CLOSE - BYLER

fourteen

Michael estava em seu quarto, arrumando sua prateleira — que permanecia acima de sua cama — assim como sua mãe havia pedido.

— Caramba, eu não lembrava de ter tudo isso de HQ! — disse para si mesmo, observando a quantidade de quadrinhos que estavam organizados em fileiras.

O garoto estranhou, porque de fato não possuía aquele tanto de livros. Até se lembrar de uma coisa. Para ser mais exato, uma pessoa.

*flashback on*

— Esses foram os meus favoritos! — Mike apontava para meia dúzia de HQs que permaneciam em cima de sua cama.

— Olha, se você quiser, pode ficar com você. Eu não curto muito essa edição. — Will empurrava os objetos para frente.

— Jura? Não vai fazer falta?

— Sério! Eu quase não leio. As aranhas estavam criando logo uma mansão entre eles! — riu breve.

— Obrigado, Willy! — Deu um abraço forte no menor, que retribuiu logo em seguida.

Se separaram. Mike olhara nos olhos verdes que estavam em sua frente. Segurando sua mão, soltou a seguinte frase:

— Você é o melhor amigo que alguém pode ter, Will. Eu te amo muito, não sei o que eu faria sem você.

— Está dizendo isso porque eu te dei a edição completa de um quadrinho? — riu fraco.

— O quê? Óbvio que não! Você é a pessoa mais especial desse mundo. Eu não te deixaria por nadinha! Olha, Will... Eu quero ficar com você até o dia que um de "nois morrer!" — apertou a mão alheia.

— Você promete?

— Nunca vou te deixar. Eu prometo.

— Eu te amo, Michael Wheeler. — sorriu.

— Eu amo mais, William Byers.

*flashback off*

Sem perceber, uma lágrima que estava pendente em um de seus olhos, escorria em suas bochechas pálidas. Tinha em suas mãos seu quadrinho favorito, que Will havia lhe dado.

Oh, como sentia falta de seu baixinho. Apenas queria sua companhia ali mesmo.

Se sentia culpado por ter afastado os dois.

Mike só gostaria de voltar como era antes: dois melhores amigos com amor e afeto a serem demonstrados.

...

Will estava deitado na sala, assistindo televisão com seu irmão, Jonathan.

— Ei. — O maior o chamou.

O pequeno apenas murmurou um "hum?".

— Aconteceu alguma coisa?

— Que coisa? — arqueou as sobrancelhas.

— Ah, nada. É que... Nunca mais vi você e o... Mike.

— A gente... Só "deu um tempo".

— O quê?...

— Não! Não desse jeito. — se levantou. — Mike parece estar... Enjoando de mim. — engoliu seco.

— Como assim? — encarou o menor.

Estava controlando as lágrimas teimosas que ameaçavam escorrer de seus olhos.

— Jonathan... Eu s-sinto falta do Mike. Ele não fala mais comigo, ele começou a me ignorar...

— Ei, 'tá tudo bem... Eu tô aqui. — segurou nos ombros alheios.

— Não, Jonathan. Não 'tá tudo bem. Você não entenderia. — sentiu uma lágrima escorrendo.

— Você sabe que pode falar comigo... Sabe, não é?

O menor começou a ficar ofegante. Seu peito subia e descia rapidamente. Seus olhos lacrimejavam cada vez mais. Os punhos se fecharam.

Seu irmão já sabia o que estava prestes a acontecer.

— JONATHAN, ELE PROMETEU! ELE PROMETEU! ELE PROMETEU! ELE PROMETEU! ELE PROMETEU! — Gritava, batendo seus braços contra as almofadas do sofá.

— EI, EI! SE ACALMA... RESPIRA. — Envolvia o pequeno Will em seus braços, na tentativa de amenizar seu surto.

— ELE PROMETEU, JONATHAN! ELE PROMETEU... ELE PROMETEU... Ele prometeu... Ele prometeu. — Neste ponto, seu rosto já estava encharcado por lágrimas salgadas. Seu nariz e olhos vermelhos.

"Nunca vou te deixar. Eu prometo."

Sem saberem, ambos garotos haviam chorado um pelo outro, no mesmo dia, na mesma tarde.