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     Suguru e Satoru eram melhores amigos desde que você se entendia por gente, ambos eram como as duas faces de uma mesma moeda, inseparáveis. Consequentemente, como uma pequena sombra de seu irmão mais velho, vocês sempre estiveram no alcance um do outro. 

    Era quatro anos mais nova que os garotos, mesmo assim, Suguru sempre achava um jeito de incluí-la em suas brincadeiras idiotas contra a vontade de seus pais com a ajuda de Satoru. O pequeno de olhos azuis, especialmente, sempre se mostrou muito gentil e protetor quando o assunto era a irmãzinha de seu melhor amigo. Era...doce.

    Um broto perigoso havia sido plantado em seu coração. Algo parecido com uma rosa que, com o passar dos anos, desabrochava mais e mais.

    Você não sabia quando, mas era óbvio o porquê aquele sentimento surgiu em seu pequeno coração, era genuíno, a pequena você apenas gostava de tê-lo por perto, naquela época o amor que sentia era resumido em um pensamento bobo; desejava poder brincar ao seu lado para sempre.

    Mas uma coisa é certa, nada é imutável, naturalmente as coisas foram mudando conforme foram crescendo, exceto o elo indestrutível do jovem de cabelos negros e o platinado, que se mostrava mais forte do que nunca. Em compensação, à cada ano que se passava mais distante de você Gojo se tornava, o sentimento em seu peito, tristemente, expandia a cada pequeno ato de gentileza do outro. Você tomava ciência de que o que sentia por Satoru era completamente diferente do que sentia por seu irmão, o amor assume diversas  formas e o que sentia pelo platinado começava a tomar forma única, uma nunca experimentada por si antes. 

    A beleza de uma rosa disfarçava sua natureza traiçoeira, seu coração lentamente era perfurado por seus espinhos.

    Aos treze anos tinha plena ciência de que Satoru Gojo era inalcançável, pelo menos, para você.

    Algo claramente havia mudado. Era inevitável pensar que ele só fosse gentil no início por Suguru, e que no fundo, ele nunca se importou de verdade. Um abismo havia sido criado entre vocês, o platinado se tornou alguém admiravél, sua popularidade e beleza o tornaram rodeado de amigos e mulheres, enquanto você, mais uma vez era resumida a irmã mais nova de Suguru. Ansiava pelo dia em que poderia ser como eles, em seu quarto solitário fantasiava um dia poder voar alto o suficiente para que fizesse o dono daqueles olhos infinitos sentir na pele o peso daquele abismo que o mesmo havia traçado entre vocês. 

    Odiava ser pequena em um mundo de gigantes, nunca poderia sentir o calor do sol em sua pele, todas aquelas pessoas com suas grandezas deixavam-na nas sombras.

    Era frio, mas não tanto quanto Satoru, que passou a usavar palavras duras demais, seu olhar antes gentil era indiferente ao olhá-la, havia se tornado invisível para ele também. Ele não era mais o princípe que a salvava todas as vezes em que  você desejava brincar de contos de fadas. Talvez ninguém tivesse percebido essa mudança, mas você, que sempre o admirou, percebia cada mísero e maldito detalhe.

    Passou a se odiar por isso. Afinal, não poderia culpar ninguém além de si mesma. Era óbvia a diferença entre você e aqueles ao seu redor, Satoru Gojo poderia ter literalmente qualquer pessoa, qualquer coisa que desejasse.

    Até os seus dezoito anos nunca colocou o que sentia por Satoru em palavras, mais para frente, desejaria nunca ter feito.

    Nunca se esqueceria daquela noite.

    Na manhã seguinte, estava a quilômetros de distância de casa.

    Ele foi seu primeiro amor.

    O segundo a quebrar seu coração antes frágil.

   Hoje, aos vinte e três, sentia-se a mulher mais forte do mundo. Uma barreira sólida feita daqueles mesmos espinhos que um dia foram um broto pequeno e inocente agora protegia seu coração, reconstruido cuidadosamente pedacinho por pedacinho durante os últimos cinco anos em que viveu longe de seus demônios.

𝐋𝐎𝐒𝐄 𝐂𝐎𝐍𝐓𝐑𝐎𝐋, Satoru GojoOnde histórias criam vida. Descubra agora