Feitos de Fogo e Nascidos Para Queimar

Capítulo LIV - Ouça-me

Após uma semana desde o desentendimento entre sobrinho e tio, estavam rumo ao quarto mês da estadia do príncipe Aemond em Pedra do Dragão.

O ocorrido entre ele e Daemon não voltou a ser comentado, Jace, Luke, Rhaena e Baela se tornaram um pouco calados na presença de Aemond nos dias seguintes, pois tinham receio de instigar mais aborrecimento ao mesmo. Mas logo os treinos e os vôos diários dos jovens os fizeram esquecer do acorrido, voltando logo a suas rotinas.

Era uma tarde tranquila na ilha, quando uma carta chegara de Porto Real para Aemond. O príncipe estava sentado em uma enorme pedra na praia, usava calças de linho marrom, e uma camisa branca leve, suas botas haviam sido deixadas nos degraus do castelo. Estava calor, mas não um calor insuportável, pois o vento que vinha do mar refrescava o dia.

Visenya estava ao seu lado, deitada com a cabeça na coxa esquerda de Aemond, que mantinha essa perna esticada e a outra dobrada para cima, onde apoiava o braço direito. A moça usava um vestido de modelo dornes, com o tecido leve e fino, ele não era acinturado, mas sim marcado logo abaixo dos seios, deixando todo o resto da costura solta. Azul pálido como os olhos de um recém nascido, contando com pequenas flores de cristais em seu busto e alças.

Ela usava peças como esta apenas em Pedra do Dragão, onde os olhos da corte não vigiavam e as línguas não comentavam o quão "Diferente e peculiar seria os vestidos de uma princesa Targaryen".

Seus cabelos assim como os do noivo estavam soltos, Aemond mantinha os dele atrás da orelha, enquanto Visenya deixava suas madeixas dançarem sobre seu rosto, mas que no momento estavam espalhadas sobre o colo do príncipe.

Visenya tinha em mãos a carta que Aemond recebera, e a lia em voz alta para ambos escutarem.

"... por isso achamos necessária sua presença aqui, está na hora de ficar ao lado de sua família, a que realmente precisa de você, com amor Alicent...". Visenya acaba de ler o último trecho da carta. "Alicent? Ela ao menos podia ter assinado como "mãe", não acha?". Pergunta ao noivo, que mantinha o olhar distante.

"E então?.... Você vai?". A moça questiona dobrando o papel em mãos.

Na carta, Alicent dizia que Helaena estava próxima ao trabalho de parto, e estava preocupada com as crianças, pois os gêmeos sempre se deram melhor com os membros da própria família, mas o pai, Aegon, estava sempre fora e quando presente estava bêbado. Alicent estava ocupada com assuntos do conselho e não haveria mais ninguém em quem Helaena se sentisse segura para deixar seus filhos. Por isso ela havia pedido a mãe que escrevesse ao irmão, pedindo para que ele retornasse a Fortaleza Vermelha, pelo menos durante os dias após o parto.

"Acha que ela está dizendo a verdade?". O rapaz pergunta enquanto entrelaça os dedos da mão esquerda nos cabelos platinados de sua noiva. "É verdade que Helaena ficou muito assustada no parto dos gêmeos... Mas do ela teria medo agora? Suas damas de companhia sempre a ajudaram com Jaehaerys e Jaehaera, apesar de que eles sempre preferiram a mãe a avó ou a mim...".

Visenya se levanta devagar, sentando-se ao lado do príncipe.

"Você conhece sua irmã melhor do que eu, mas o pouco que eu sei sobre Helaena é que ela se preocupa muito com tudo... Você é o irmão mais próximo, as vezes sua presença passe segurança a ela." A jovem se cala, mas logo solta um "hum", que não passou despercebido por Aemond.

"O que quer dizer esse "hum"?". Pergunta observando as expressões da moça.

"Bom... Isso tudo se considerarmos que as palavras de sua mãe são verdadeiras... Por que a própria Helaena não escreveu a carta?".