CURSED - JAY

03

De repente ele estava na Ilha dos Perdidos. O lugar parecia distante da realidade, sem cor, sem vida. Não parecia nada com os cartaz que o governo de Auradon publicava. Ninguém ali parecia feliz. Os dentes eram podres e amarelados nos sorrisos. As pessoas não se cuidavam. E a ilha inteira parecia da mesma forma. Abandonada. O cheiro de comida apodrecida invadia suas narinas, o que o fez levar a mão diretamente a elas com desgosto e se afastar dali o mairs rápido possível. Ele se parecia como um deles. Estava camuflado na multidão, mesmo usando suas roupas comuns, ninguém olhava para o príncipe herdeiro.

Foi muito estranho quando o ambiente passou a mudar. Um brilho colorido passou diante de seus dedos, entre o pedaço de papel dobrado azul claro que ele segurava, então veio diante de seus olhos, algo mágico, do tipo que ilumina e encanta. E esse brilho estava em torno de uma garota. A mais bela que ele já havia visto em sua vida. Ela tinha cabelos longos e ondulados negros, assim como seus olhos. Sua pele era branca. A garota era jovem, devia ter a sua idade mas surpreendentemente andava com uma maldade jamais vista por ele antes pelas ruas. Ela era confiante e de alguma maneira conseguia ser elegante. Parecia uma divindade, parecia inalcançável. De modo a que a única coisa que pudesse passar pela sua cabeça era "eu preciso dela".

Foi estressante sair daquele sonho com batidas violentas contra a sua porta. Benjamin se levantou atordoado e irritado. Quem havia tirado aquela visão perfeita dele? O príncipe caminhou até a porta e abriu para ver Audrey parada diante dele com um sorriso.

- Benny Boo! Você está atrasado para a prova da sua roupa!
- O que?
- A sua mãe pediu para que eu viesse acordar você. É hoje!
- Caramba, Audrey. Eu me esqueci. Espera um minuto.

Ben fechou a porta do dormitório e trocou a roupa o mais rápido que conseguiu. Em menos de dez minutos estava de braços dados com a sua namorada a caminho do ateliê. Audrey falava muitas coisas sem parar o que tornou difícil dele assimilar e por um longo momento Ben desejou que ela calasse a boca. Sua impaciência matinal estava mais forte do que nunca e enquanto Audrey não parava de falar, tudo o que conseguiu pensar foi o quão diferente ela era da garota de seu sonho. Mentalmente ele desejou que se parecesse mais com ela. E se sentiu culpado por isso. Da mesma forma que Audrey desejava que seu namorado fosse diferente.

Após o almoço Ben foi cumprir um de seus afazeres reais e responder as cartas que o parabenizavam pela primeira proclamação. E eram muitas endereçadas a ele. Parentes, amigos, amigos de parentes e cidadãos comuns sob seu futuro reinado. Não eram apenas coisas boas porém haviam solicitações e reclamações também. Ao ver aquela pilha enorme de papéis que cobriam a mesa ele resolveu organizá-las por tamanho e remetente. No fim ficou mais fácil começar. Ele foi diretamente para a menor que vinha da Ilha dos Perdidos. Haviam duas apenas. Uma delas era uma carta de solicitação pedindo outra ligação entre os pais e filhos dos vilões que ele havia acolhido a seis meses. Ben a aprovou imediatamente e colocou na cesta de "evitar de volta."

A segunda carta o fez parar o ritmo. Ela era azul clarinho. De um tom familiar que ele já não se lembrava. Por um momento pensou no sonho que teve e imaginou o quão irônico seria se fosse da mesma cor que ele viu enquanto dormia embora já não se lembrasse ao certo se sequer havia alguma cor.

Ben já estava com a mão sobre o lacre vermelho quando o despertador tocou. O garoto o desligou, pôs a carta no bolso e se levantou imediatamente. Havia o colocado ali pois estava na hora do treinamento de Carlos do qual ele não podia esquecer. Ben trocou de roupa colocando algo leve para o futebol e foi para o campo, onde encontrou o garoto que vinha acompanhado do mascote de Auradon. Os dois já estavam muito amigos.

- Está pronto, para hoje?
- Será se a gente não pode pegar leve? Eu não me recuperei bem do último.
- O campeonato vai começar em breve. Não quero ver você no banco.

Carlos bufou e começou a se alongar. O treino terminou às seis horas da noite. Um pouco antes do horário do jantar. Naquela noite eles serviram macarronada ao molho branco. O favorito de Ben que voltou para o dormitório e passou a fazer o seu dever de casa. Somente ali, quando estava sentado novamente, escrevendo, que ele se lembrou da carta de mais cedo. Então foi correndo até a sua calça dobrada dentro do guarda-roupa para pegá-la. Já amassada e amaciada pelo tempo guardada, Ben rasgou o envelope e a pegou. Estava escrita a mão, e dizia.

"Vossa Excelência. É por meio dessa carta que me apresento a você, sou Marya Nyx."

Ben arregalou os olhos. Ele sabia quem ela era. Sabia todas as suas histórias. Ela era amiga da Ursula mas o lance das duas era completamente diferente. Enquanto uma lançou uma maldição na Ariel, a outra atormentava os piratas e marinheiros. Marya era a divindade marinha e líder de um grupo de sereias que naufragava navios, levando a vida dos homens ali. Elas encantavam e hipnotizavam quem passasse com sua voz e seu canto. Antes mesmo que notassem já estavam presos. Porque alguém como ela lhe enviaria uma carta? Ben procurou a resposta no papel.

"Sua nova proclamação, se mostrou gentil, empática e devidamente apropriada, além de fornecer uma oportunidade a aquelas quatro crianças, você trouxe a ideia de justiça e reparação. Justiça essa decretada injustamente devido a sua escolha feita a dedo. Você levou quatro das cinco crianças na idade de entrar no ensino médio, uma delas sendo parte do grupo de Mal. O nome dela é Thalassa Nyx, minha filha. Ela foi deixada para trás pelos amigos por sua causa. Como príncipe o seu primeiro mandado se mostrou injusto para os que restaram e inconsequente. Espero conscientizá-lo do que causou a uma garota inocente."

Junto a aquela carta havia uma foto. Não havia surpresa nenhuma ao ver que era a mesma garota do seu sonho. Somente uma sereia podia seduzir daquela forma.

Bem respondeu a carta e a encaminhou naquela mesma noite da sexta-feira. Ele não podia perder mais tempo.