O resto da noite foi tranquila, me tranquei no quarto e dormir o quanto pude, mas não pareceu ser suficiente quando despertei às cinco da manhã, ficando acordado para ter o privilégio de assistir aos primeiros raios de sol entrar pela cortina entre aberta. Cansado de rolar na cama, levantei assim que sentir o aroma de café invadir meu espaço, posterior fiz meus abdominais para começar mais que bem o meu dia.
Ao chegar na cozinha, espreitei a senhora no fogão de costas para a porta, como uma corsa esperando ser pega pelo caçador em um bosque tranquilo. Cauteloso, dei passadas suaves para que não denunciasse minha presença. Chegando mais perto, abracei o pequeno corpo enquanto ouvia sua risada rouca, projetada pelo tempo.
— Quer me matar do coração, menino? — Ainda sorrindo, se virou repousando a mão no meu rosto. — Gosto de te ver sorrindo assim… tranquilo. — falou em quanto suspirava. Ainda sorrindo, me afastei.
O tempo que rolei na cama foi eficiente para que eu refletisse sobre o que estava fazendo da minha vida e o que valia a pena enquanto estivesse vivo. Desejo ter uma família, filhos e não é esse tipo de pessoa que quero ser como exemplo.
Meus pais não estariam orgulhosos, o Guilherme não estaria e vovó com certeza não está nada satisfeita comigo. Quando me olho no espelho, vejo um Alex que não me agrada e não agrada a ninguém.
Ao pôr os pés fora da cama hoje, determinei que seria alguém melhor todos os dias por aqueles que me criaram e pelos que me amam e não merecem sofrer pela minha dor. O Gui certamente teria me dado um puxão de orelha também, se pudesse, devido a estar fazendo tudo errado.
Quero viver o que meu amigo não viveu, agora tão somente de uma maneira mais leve e consciente, sem rancores ou raiva.
Não sei se a missão que ele tinha aqui na terra foi cumprida, mas o tempo que passei com ele me ensinou e muito, então colocarei em prática.
— Bom dia, vó. — falei, me sentando à mesa.
— Bom dia, meu menino. — Retribuiu, colocando uma xícara de café na minha frente.
Não tinha o costume de tomar o líquido escuro fumegante, mas depois que passei a ter uma carga horária de trabalho estendida, comecei a consumir com mais assiduidade. Atualmente, se não tomar logo pela manhã uma xícara, não funciona direito.
— Qual o motivo da alegria?
— Não sei, acordei me sentindo… diferente.
Vindo até onde eu estava, tomou o meu rosto em suas mãos, depositando um beijo na minha testa do mesmo jeito que faço com ela.
— Espero que tenha tomado juízo, oro para que isso aconteça rápido e você volte a ser o que sempre foi. — Olhando nos meus olhos, proferiu as palavras mais sérias que ouvi sair da sua boca em toda a minha vida.
— Vou ser melhor, vozinha. — Suspirando, concordou, voltando para perto da pia, trouxe um bolo de cenoura com calda de chocolate.
— Glória a Deus por isso!
Sentando à mesa, me acompanhou. Neste ínterim, Ruan apareceu somente de bermuda, com a cara toda inchada, se jogando em um acento.
— Dona Carmem, seu sofá não vale um centavo. Não tenho mais coluna… — reclamou, cortando três fatias grandes do bolo e colocando no seu prato.
— Bom dia!
Eu e vovó falamos em uníssono enquanto o observava, fazendo com que nos analisasse.
— O que aconteceu em quanto eu estava dormindo?
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O Céu Na Palma Da Mão [concluído]
RomanceAtena Loyola que aos vinte e sete anos tinha o sonho de ser mãe, mesmo depois de ter passado por más experiências em relacionamentos fracassados, ainda assim decidiu realizar esse bendito sonho, nem que para isso tenha que fazer uma inseminação assi...