The Hell I want to stay in

Você está em casa agora

Você ofegava enquanto corria cegamente, fugindo para a escuridão. Aquela criatura horrível estava perseguindo você e não parecia se cansar. Seria o dia da sua morte? Provavelmente seria.

Sua vida desmoronou rápido demais. Um rompimento, uma perda, uma decepção... A sensação de não ter nada, de estar sozinho e desesperado, te jogou para cometer o maior erro da sua vida.

Uma mudança de cenário, era isso que sua mudança para a Europa Oriental seria, uma nova oportunidade de reconstruir sua vida do zero. Você não tinha nada, não deixou nada para trás. Seu coração estava partido e sua carteira estava praticamente vazia. O que você pretendia fazer na Romênia? Você não sabia.

Uma noite, quando você estava descansando em um dos motéis que visitou, você assistiu a um documentário que exaltava as virtudes do país, suas belas paisagens, a majestade de seus castelos, a neve que cobria os campos no inverno. Isso foi o suficiente para você gastar suas economias naquela pequena aventura, uma aventura de se mudar para um novo país, conhecer novas pessoas, com uma vida novinha em folha esperando por você. Só havia dor em sua antiga casa, apenas memórias tristes.

Como você estava delirando ao parar naquele lugar, pensando que estava cansado demais para continuar dirigindo.

Era uma vila pequena e aparentemente tranquila. O castelo que se erguia imponentemente em uma encosta lhe dizia que seria um lugar ideal para passar a noite. Você estava muito enganado.

Enquanto você procurava uma pousada ou algum lugar bucólico para descansar, um rosnado na escuridão o assustou.

Não era um homem, não era um lobo. Era um monstro, um monstro sanguinário, sedento por seu sangue. Apesar de quão incrivelmente irracional sua situação parecia, você não queria esperar para descobrir o truque, a piada de mau gosto que os moradores locais estavam pregando em você. Aquela besta babosa estava perseguindo você implacavelmente. Não podia ser uma piada, ou um disfarce. Você também não queria parar para descobrir. Você se limitou a fugir, a escapar.

Um arranhão terrível percorreu sua perna enquanto você passava pelo que parecia um pomar. Você não sabia com o que tinha se machucado, mas isso não conseguiu impedi-lo. Você se recusou a deixar sua vida acabar daquele jeito, mesmo que uma parte de você quisesse tropeçar e ser devorada por aquele monstro. Sua vida tinha ido para o inferno. Você não entendia por que queria continuar lutando.

Uma velha igreja foi proposta como o melhor refúgio possível para você. A porta estava aberta e isso o aliviou, entrando no prédio e bloqueando a porta com um dos bancos de madeira.

“Porra... Porra...” Você engasgou, se afastando da pequena barricada, que tremia com os ataques daquele monstro.

Mais cedo do que você imaginava, as batidas pararam, causando uma calma assustadora no lugar.

Você pegou seu telefone para pedir ajuda. Foi inútil. Não havia sinal.

Você passou as mãos na cabeça, agachando-se no chão, rosnando de raiva e dor por causa do arranhão na perna.

“O que era aquela coisa?” Você se perguntou, examinando a pequena capela com os olhos.

Misteriosamente, as paredes não tinham crucifixos ou quaisquer símbolos que você reconheceria como religiosos. Ao fundo, havia um estranho altar decorado com algumas fotografias perturbadoras.

Uma mulher com um olhar sério e pálido, mas em parte bela, uma criatura deformada, uma mulher com um véu preto cobrindo o rosto, acompanhada do que parecia uma boneca, e um homem aparentemente normal. A imagem de uma criatura com uma figura feminina e asas negras estava no meio do altar, como se estivesse simulando uma espécie de pássaro noturno, vestido com as roupas de um padre.