Estava errada e você não tem que me perdoar.

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NAYAMA
SUASSUNA

Por questões climáticas relacionadas ao vento as estapas acabaram sendo adiadas por uns dias, mas não nos trouxe descanso, de fato.

Aproveitamos para pegar umas ondas por conta própria, treinar e focar na fisioterapia também. No nosso tempo livre, jogávamos ping pong ou altinha no quintal e Scooby sempre vinha nos visitar e resenhar com a gente.

Foram dias bem tranquilos, exceto entre eu e Gabriel.

Não bastava só estar me ignorando diretamente, ainda trocava farpas vez ou outra comigo.

Eu sabia que ele não era assim, de fato, mas ele parecia estar incomodado com algo entre nós dois e eu sinceramente não fazia ideia do quê. A gente não se via a mais de 20 anos, nem sequer poderíamos dizer que nos conhecíamos de verdade já que crescemos sem contato algum.

Eu era muito orgulhosa, e, pelo visto, Gabriel também. Eu não queria chegar nele e pedir pra ele esclarecer as coisas, e eu percebi que ele também não queria, mas eu sempre sentia os olhares dele em cima de mim.

Bati na porta do banheiro várias vezes. Medina estava lá dentro tomando banho, mas demorava uma vida toda.

Tinham dois banheiros, um para as mulheres e um para os homens, mas o chuveiro só poderia ser ligado um de cada vez.

— Caralho, não é só você que precisa tomar banho, Gabriel — reclamei do lado de fora e ouvi a porta destrancar.

Ele saiu do banheiro, só de bermuda, e com a toalha no ombro. Seu cabelo estava um pouco molhado e alguns pingos de água caíam em seu peitoral e costas desnudos.

Ele me encarou fervorosamente, de cara fechada, contornou meu corpo e foi para o seu quarto.

Eu revirei os olhos com força e entrei no banheiro ao lado. Ele estava sendo muito infantil e isso me irritava mais do que eu poderia descrever.

Mas algo em mim não conseguia tirar ele da cabeça nem por um segundo: quanto mais ele me ignorava e se mostrava indiferente, mais eu ficava obcecada por ele.

🌊

Acordei cedo no dia seguinte, eram cinco e quinze quando eu já estava de pé. Sem fome e sem sono, encontrei Gabriel na sala de fisioterapia e resolvi não falar nada. Ele fazia alguns exercícios de mobilidade, core e alongamento e eu só resolvi fazer alguns movimentos de yoga.

O som estava por conta da natureza: o barulho das ondas quebrando longe, os pássaros cantando e o vento balançando as árvores.

Fechei meus olhos em meio a um exercícios, sentindo a brisa bater em meu rosto e eu respirar fundo, inalando o cheiro das plantas.

— Bom dia pra você também — disse ele, o que me fez abrir os olhos rapidamente, sem quebrar a pose de yoga em que estava.

Ele se levantou, guardou o colchonete que usava e saiu do ambiente.

Minha obsessão estava prestes a virar raiva naquele momento, mas resolvi ignorar suas ações infantis e seguir com meu momento de concentração.

Por causa da etapa três ter sido adiada, as mulheres teriam praticamente mais 3 dias de preparação até a próxima e quartas de final, eu precisava me concentrar pra poder entregar o melhor de mim. Meu pai havia chego hoje e eu definitivamente não queria decepcioná-lo em nada.

𝒐𝒄𝒆𝒂𝒏𝒐, gabriel medina.Onde histórias criam vida. Descubra agora