Ya no.

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Acordei com dor em todo o corpo e com o sol raiando diante as cortinas abertas. Olhei pra cama, vi todas as malas ali e os segundos de paz foram embora. Tudo o que aconteceu veio em mente e quis pegar um tiro, não em mim, mas no homem que tinha estado ali comigo e contado de maneira ridícula tudo o que tinha acontecido.
Me sentia enganada, manipulada, uma verdadeira trouxa.
Dois soquinhos delicados na porta e obviamente dessa maneira singela só poderia ser ela.

— Sempre acho que aconteceu o pior. Ligo, mando mensagem. -disse ela entrando e olhando o estado do quarto, a inspeção que sempre faz.

— Bom dia também. - exalei mau humor e fui pro banheiro escovar os dentes e passar uma água no meu rosto.

— Foi tão ruim assim? - sentando na cama e encarando as próprias mãos, esperando uma resposta que fosse diferente, mas ela já conhecia meu estado e que se acordei assim é por que foi péssimo.

— Por que parte eu começo? Ele falando da Maite? Eu descobrindo que o Damían não queria que ficássemos juntos? - cuspi a pasta na pia e terminei o que tinha que fazer. - Eu tô com tanta raiva e me sentindo tão tonta, Anahi. De verdade, um tiro ao alvo com a cabeça do Christopher seria perfeito nesse momento.

— E a outra bruaca? A do show de ontem. - não me contive e ri. - Viu, ainda consegue rir.

— Ela sei lá, mais um sexo dele.

Foram horas de conversa. Chorei, ri, lembrei que havia acordado sem nem saber que hora era e deitei no colo dela. Minha confidente e melhor amiga. Ela ficou surpresa pela Maite, por que já havíamos todos ficado um com o outro, mas não imaginou que ele e ela foram algo.

— Você é a pessoa mais forte que eu conheço, Dulce. - soltei um arzinho pelo nariz enquanto fazia carinho na perna dela e ela mexia confortavelmente no meu cabelo.- Eu juro. Não existe alguém tão disposta, forte e determinada como você. Essa ideia de você sair como a enganada não tem nada a ver com a sagitariana que sempre olha pra cima e vê uma solução pra tudo.

Fechei os olhos escutando ela falar e senti vontade de chorar feito um bebê
aninhado, mas não fiz.

— A gente tem até a noite aqui e até a gente ir, você vai no quarto dele e vai lembrar ele dos mil motivos pelos quais ele se apaixonou por você.

Sim, a Anahi bateu a cabeça quando era pequena e isso gerou o que temos aí, perdão.

— Claro! Não consigo nem pensar em olhar pra cara dele, mas vou ir e transar com o imbecil.- disse rindo e jogando uma almofada nela.- Anahi, de onde sai tanta ideia de minhoca? É sério, me preocupa.

— Não é ideia de minhoca.- disse ela meio ofendida e fazendo cara de brava. - É o que você pode fazer pra fechar esse capítulo e não sair como uma vitima, jogada na cama e com raiva de algo que já aconteceu.

Pensei. Pensei mais. Faz sentido, de alguma maneira faz sentido. Eu encerraria tudo e sairia por cima, sem deixar ele falar um A, apenas relembrando o que a gente sempre fez tão bem e sempre fez ele pedir por mais. Não como uma coitada, mas sim uma mulher que deixou de se importar quando ele bateu a porta do quarto.
Mentir pra mim mesma que não me importo e não o amo é dificil, e pra ele que conhece cada canto do meu olhar também seria, mas eu não estariq mentindo a minha vontade dele, do corpo dele, dos nossos corpos juntos e da maneira como a barba dele me deixava toda marcada. Droga. eu queria muito isso.
Mentiria depois, saindo, indo embora e tendo que criar uma frase de efeito vibe vilã de novela, mas seria só um detalhe.Ri pra mim enquanto pensava nisso.

— Me ajuda a escolher a roupa? - ela deu pulinhos na cama e me abraçou sorridente.

Ya no, Ucker.

lo intentare // vondy Onde histórias criam vida. Descubra agora