Capítulo XLIX - Um Mar de Fumaça

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A praia era um limite de terra pequeno entre as paredes rochosas das encostas altas e úmidas dos penhascos, com o mar cinzento tremulando do outro lado.

Os dragões adentraram em uma gruta espaçosa, formada por um deslizamento de pedras que um dia foram uma parte do desfiladeiro rochoso. Lá eles se aquietaram, tinham sido as ordens de seus montadores, que obedeceram mesmo a contra gosto. Vhagar aceitou Cannibal de uma forma impressionante, pois a velha dragão continuava sanguinária tanto quanto era na época da conquista, o que fazia a maioria dos dragões terem receio dela. Mas com Cannibal mantinha-se conformada, como se soubesse que se seu montador continuasse apaixonado pela princesa Targaryen, o grande dragão negro estaria ali também.

Já Caraxes, tinha um péssimo gênio, apesar de conviver com Vhagar por gerações de descendentes Targaryen, não possuía por ela o mesmo carinho como o que tinha por Syrax, os cuidadores do fosso dos dragões falavam que "O verme de sangue" e a dragão amarela de Rhaenyra, eram como Vermithor e Asaprata, montarias do rei Jaehaerys e da rainha Alyssane.

Por isso, algumas tentativas de mordidas fracas foram feitas pelo dragão vermelho contra Cannibal e Vhagar. Mas nada que os fizessem entrar em verdadeiro confronto.

As rochas laterias da praia, ajudavam a escondê-los dos demais, enquanto Daemon colocava o próprio capuz e seguia em direção a Aemond, que vinha acompanhado por doze homens, um deles com os cabelos azuis, e o resto com o que parecia ser um uniforme simples, de marrom e dourado. Todos eles portavam espadas em seus cintos e andavam em uma formação circular em torno de um grupo com cerca de vinte crianças, todas elas estavam acorrentadas umas as outras, usavam robes de linho encardido e uma manta de costura mal feita, cobrindo fracassadamente os seus cabelos recentemente cortados rente ao couro cabeludo.

Elas tinham os olhares baixos, e algumas tinham lágrimas em seus olhos, apesar de não fazerem barulho enquanto as mesmas escorriam por seus rostos tristes.

Daemon apertou a mão sobre a Irmã Sombria, alcançou o olhar do sobrinho, que também o encarou. Visenya já estava no alto, acima das nuvens, para camuflar Naeraxes.

Quando finalmente Aemond fez sinal com a mão para que parassem, já estavam frente a frente com Daemon.

"Eu não vejo um barco...".

O homem de cabelos azuis falou, ele parecia tenso, como se já desconfiasse das intenções dos dois homens. Daemon andou alguns passos e se colocou ao lado do sobrinho.

"Não se preocupe, em breve você verá muitos deles...". Com um sorriso no rosto, ele ergueu uma das mãos e retirou o capuz, revelando os cabelos loiros prateados dos Targaryen's. Aemond imitou o gesto do tio logo em seguida, fazendo com que os homens diante deles arregalassem os olhos de surpresa, e sacassem suas espadas com rapidez.

"Libertem as crianças... e talvez sairão vivos daqui...". Aemond se pronunciou.

O azulado pegou uma garota de no máximo onze anos e colocou a espada sobre sua garganta.

"É por eles que estão aqui não é?". Disse pressionando a lâmina larga na pele da garotinha. "Mantenham as suas bestas longe daqui, ou todas morrerão!".

Ele gritou tentando se impor, a criança em seus braços se contorcia tentando se soltar.

"Bestas?". Daemon olhou para o sobrinho, que entendeu o que o tio queria.

"Acho que ele se refere a nossos dragões tio." Aemond disse, entrando na brincadeira.

"Ah claro, que distração a minha... estou tão acostumado com nossos dragões que deixei de vê-los como uma ameaça... pelo menos não são para mim...". O sorriso ladino crescia nos lábios do príncipe rebelde.

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