Fireside

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Oi gente, lá embaixo quero falar uma coisa importantíssima!! Mas então boa leitura, saibam que esse capítulo tem algumas cenas que podem causar desconforto e provocar gatilhos em relação a abuso sexual. Espero que gostem do capítulo!!!

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Três meses atrás

Sexta-feira

03:20 AM

O céu estava envolto em uma escuridão tranquila, iluminado apenas por algumas estrelas tímidas que brilhavam entre os prédios altos e as nuvens esparsas. O ar da madrugada no Brooklyn tinha um toque gelado, típico das noites mais frias, e o som da cidade parecia distante, abafado pelas ruas desertas. Aqui e ali, o som de passos apressados ou de um carro solitário rompendo o silêncio criava uma sensação de isolamento, mas também de vida ainda pulsando na cidade que nunca dorme completamente.

As luzes dos postes iluminavam as calçadas com uma luz amarelada e fraca, criando sombras longas que dançavam conforme o vento balançava as árvores. Os becos estreitos, sempre um pouco úmidos, carregavam um ar de mistério, enquanto as fachadas de tijolos envelhecidos e as janelas iluminadas revelavam apenas breves vislumbres da vida dentro dos apartamentos.

Os sinais de néon de bares e lanchonetes 24 horas ainda piscavam, atraindo os poucos notívagos que vagavam pelas ruas, à procura de algum consolo na solidão da noite. Ao longe, o barulho suave do metrô passava sobre os trilhos, uma lembrança de que, mesmo nas horas mais silenciosas, Brooklyn continuava em movimento, como um gigante que só diminui o ritmo, mas nunca para.

O frio que subia das calçadas tornava o ambiente ainda mais denso, e a leve neblina que começava a se formar dava à madrugada uma sensação quase onírica, como se o tempo estivesse parado, apenas esperando o amanhecer trazer de volta o agito da cidade.

A porta pesada do clube noturno se abriu com um rangido característico, liberando o som abafado da música alta e das vozes agitadas que ecoavam lá dentro. O ambiente de festa vibrante contrastava com a calma da madrugada fria do Brooklyn. Arthur Leclerc, ainda vestido com a camiseta preta apertada e o colete de segurança, saiu do local, respirando fundo o ar gélido da noite. Seu turno havia terminado, e ele finalmente podia deixar para trás o ambiente barulhento e caótico para, por alguns momentos, se perder no silêncio tranquilizador das ruas quase desertas.

O trabalho como segurança tinha se tornado a âncora que mantinha Arthur estável. Desde a morte de seu pai, ele se jogara de cabeça nas longas horas de trabalho, muitas vezes aceitando turnos duplos, não apenas pelo dinheiro — embora fosse necessário —, mas principalmente para ocupar a mente, para evitar o vazio sufocante que vinha com as lembranças dolorosas. Ainda assim, por mais exaustivas que fossem suas noites, ele estava, de certo modo, contente com o que havia construído para si. Havia encontrado um propósito, uma forma de seguir em frente, de ignorar o passado conturbado que tinha vivido até 2017.

Enquanto caminhava pelas ruas, Arthur ajeitava a gola da jaqueta que usava por cima do uniforme, sentindo o frio cortante no rosto. Suas botas pesadas batiam no asfalto com passos ritmados, ecoando na quietude da madrugada. As mãos estavam enfiadas nos bolsos, aquecendo-se do vento gelado que soprava pelas ruas do Brooklyn. Ele sempre gostava desses momentos, logo após o fim de um turno, quando a cidade parecia respirar devagar, como se estivesse em um estado de transição entre o caos da noite e a tranquilidade do amanhecer.

O clube onde trabalhava ficava em uma área movimentada, mas àquela hora, as ruas estavam praticamente desertas, exceto por alguns poucos carros que passavam, seus faróis iluminando brevemente as fachadas de tijolos vermelhos e as vitrines fechadas. Arthur conhecia cada centímetro daquele caminho, já o percorrera inúmeras vezes, e havia algo reconfortante na familiaridade daquele trajeto, como se cada esquina, cada luz de poste fosse um lembrete de que, apesar de tudo, ele ainda tinha controle sobre algo.

Brooklyn Baby - LestappenOnde histórias criam vida. Descubra agora