Giorgio Marcino, o homem mais poderoso do mundo e líder da maior máfia italiana, encontra seu destino cruzado com Scarlett Ross, uma letal e implacável assassina de aluguel, durante sua estadia em Las Vegas. Em um mundo onde o poder, a luxúria e a g...
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— Traduz essa frase agora: "I tuoi baffi sono affascinanti." — Monica praticamente soletrou as palavras, o som invadiu meu cérebro e incitou meu córtex esquerdo posteroinferior frontal a trabalhar para traduzir sua fala.
De Gennaro me ensina italiano sempre que temos tempo livre ou não há nada melhor para fazer, é uma maneira legal de passar o dia e visitar o colegial novamente, apesar do fato de minha professora ser impaciente e estressada. Tem sido divertido e proveitoso, conhecimento é poder e já sou fluente em três línguas estrangeiras: espanhol, alemão e francês. Entendo pouco de alguns outros idiomas, como mandarim, russo e italiano, mas não consigo traduzir tudo e nem formular muitas frases.
— Calma... É algo parecido com: "Seu bafo é um charme."? — Respondi a primeira coisa que veio na minha mente, recebendo um suspiro e olhar de reprovação de minha companheira, já aborrecida.
— Você está caindo nos falsos cognatos. Baffi não significa bafo, mas bigode. Giorgio é conhecido e admirado por seu bigode, como vai elogiá-lo dessa forma? — Questionou, massageando as têmporas e me encarando. Joguei minha cabeça para trás e apoiei meu tronco na cadeira.
— Está me ensinando adjetivos para usar com ele? Poderia começar falando como elogiar, elegantemente, o pau dele, os músculos extremamente definidos e a voz rouca e grave. Garanto que esses serão bem mais utilizados. — Dei sugestões, acompanhando-a rir de meu comentário. Seu rosto é iluminado pela janela, ressaltando seu sorriso branco e pele preta.
— Se continuar nesse ritmo, sequer conseguirá dizer que ele é bonito. — Resmungou. Peguei os dicionários na mesa e revirei os olhos, deslizando as páginas com o polegar.
Treinar essa língua é parte crucial da missão, um meio para que os mafiosos nessa ilha possam me ver mais como uma parente, do que como uma desconhecida. Há três dias, o casamento de Vittorio trouxe olhares indesejados para mim. Sou uma forasteira e, em minha primeira noite em um evento como aquele, fui capaz de dançar com o Rei da Máfia e conquistar sua atenção e desejo. De Gennaro disse que as famílias tradicionais não costumam ser receptivas com estranhos e imagino o que devem ter pensado quando contemplaram Giorgio tão imerso em mim e em nossa devassidão, certamente sentiram inveja. Contudo, agora mais do que nunca, devo manter discrição e cautela.
A única página que ficou em aberto daquela noite foi a conversa que tive com Monica antes de irmos embora. Ela não me deu detalhes sobre o que aconteceu com o pai e, aparentemente, agora está agindo como se jamais tivesse compartilhado aquelas informações. Deduzi que ela não estivesse no momento para se abrir e contar seu passado, no entanto, sou uma pessoa curiosa e ansiosa, estou me segurando ao máximo para não forçar a barra e pedir que ela me dê detalhes. É impossível abordá-la sobre esse tema sem parecer invasiva. Embora nossa relação em tese deva ser meramente profissional, um elo de cumplicidade se criou sorrateiramente entre nós.
Fiquei alguns minutos concentrada em traduzir as frases do dicionário, rabiscando o livro e lendo mentalmente o que escrevia, analisando se as frases fazem sentido. De Gennaro se entretia resolvendo palavras cruzadas e era engraçado quando ela ria e conversava sozinha preenchendo as lacunas.
