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"está acontecendo de novo, eu não dou a mínima para seus amigos
eu estou bem aqui
amor, dê uma olhada em volta
eu sou o único que não foi embora"

Right Here, Chase Atlantic

    Ele analisou todo o seu corpo da cabeça aos pés, até que os olhos caíssem sobre o pequeno pote vazio ao seu lado. Naquele momento, o mundo havia simplesmente parado. Satoru desejou com todas as forças que aquela cena não se passasse de um pesadelo.

    Mas não era.

    Você havia tentado desesperadamente se livrar da repulsa que sentia de si mesma enquanto as palavras de Toshiro ecoavam em sua mente, a relembrando de que não era absolutamente nada, de que não tinha nada, e que, para o bem de todos a sua volta, seria melhor que apenas desaparecesse. Essa não foi a primeira, mas sem dúvidas a mais desesperada de todas as tentativas em meio a uma crise.

    Sua cabeça era como um mar turbulento em meio a uma tempestade, quando a onda que a levaria de volta a calmaria carregava um peso enorme de lhe tirar a própria vida.

    Quando a ficha do que havia feito caiu, logo após ouvir os passos pesados de Satoru dentro do apartamento, tudo aquilo que deixaria para trás veio a tona junto com uma agonia enorme de dar a Toshiro o prazer de ter o que tanto queria.

    Não sabia distinguir o que a assustava mais naquele momento, enquanto os olhos de Satoru a perfuravam com um misto de dor, confusão e completo desespero que nunca imaginou ser refletido por aquelas íris azuis quando ele a carregou no colo até o banheiro no fim do corredor, permitindo que sentisse as mãos do homem trêmulas em baixo de si.

    Um filme se passava em sua cabeça enquanto Satoru a colocova de joelhos sobre o tapete macio em frente a privada, segurando seu cabelo com uma só mão ao invadir sua boca com dois dedos sem aviso prévio, fazendo com que automaticamente vomitasse os comprimidos inteiros. Por sorte, os havia ingerido minutos antes do platinado encontrá-la.

       [Nome], quantos comprimidos você tomou? A voz trêmula e fraca de Satoru a atingiu, fazendo com que encarasse a figura agachada ao seu lado.

    Você negou com a cabeça, olhando para todos os 29 comprimidos.

    Estão todos aí.

    Ele respirou fundo antes de se permitir elevar os olhos até o seu rosto, encarando a bagunça que se encontrava. Você automaticamente desviou o olhar para as próprias mãos, o choque fazendo com que aos poucos voltasse a si ao tomar controle da situação, dos demônios reais e irreais que a assombraram durante todo o tempo após sair da mansão onde foi criada.

    Satoru se levantou, colocando a banheira para encher ao garantir que você ficaria bem, notando que, aos poucos, sua respiração voltava a se acalmar. Ele pediu que tirasse a camiseta e o shorts que usava e entrasse na banheira enquanto o mesmo buscava uma toalha para você, que apenas concordou de leve com a cabeça, sem forças para encará-lo.

    Assim que o platinado lhe deu as costas você se despiu, colocando uma perna após a outra dentro da água morna, deixando que seu corpo relaxasse pela primeira vez em horas ao se sentar e agarrar as próprios pernas. Satoru não demorou a voltar, dando duas batidinhas na porta antes de questioná-la se poderia ajuda e suspirando ao ter, novamente, apenas um confirmar de cabeça como resposta.

    Não admitiria em voz alta, mas o homem preferia mil vezes sua língua afiada do que aquele silêncio sufocante, do que sua apatia.

    Mas equanto a sua mente era apenas um borrão, a de Satoru se encontrava um caos completo. Milhões de possibilidades e perguntas das quais ele, provavelmente, não iria querer saber suas respectivas respostas, o assombravam enquanto delicadamente lavava seus cabelos negros, sentado na beira da banheira.

𝐋𝐎𝐒𝐄 𝐂𝐎𝐍𝐓𝐑𝐎𝐋, Satoru GojoOnde histórias criam vida. Descubra agora