POV KUROO:
A cena que eu presenciei foi a pior de todas.
Eu não consegui nem gritar.
Apenas corri até o corpo que fora jogado a metros de distância de onde estava.
Chegando pertinho, pude ver muito sangue escorrendo diretamente de seu couro cabeludo, a raiz castanha aos poucos ficando vermelha.— Não, não, não. Kenma, por favor, não. — Ignorando completamente tudo que era dito sobre "não tocar no corpo" após um acidente, fui desesperadamente sentir seu pulso.
Eu não senti. Kenma não tinha mais batimentos.
— Não faz isso comigo, por favor, o meu amor não, por favor..
Meu corpo inteiro tremia, retirei meu celular do bolso e disquei emergência, em menos de 10 minutos já estavam no local e me afastavam do corpo de Kenma.
— Por favor, faz ele voltar, faz ele respirar por favor, vamos ter um bebê, ele ta grávido. — Eu falava chorando copiosamente. — Só faz o coração dele bater de novo, por favor!— Vamos fazer o possível, rapaz. O ferimento foi bem grave em uma área bem delicada. — O enfermeiro ditou e se afastou.
Já preparavam os equipamentos para o segundo choque no peito de Kemma.
Foi uma tentativa.
Foram duas.
Três.
— Não temos mais o que fazer. — O olhar do enfermeiro encontrou o meu. — Qual a hora da morte?
— 22:57.
— NÃO! — Gritei. Corri até Kenma e instantaneamente comecei um RPC.
— Garoto, não adianta. Infelizmente ele não resist-
— Cala a porra da boca e trata de fazer mais uma tentativa. — Cara a cara com o enfermeiro, as lágrimas ainda escorriam, porém eu não gritei desta vez. — O Kenma jamais me deixaria assim, do nada. Ele ainda nem lançou o próprio jogo, acha mesmo que ele morreria assim?
— Prepare o equipamento novamente. — Ditou ele. — Afaste-se garoto.
Com o choque dado diretamente no peito de Kenma e com o aparelho em seu dedo que conectava com o aparelho de sinais vitais, eu jamais pensei que agradeceria tanto por ouvir aquele bip tão aguardado.
— Temos sinais, coloquem ele na ambulância diretamente para UTI. — Todos começaram a agir com muito cuidado e rapidez. — Você vem também garoto?
— Claro. — Entrando na ambulância e sentando ao lado da maca de Kenma -que agora estava repleto de tubos e aparelhos respiratórios- acariciei seus cabelos e apreciei seu rosto sereno com os olhos fechados, poderia dizer que ele estava apenas dormindo, vou acreditar nisso. — Você foi muito bem, gatinho. — As lágrimas voltando aos meus olhos, me aproximei devagar de seu rosto e deixei um selar em sua testa. — Você não pode me deixar, Kenma, você não tem esse direito. Vamos casar, lembra? Vamos conhecer Bariloche e o Rio de Janeiro, como você sempre quis, preciso de você comigo, gatinho.. — Minha mão segurava a sua fortemente.
(...)
Já faziam mais de três horas que estávamos eu e os pais de Kenma na sala de espera, até que finalmente o médico responsável apareceu.
— São parentes de Kozume Kenma?
— Sim! Somos sim! Como ele está? — Perguntou a mãe de Kenma.
— Prazer, sou doutor Kobayashi e não tenho noticias muito boas. — Meu coração parecia que iria saltar do peito. — Kenma chegou aqui em um estado muito crítico, o corte logo acima de onde um dia esteve sua moleira fora realmente muito fundo. Foi perdido muito sangue, além de clavícula fraturada e perna quebrada, Kenma também sofreu um aborto. — Minha ansiedade já não era mais controlável e mesmo sem falar nada, as lágrimas continuavam a descer. — O baque do corpo de Kenma com o carro e logo após com o chão foram muito fortes. Kenma está em coma.
"Kenma está em coma"
"Kenma também sofreu um aborto"
"Kenma está em coma"
"Kenma também sofreu um aborto"
Essas frases continuavam a ecoar em minha mente, me deixando atônito e eu não conseguia prestar atenção em mais nada a minha volta.
— Doutor, será que eu posso vê-lo? — Perguntei sem me importar se a pergunta tinha algo a ver com o que falavam.
— Claro, ele está no quarto pós cirurgia, me acompanhe.
— Me perdoe, Kozume-san, mas eu preciso ver ele o quanto antes. — Minha palavra foi dirigida a minha sogra e apenas esperei sua confirmação.
— Querido, não tem porquê se desculpar. Estou vendo no seu rostinho que a preocupação e desespero estão onipresentes em você, vá vê-lo, você precisa. Vamos logo após. — Ela fez um carinho singelo em minha bochecha.
Saímos eu e o doutor em direção a ala pós cirurgia.
(..)
Assim que entrei no quarto, pude ver Kenma na maca.
Havia um tubo em sua boca, conectado à aparelhos provavelmente respiratórios, já haviam colocado uma sonda em seu nariz e tanto a perna, como região do pescoço estavam enfaixadas, além do grande curativo feito em sua cabeça.Me aproximei devagarinho e deixei um beijo em seus cabelos.
— Oi meu amor, você 'tá vivo. — Ainda com o rosto encostado em sua cabeça, voltei a chorar. — Graças a Deus você continua comigo, porém Ele precisava da nossa estrelinha lá em cima com Ele. Me perdoa, eu jamais deveria ter discutido com você, jamais deveria ter saído daquela maneira, dito o que disse e jamais deveria ter ignorado suas ligações. — A dor e culpa de ser o causador dessa situação me corroía. — Você foi o melhor que me aconteceu em 18 anos de vida, quando você acordar, vou estar aqui, juro que nunca mais vou sair do seu lado. — Juntei meu mindinho com o dele e beijei a mão fechada. — Promessa do dedinho, quem descumprir terá que engolir mil agulhas.
— Kuroo Tetsurou? Tudo bem? — Doutor Kobayashi entrou no quarto.
— Ah, sim, tudo bem sim, doutor.
— Não pude deixar de ouvir a última parte de sua promessa, preciso lhe dizer algo. — Ele se aproxima de mim com uma prancheta.
— Diz pra mim que ele acorda amanhã, por favor, me diz algo 'pra eu ficar feliz, doutor. — De frente para o médico, mas ainda encarava Kenma na cama.
— Temo não ser essa a notícia. — O olhar dele carregava pena. — Não temos previsão para quando Kenma acorde, pode levar dias, meses, anos. Em casos assim, pedimos para as famílias se prepararem para o pior pois na maioria das vezes as vidas são sustentadas apenas por aparelhos médicos, também não temos certeza se, caso ele acorde, se lembre de algo.
— "Se caso" não, doutor, ele vai acordar. Ele é forte e se lembrará de mim. — Voltei meu olhar para Kenma.
— Admiro sua esperança rapaz. — Disse se afastando. — Pode ficar a vontade, daqui a pouco eu volto para trocar a sonda dele. — Saiu do quarto.
Voltando para perto da cama, segurei novamente sua mão.
— Vou te esperar, meu amor! Por quanto tempo for necessário.
CONTINUA
Próximo cap não sei quando.
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One More Chance - Kuroken
RomanceEle precisava de "mais uma chance", Kenma o daria?