Obscuration

The sun and the moon

Uma neblina começa a tomar conta da cidade. Uma besta muito maior que antes aparece e agora está com diversas cabeças incluindo desde Valéria, a mãe da menina coelha e outros tantos do abrigo. Os ratos começam a enfiar as lanças uns nos outros começando a gargalhar. Victor tampa os ouvidos e começa a chorar traumatizado.
—  Mas o que está acontecendo? —  Lucca diz olhando o cenário caótico —  Existe algum modo de acordar ele daquela coisa ao menos?
— Nós precisamos fazer ele engolir isso —  Manske mostra uma ampola verde — Ao curar a doença retornará.
— E como faremos isso? Colocamos nas costas de um rato e esperamos ele comer?
— Não existe outra opção, meu tempo está acabando — Manske observa em choque Pris e todos. Ele observa a criatura e faz um círculo com lodo em torno de si. Seus olhos começam a se movimentar em todas as direções e o tempo parece acelerado quase como se pudesse ver tudo ao seu redor numa velocidade inimaginável. O mundo fica preto e um ser vestindo um manto com asas gigantescas e uma auréola aparece com seus enormes chifres e caveira de lobo. A criatura começa a entrar dentro de Victor pela boca, olhos e todos os buracos do corpo enquanto o cadáver de Manske cai no chão.
—  Ahr...
—  Claro que não —  Victor diz respirando freneticamente depois do que viu — A gente precisa forçar ele a engolir.
—  Isso significa que vai ser mais difícil do que pensávamos —  Victor começa a dar saltinhos sentindo como se estivesse extremamente vivo —  Tem aquela luva? É hora de usar — Victor começa a se aquecer —  Porque o pau vai torar gatinha.
— E qual é o seu plano? —  Lucca pega a ampola.
—  A gente vai lá e salva ele como nos filmes —  Victor tira uma selfie com Lucca e a criatura no fundo —  E depois você já sabe.
Victor atrai a espada de Mordecai que foi refeita e amaldiçoada por completo, fazendo reluzir o brilho do símbolo do sol no céu. Ele se prepara numa posição segurando o cabo da katana e com uma velocidade colossal sua perna avança explodindo o solo, ultrapassando o que parece o infinito, pi e números irracionais juntos cortando atomicamente a criatura a fazendo virar pó.
Uma fumaça gira em espiral e a criatura aparece novamente pisoteando tudo pelo caminho, destruindo a carruagem de Giacomo.
—  O'Que!? —  Victor grita —  Tá de sacanagem meu paizinho.
O gato olha para eles, atraído pelo ataque.
—  Olá garota — Ele surge a partir do chão atrás de Lucca —  Eu conheço você — Ele a envolve com a cauda —  Me alegra ver que meu jantar veio me ver.
Victor lança a criatura em direção ao sol com um impulso e pousa do lado de Lucca.
— Seguinte coisa feia — Victor chega sorridente — qual seu objetivo nisso tudo?
— Cale-se —  Ele move sua mão fazendo um buraco se abrir abaixo de Victor, onde uma mão o puxa.
— Você me dá nojo — Lucca diz com dificuldade enquanto é erguida.
— Saí do meu pé jacaré — Suas asas voam e Victor fica de cabeça para baixo no céu —  Por que não mexe com alguém do seu tamanho? Ah é verdade —  Victor faz um som de peido com a boca — O gatinho só sabe ficar com as presas fáceis que feio... Tome — Victor lança um projétil de lodo junto a um pau de madeira — Se dona Chica souber disso hein
O gato abre um buraco em seu corpo, por onde o projétil passa. Ele olha para Victor com desprezo.
Robert vê o gato demoníaco com Lucca e percebe que ele está em perigo. Ele rapidamente olha ao redor, tentando encontrar uma maneira de salvar Lucca. Finalmente, ele vê um grande tentáculo de terra que se aproxima deles.
— Espera! Eu tenho um plano! —  Robert olha para Lucca, percebendo que ela está presa no ar e vulnerável. Ele respira fundo e se concentra, preparando-se para salvar ela.
— Eu vou te tirar daqui! Apenas mantenha a calma.
Robert começa a se mexer rapidamente, tentando se aproximar do casulo sem ser visto pelo gato. Ele se esconde atrás de uma mesa próxima e espera até que o momento seja propício.
—  Estou quase lá...
— Você é tão irritante quanto esse moleque que possuo, se ponha em seu lugar coadjuvante —  Uma energia pesada como se fosse o fundo do mar mais profundo toma conta de todo o campo.
