GABRIEL
MEDINAEla estava surreal. Eu achei que eu estivesse bem, seguro, confiante sobre mantê-la afastada... até ela aparecer bem na minha frente.
Não consegui formular nada que não fosse apenas um "Oi" baixinho. A sensação foi a mesma de quando eu era uma criança tímida de 9 anos, acuado, inseguro sem experiência nenhuma com nada.
Ela sempre foi muito mais em tudo: ela era melhor no surfe, era a mais brava, a mais confiante, tinha muito mais presença que eu. Enquanto eu ficava no meu canto, falava poucas coisas com poucas pessoas, ela já chegava com um sorriso enorme no rosto, falava com todo mundo, até pelos cotovelos, esbanjava simpatia e ainda era super engraçada.
A única garota entre todos os meninos que ficavam na praia surfando até o fim da tarde, e o único motivo que me fez continuar indo pra praia surfar ao invés de passar o tempo jogando futebol. Acho que devo muito a ela já que hoje estou onde estou — e ao Charlão também que puxava minha orelha.
Mesmo sendo a única garota, ela parecia uma bonequinha. Era super feminina, todas suas pranchas eram rosa, assim como seus leashs que tinham um lacinho rosa em quase todos. Ela sempre teve uma energia surreal e nunca deixou nenhum garoto mexer com ela, deixar ela de fora das brincadeiras ou desmerecê-la. Ela sempre foi forte, decidida e energética. Foi fácil me apaixonar por ela. No começo, achava que era coisa de criança, bobinho, ingênuo, mas com o passar dos anos, mesmo com o seu afastamento, meu sentimento foi só amadurecendo.
E era um sentimento que eu sabia que ia me acompanhar a vida toda, o que era muito frustrante já que eu procurava encontrá-la em qualquer mulher que eu me envolvia, por isso nenhuma relação minha ia pra frente.
Vê-la ali, em carne e osso, na minha frente, só confirmou todo o meu sentimento. Sempre foi ela, e sempre seria, mesmo que não estivéssemos de fato juntos.
Eu queria apertar ela e nunca mais soltar, queria te dar um beijo demorado, sentir seu cheiro, mexer em seus cabelos, mas eu ainda tinha um pouco de rancor em mim, e eu sabia que isso era horrível, mas não conseguia mudar.
Porra! Ela podia pelo menos ter me procurado em Maresias, ter me seguido no Instagram, pegado meu número com alguém próximo, me cumprimentado em algum outro campeonato, sei lá!
Eu sentia que ela não queria contato comigo, por isso a procurei poucas vezes, e, sem respostas, resolvi respeitar seu desejo de se manter afastada. Mas eu estava sempre buscando um jeito de saber como ela estava. Será que ela também fazia isso por mim? Sempre me perguntei.
Quando eu a abracei, por míseros segundos, meu mundo parou e eu desejei que ficasse daquele jeito, mas eu tinha que voltar a realidade.
Fui ali com um objetivo, e eu não iria perder meu foco.
— Mas perai — disse Pedro fazendo uma pausa dramática, olhando para o nada. — Então vocês são casados!? — Eu ri junto de Filipe e João. Estávamos sentados no meio do mato, tipo, literalmente.
Como Teahupo'o tinha um vilarejo pequenininho, cercado por mato, montanhas e água, nós resolvemos dar uma volta e parar por algum lugar ali perto.
— Não né, Scooby — disse ainda rindo um pouco. — A gente era criança, pô. — expliquei. Scooby sabia que eu e Nayama já nos conhecíamos desde pequenos, então ele entrou no assunto e eu acabei contato da vez que nos casamos de brincadeira na areia da praia.
— Mas brincar de casar é muito sério — ele disse com uma expressão realmente séria. João simplesmente não conseguia parar de rir.
O foda de estar com o Pedro era isso, o cara era a própria marola, a gente não precisava de nada ilícito pra sentir a onda.
— E você ainda foi lá e casou outra vez, com outra mulher — ele disse completando os fatos. Eu ri fazendo que sim com a cabeça. — Porra cara, isso é crime, canalha! — ele disse com aquele sotaque carioca dele. Chumbinho estava a beira de um ataque de tanto que ria.
— Se amar demais for crime... — brinquei levantando as mãos em rendição.
— Caralho, irmão — ele disse me encarando, tentando raciocinar as coisas.
Ficamos zoando e conversando por mais uns 40 minutos até nos despedirmos de Scooby e voltarmos para casa. Já era noite e as meninas estavam dormindo. Foi um dia cansativo pelas viagens longas, então era justificável.
Logo eu e os moleques também fomos tomar banho e dormir, afinal, amanhã tudo começava e precisávamos de muita energia pra tornar toda aquela loucura realidade.
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𝒐𝒄𝒆𝒂𝒏𝒐, gabriel medina.
FanfictionAté onde você iria por amor? Gabriel Medina e Nayama Suassuna atravessaram oceanos por um amor em comum: o surfe. Mas não era somente o sentimento forte pelo esporte que eles teriam que lidar. Depois de anos sem se verem, o destino os reuniu nas águ...