One More Hour

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As semanas foram se passando e Charles adiava cada vez mais a conversa séria que precisava ter com Pierre. O francês agora morava onde era o apartamento deles, as coisas de Leclerc ainda estavam lá porque Gasly acreditava que eles poderiam voltar e que tudo aquilo não passava de um mal entendido.

Agosto de 2024

Terça-feira

03:10 PM

Leclerc estava sentado de frente para o um piano, as teclas brancas pareciam ter um peso enorme, já que não conseguia tocá-las. Quando tocava uma nota, lembrava-se da primeira vez que compôs uma música, ela era especialmente dedicada para Pierre, falava sobre o seu amor, sobre amizade e relações queridas, mas sobretudo: amor.

Charles amava Pierre de um jeito que ele nunca tinha amado ninguém, só que ele não sabia o que era amor. Passou toda a sua adolescência na casa de um pai abusivo e então quando saiu pôde viver sua vida, pode sentir o que era amor, ao menos amor na língua de Pierre Gasly. O empresário francês tinha tanto a oferecer e foi isso que fez Leclerc gamar.

— Não coloque tanta pressão em você, Charles — George apareceu na sala de música de sua própria casa, agora era lá que Leclerc estava ficando.

— Por que eu não consigo voltar a tocar? É simples, sei todas as notas, sei as músicas que quero tocar...

— Eu já disse que você coloca muita pressão em si mesmo... relaxa um pouco.

— Não posso! Estamos perdendo dinheiro, ninguém mais escuta nossos covers no Youtube e a culpa é toda minha.

— Eles escutam sim! Todos adoram nossos covers — sentou ao lado do amigo no piano. —, já experimentou tocar aquela que você tanto ama?

— Qual?

— ... — George sorriu. Começou a tocar uma música, mas só um lado, já que Charles ocupava o outro, aos poucos Leclerc se afastou e deixou Russell tocar, mas não era essa a intenção. — Poxa...

— Eu não consigo, tudo me lembra o que o Gasly fez — disse sentando no chão e se abraçando. — Eu não deveria ter saído daquela clínica...

— O que ele fez? Você não contou para ninguém... nem pro Carlos, e olha que ele é seu melhor amigo.

— Po-Pode fechar a porta? Não quero que o Alexander nos ouça... é algo muito particular.

— Claro — George fechou a porta e a trancou. Caminhou até o amigo e sentou ao seu lado.

— Eu não contei pro Carlos porque ele é muito esquentado e ele faria algo que eu não quero, não quero que você conte para ele — Charles sabia das consequências disso, se Sainz soubesse que ele não contara algo para ele e sim para Russell, ele ficaria arrasado. —, não quero que o Carlos vá tentar matar o Pierre.

— Então a parada é bem séria... Charles, o que o Pierre te fez naquele dia?

— Então, eu estava em casa pensando, só isso, passei várias noites inteiras sozinho depois da briga, sabe? E o Pierre não voltava nunca então não me preocupei se ele podia aparecer lá ou não — enquanto falava, as lágrimas começavam a aparecer no seu rosto. —, quando eu vi ele já estava me arrastando... — abaixou a cabeça e mostrou um pedaço de cabelo faltando. —, ele me arrastou pelo cabelo, mas eu falei pro Carlos que foi só o teste de drogas que fizeram no hospital...

— Charles, o Pierre estuprou você? — encarou o moreno.

Ele não precisou responder, começou a chorar como uma criança e George entendeu o recado. O mais alto abraçou o amigo e o manteve ali, queria poder tirar aquela dor dele apenas com a mão, como se fosse algo simples, George só não queria vê-lo sofrer mais do que sofria.

Brooklyn Baby - LestappenOnde histórias criam vida. Descubra agora