— Ain papai que meda — Victor faz vários esqueletos começarem a surgir do chão e segurar o gato tentando afundar ele no lodo.
Ele olha para os esqueletos e espira uma névoa densa, que derrete tudo que toca.
Uma águia de sangue acerta Lucca por trás e uma voz sussurra em sua cabeça.
— Faça bom proveito —  Kenji diz —  Mulher.
Durante o xadrez, os olhos de Mordecai ficam completamente pretos. Lucca agora está se sentindo extremamente forte fisicamente e sente como se cada ordem tivesse um valor a ser seguido. Você também consegue por algum motivo enxergar o passado e coisas que aconteceram quase como se fosse uma história.
— Cuidado Lucca! —  Victor grita — Não inale isso!
Os guardas que pararam de se matar agora estão derretendo por completo. O ouro não aguenta a toxina e o castelo começa a desmoronar.
—  O que está esperando? Me coma logo! Você é igual o Lyrilvy, se esquece do mundo quando algo chama a atenção.
O ar de repente fica parado. Como se um vídeo fosse pausado. A realidade ao redor se distorce, como inúmeras espirais corressem de um lado para outro. Seu corpo fica como se estivesse com falhas, seus olhos foto negativos brilhavam fortemente. Ele avança em sua direção como uma locomotiva.
—  Tsc —  Kenji saí do corpo e taca Lucca no chão quebrando a terra — Vocês são uns inúteis mesmo. Eu faço isso — Kenji se move e enfia pela goela a ampola, fazendo a gravidade não deixar o gato se mover. Ele estala os dedos e teleporta Néfelos para Karayan —  Seja bem-vindo a sua nova casa pela eternidade na pior região. Acordo cumprido —  Kenji se desfaz nas sombras e um gato sorridente aparece atrás de Néfelos.
—  Hey, você tá Bem? — Victor estende as patas ajudando Lucca a se levantar.
—  Estou viva - Ela se levanta irritada.
—  Nós precisamos ajudar Mordecai —  diz Victor —  Lucca viu o que Mordecai não testemunhou, pois teve contato com o Kenji. Ela já sabe a resposta.
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Enquanto moviam as peças, Mattyyas criava lentamente uma lâmina, de modo que não pudesse ser notada pelos sentidos.
Mordecai continua jogando tranquilamente como se já soubesse como as coisas fossem terminar."
— Veja só —  Mordecai sorri de canto de boca —  Parece que eu ganhei por abandono.
Os encapuzados colocam o relógio de Mordecai e a lua e começam o ritual. Por um momento, uma grande onda de expectativa tomou conta dos homens, até que de repente o relógio se desmaterializou também.
— Mas ainda que seja um abandono —  Mordecai estica as patas —  quero propor um empate.
—  É claro —  Ele estica sua mão em cumprimento, enquanto a lâmina vinha em direção ao pulmão de Mordecai.
Mordecai cumprimenta Mattyas e a lâmina ultrapassa o pulmão de Mordecai sujando todo o tabuleiro de sangue.
— O resto deixo com você —  Mordecai encosta a cabeça na poltrona enquanto as luzes da IA se apagam.
— Danos sérios detectados —  A IA diz —  Atividade cerebral diminuindo.
Nos seus últimos momentos, Mordecai lembra do abraço que recebeu de Lyrilvy e como não teve coragem de o abraçar e ter de encarar Lucca sob os ombros. Em sua visão ele enxerga Priscila, Valéria e Manske que o chamam.
—  Como foi? —  Pris senta ao lado de Mordecai.
— Foi a melhor partida de xadrez do mundo —  Mordecai olha cansado para o teto —  E no fim só eu me diverti jogando.
— Aquele homem, o Mattyas —  Mordecai balança a cauda que treme —  Nunca conheceu o amor de um pai assim como eu.
—  Espero que meus únicos amigos —  Mordecai suspira —  consigam salvar ele...
— Usuário morto —  a IA diz — Desligando sala de realidade avançada.
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—  Você tá bem cara? —  Victor começa a balançar Lyrilvy - Acorda oh!
—  Para de me balançar, minha cabeça está uma zona —  Lyrilvy resmunga, ainda deitado. Ele se senta calmamente enquanto olha para baixo, com dor nos olhos pela luz do sol. Era como se tivesse acabado de acordar, o que não estava errado.
— Se não for incomodar, poderia me emprestar umas roupas?
—  Seu desgraçado —  Lucca abraça Lyrilvy.
