Uma pequena ajuda

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Depois daquela tarde maravilhosa, em que você finalmente sucumbiu aos pecados da carne, tudo começou a melhorar pouco a pouco, como se um raio de sol destruísse a escuridão de algumas nuvens em um dia chuvoso. Você não poderia dizer que tudo se deveu àqueles pequenos momentos em que você se deixou levar pela paixão. Não, não era sobre isso, mas sim sobre aquele compromisso silencioso, simples e fácil.

Você quer ficar? Eu quero ficar. Não era uma pergunta estranha para você. Donna estava obcecada em não te perder, então oferecer liberdade a você soava contraditório para ela. Se você tivesse decidido ir embora, quais seriam as consequências? Você certamente morreria, ou... Bem, talvez não. Você confiava em Donna, confiava mesmo, mas os problemas dela estavam além da sua compreensão.

Pesadelos, momentos de alienação mental, terríveis crises de ansiedade. Embora cada vez mais previsíveis, às vezes se tornavam incontroláveis. Você a amava. Tentava acalmá-la, às vezes até... Usava aquele dom curioso que vinha do nada. Não queria pensar que a estava controlando, não era essa sua intenção. Mas se ela conseguia parar de gritar, chorar e quebrar coisas com apenas um toque, você não via problema algum nisso.

Apesar das dificuldades, seu amor por ela não diminuiu. Como se aquela declaração de permanecer naquela casa tivesse sido um sinal de partida, vocês começaram a fazer coisas juntos. Donna lhe ensinou a cozinhar tão bem quanto ela, a tocar quatro músicas simples no piano, a fazer as roupas escuras para aquelas bonecas...

Vocês viveram felizes, mesmo com aquela boneca ciumenta e suas oscilações emocionais. Vocês não seriam uma família sem Angie, é claro.

Claro, as relações com os senhores também mudaram. Era bem comum que uma vez por semana você visitasse Alcina em seu castelo. Parecia que ela estava começando a te apreciar o suficiente para parar de te assediar sexualmente com os olhos. As filhas dela... Bem, elas também tinham uma afeição especial por você.

Depois daquele incidente, eles se tornaram gentis e afetuosos, às vezes até demais. Você sempre tinha que limpar o rosto quando eles exageravam nos abraços.

Fazia muito tempo que você não se sentia parte de algo, de uma… Família… Ou várias… Você tinha sua própria família: Donna e sua boneca Angie. E então você tinha os outros irmãos, cordiais e amigáveis ​​sem que você lhes desse qualquer razão além de serem você mesmo.

Mas nem tudo era bom. Aquela bruxa nojenta, Miranda. Ela não deu sinais de vida durante aquele mês. Ela estava tramando algo, algo que nem mesmo seus filhos sabiam. Claro, seu segredo estava seguro sob a custódia de Donna. Você se sentiu terrivelmente mal quando percebeu que podia confiar nela mais do que pensava.

“Ei, por que cinza ou preto?” Você perguntou, colocando um vestido recém-feito em uma boneca de porcelana brilhante.

“Bem... É... Meu estilo”, disse Donna, terminando de rever o contorno dos olhos de uma cabeça sem dono.

“Bom, seu estilo é muito chato”, você disse, fazendo-a olhar para você bruscamente e você colocando suas mãos visíveis como um sinal de desculpas. “Eu não quis dizer isso…”

“Não se preocupe, eu não fiquei brava...” Ela disse, franzindo a testa.

“Ah, sim, tenho certeza que não...” Você disse sarcasticamente, deixando aquela boneca nova e brilhante ao lado das outras.

“Então por que é chato? Vamos ver, como você os faria?” Donna perguntou, cruzando os braços. Ela não parecia realmente brava, mas estava curiosa para saber a resposta.

“Bom, cor não faria mal a eles. Olha aquele palhaço... É deprimente...” Você disse apontando para aquela boneca cinza.

“Sabe de uma coisa?” A moça de preto disse, levantando-se, procurando algo em uma gaveta. “Surpreenda-me, Eveline, pegue esses tecidos.”

The Hell I want to stay inOnde histórias criam vida. Descubra agora