Tal vez mañana.

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10 meses antes..

Acordei com a cortina meio aberta e o sol ardendo meus olhos, poderia estar de mau humor mas quando virei na cama e vi ele.. Impossível qualquer sol, meteoro ou acontecimento me deixar sem vontade de encher esse rosto de beijos. Fiquei admirando por alguns pequenos minutos o meu anjo que dormia tranquilamente com a barba mal feita e os cachinhos bagunçados, do jeito que eu gosto.

— Vai tirar uma foto? - disse ele de olhos fechados, abusado e engraçado como sempre. Ri e coloquei as mãos no rosto, sim, ele ainda conseguia me deixar envergonhada. - Sabe que pode me olhar por quanto tempo quiser e desejo que sempre por muito tempo, até cansar dessa cara amassada.

— Impossível cansar dela, mas vou tentar só pro ego do senhor dar uma baixada... - Ucker riu enquanto me puxava na cama, pra perto, tão perto que quase esqueci que existiam dois corpos ali. - As intenções nessa conchinha são puras? Já senti algo aqui em baixo..

— Sempre as mais puras, mas com você aqui é difícil controlar.

— Vai Christopher, a gente tem ensaio - tentava me livrar dos braços daquele homem que sinceramente me teria inteira o dia inteiro em uma cama, apenas sendo dele.

— Nããoo.. - com voz de bebê e cara de criança que se nega a ir pra escola.- Mais dez minutos?

— Enquanto eu vou me arrumando e indo pro meu quarto? Perfeito. - sabia que os 10 minutos eram comigo, mas nem Pedro e nem os outros poderiam imaginar que dormimos juntos então fui enfática, pois alguém aqui tem que ser seria diante uma voz de bebê e uma carinha de criança pedindo mais tempo na cama.

Nossos dias andavam sendo assim. Não sei como explicar, não sei ao menos como me sinto, apenas me sinto. De olhares, de mãos amigas, de tanto evitar, de tanto compor sobre ele e sentir que ele estava ali por mim, nos rendemos. Somos produtos e como produtos não estamos livres para sair de mãos dadas ou assumir algo publicamente.
Vendemos mais estando solteiros, isso alimenta o sonho das fãs, isso faz com que a marca RBD venda mais. Vender, vender, vender. Sinto que sou uma barbie presa dentro da sua caixa, abafando todo e qualquer sentimento.
Já no meu quarto, tomei uma ducha rápida enquanto pensava e deixava esses pensamentos infelizmente ultrapassarem a noite passada que foi tudo o que eu precisava: Ele, vinho e uma pizza. Apenas nós dois.

Escuto batidas na porta e sendo sincera? Sinto que é problema. Não sei se é por sentir tudo até o âmago, mas até o som das coisas me diz sobre a sensação delas, talvez ninguém entenda isso.
Abri e dei de cara com Pedro e uma expressão nada feliz.

— Existem câmeras, seguranças, camareiras.... Uma nota vazada sobre Dulce Maria saindo do quarto de Christopher Uckermann e estamos ferrados, Dulce.

Engoli seco tudo o que gostaria de dizer e também uma vontade súbita de chorar.

— Desculpa. A culpa foi completamente minha e não vai se repetir, sei a seriedade disso e... Desculpa, Pedro. - disse enquanto dobrava algumas roupas, sem olhar nos olhos dele pois sabia que desmontaria.

— Vocês são como filhos pra mim, sabe que cuido de vocês e quero o melhor pra vocês. Sempre. - disse ele em um abraço de lado e sempre terminando esse tipo de conversa em um aspecto carinhoso, que inclusive me deixava sentir culpada.

Meus devaneios e paixões são fortes, mas nunca como o que sinto pelo Christopher. Por ele deixaria tudo e iria o mais longe possivel, mas estamos vivendo uma "lua de mel" apaixonada e eu ao menos sei o que ele realmente sente, penso que evitamos esse assunto pois remete a lembrança de que não podemos estar juntos.
Depois que Pedro saiu do quarto, coloquei uma regata verde, meu colar com símbolo da paz (ele quase anda sozinho), uma saia e um tênis pra ensaiar.
O ultimo show ainda tá longe, mas ando tão esgotada que vou aos ensaios pensando nele, mesmo amando estar com meus fãs e o publico no geral. Eles me sobem, quando penso que devo ficar em baixo.

lo intentare // vondy Onde histórias criam vida. Descubra agora