Robert com a pele completamente danificada e bastante derretida, enterra o corpo de Manske com uma pá. Ele se apoia na lápide e observa o símbolo se desfazer no mesmo instante que a energia do planeta volta por completo.
—  Operação Ucrânia —  Robert sussurrava —  Então era isso que tinha acontecido lá.
—  Vem cá garoto —  Robert chama por Victor.
—  Eu tenho itens de medicina que o Senhor me deu — Victor retira completamente frustrado tentando enfaixar e passar as coisas —  Por favor, você não pode morrer aqui. É tarde demais para mim, meus órgãos vão virar gelatina — Robert fecha as mãos orando por Manske e todos os membros da OA.
—  Me escuta, eu posso te dar essa coisa! —  Victor começa a surrar Robert no peito —  Eu dou minha vida!
— Shh...— Robert tampa a boca de Victor —  Você fala demais.
—  Me lembra aquela raposa —  Robert sorri — A única viva e humana além do lobo que me tocou.
Victor fica em posição fetal em cima da lápide.
—  Victor — Lucca o chama — Você sabe tão bem quanto eu, precisamos ir até a fonte.
—  O'Que nós conseguimos com isso? —  Victor olha Lucca — Vamos atrás do Doutor Mordecai primeiro —  Ele começa a correr em direção ao castelo, enquanto Lucca e Lyrilvy o seguem.
— O que é isso? —  Victor pega uma espada com os ditos 'Excalibur' na mão.
—  Provavelmente é do Mordo - Lyrilvy responde
— Como você tem tanta certeza? —  Victor guarda junto com a espada original de Mordecai que foi misturada a katana de Esposito —  Nós precisamos confirmar com ele.
—  É só uma teoria —  Lyrilvy observa o cenário.
— Nós precisamos ir para o subsolo —  Victor começa a tentar tirar os escombros se machucando.
—  Victor pará —  Lucca o segura pelos braços —  Se acalma, respira. Não luta com seu coração, deixa ele falar.
—  Falar!? — Victor olha para os dois —  Você matou meu amigo, aquela pantera matou meu amigo, o que você quer mais de mim? Será que já não me meti o suficiente nas merdas de vocês dois? — Victor empurra Lucca no chão — Seu chefe está soterrado e você age como se tudo estivesse normal? NÃO ESTÁ NADA NORMAL! — Victor segura a cabeça respirando rápido —  Agora estou ouvindo vozes por causa daquele estúpido do crucifixo. Mataram todos os meus homens —  Victor morde os dedos —  E quando acho que ele tinha algo de bom o cara me deixa aqui.
— Vic —  Lucca é interrompida por Lyrilvy, que faz sinal de silêncio para ela e apontando para seus ouvidos, como se dissesse "apenas o escute agora".
— Você deveria se sentir grato — Victor olha para Lyrilvy cerrando os punhos —  Tudo isso aconteceu por você e para você —  Victor começa a andar em direção a floresta.
— Eu estou — Lyrilvy responde
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As notícias depois daquele dia passaram a comentar sobre o misterioso apagão global. Muitos lugares sofreram ataques, mas nenhuma explicação foi dada pelas autoridades.
Victor, agora com uma parte da orelha com o brinco do crucifixo de prata e outra crucifixo dourado, encara a lápide de Esposito e todo o seu pelotão. Ao lado está a de Mordecai, Priscila, Valéria, Robert e todos os membros da organização Olho de Águia. A chuva não para de cair sob o guarda chuva da Hiena.
Lucca se aproxima em silêncio, usando uma capa de chuva. Ela coloca uma camisa do time de futebol favorito de Priscila em sua lápide.
—  Eu queria te dar isso no seu aniversário —  Ela sussurra.
Lyrilvy aparece ao lado de Lucca, usando uma capa de chuva. Ele se mantém em silêncio, apenas olhando as lápides. Após uns minutos, ele se vira para ir embora.
— Você vai mesmo atrás dele? — Lucca pergunta
— Vou... Fazer uma visita a um amigo antigo. Vocês vão para algum lugar?
—  Eu pretendo me ausentar e visitar uns lugares que não sejam a terra —  Victor diz —  Só quero ir para um lugar distante e nunca mais voltar.
—  Boa sorte, obrigado por tudo, de verdade —  Lyrilvy tira seu capuz —  Talvez nos encontremos no futuro.
—  Acredito que vamos —  Lucca respondeu.
Eles seguiram seus caminhos separados na floresta, e conforme seus passos ficavam distantes, a memória do que um dia já foram também se afastava.