoru, descobriu ser incapaz de ter outro filho que seu progenitor se tornou agressivo. O pequeno de olhos azuis nunca se esqueceria da cena que presenciou naquela noite, sua mãe chorava enquanto Eiichi gritava, estava furioso pelo fato de que o pequeno Gojo seria seu único herdeiro, todas as suas fichas estavam apostadas sobre aquela criança, não havia margens para erros, Satoru deveria ser um ser grandioso. Afinal, ele havia nascido com esse único propósito, sua vida inteira foi definida no exato momento em que Eiichi soube que o destino dos Gojo estaria nas mãos da pequena criança.

       Filho da puta egocêntrico.    Ele murmurou para si mesmo.

    Se lembrava da primeira vez em que apanhou de seu pai, foi na mesma noite em que descobriu que nunca poderia se gabar por ter um irmão como as outras crianças. Satoru entrou no meio da discussão para defender a mãe que desmoronava ajoelhada no chão, Eichii não pensou duas vezes antes de desferir um tapa no rosto de seu filho de apenas seis anos que chorava pela dor da mãe.

    No mesmo dia, enquanto chorava no parquinho com suas bochechas vermelhas graças ao frio, conheceu Suguru. Aquele que, a partir dai, estaria sempre ao seu lado, aquele que transformaria aquela tormenta em algo cada vez mais suportável e, acima de tudo, aquele que se tornaria família, seu irmão. Satoru se lembrava que o moreno não estava sozinho naquela noite, ele a carregava nos braços, parecia ser tão pequena e frágil que o platinado questionou Geto se você quebraria se ele a segurasse, Suguru gargalhou exageradamente do pensamento idiota do novo amigo, antes de estender você completamente embrulhada em roupas de frio na direção do de olhos azuis que, de forma desajeitada, a segurou nos braços, seus olhos o remetiam a um céu estrelado, o mesmo que os banhava quando o pequeno Gojo e o pequeno Geto juraram ser amigos para sempre.

    Ele nunca mais esteve sozinho.

    Suguru e você se tornaram uma parte imprescindível nos dias de Satoru. Os três eram como a família que o pequeno desejava em seus dias solitários, onde sua única companhia eram as empregadas daquela mansão vazia.

    Até que as coisas sobre você mudaram drasticamente com o passar dos anos. Ele passou a odiá-la simplesmente por ser quem é. Cada vez menos você fazia parte da vida de Gojo, cada vez mais ele a afastava para observa-lá de longe, em uma distância segura da sujeira que era a vida do platinado.

    Chegou a um ponto irreversível. Quando descobriu que você nutria sentimentos pelo mesmo, Satoru se viu a afastando o suficiente para fazê-la o odiar, para que fosse embora de seu alcance, você havia fugido para longe o suficiente para que as íris azuis por muito tempo fossem incapazes de a enxergar. Quando você voltou sem avisos prévios, Gojo se viu cego, mesmo que estivesse ali novamente sob seu olhar, ele não reconhecia o que via.

𝐋𝐎𝐒𝐄 𝐂𝐎𝐍𝐓𝐑𝐎𝐋, Satoru GojoOnde histórias criam vida. Descubra agora