CAPÍTULO 1

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ezekiel.      presente.

"Foi ali, no coração de uma mansão cuja frieza rivalizava com o próprio inferno, que minha vida começou a desmoronar."

O som de água corrente me acordou, um murmúrio constante que parecia emanar das entranhas de uma caverna. O que começou como uma sensação distante e vagamente reconfortante logo se transformou. A dor na minha cabeça era excruciante, como se alguém houvesse dado um golpe direto em minha cabeça. Eu gemi, um som abafado e involuntário, enquanto tentava focalizar o ambiente ao meu redor.

Meus olhos se abriram lentamente para revelar um espaço que beirava o irreal. Eu estava deitado em uma cama sumptuosa, com lençóis brancos como a neve, imaculadamente estendidos ao meu redor. A sensação da cama, estranhamente macia, era um contraste perturbador com a dor que eu sentia. Levantei a vista e fui confrontado por um quarto que desafiava qualquer noção de modéstia ou contenção.

As paredes, um branco opulento e o teto estava adornado com lustres de cristal que lançavam reflexos cintilantes por todo o ambiente. Espelhos, dispostos com uma precisão quase obsessiva, refletindo a luz com uma intensidade hipnótica. A opulência do quarto tinha uma qualidade quase etérea, uma mistura desconcertante de beleza e frieza.

Ao me levantar, a dificuldade era evidente. Eu estava apenas com uma calça jeans e uma jaqueta de couro aberta. Meu peito nu estava exposto ao ar fresco e cortante do quarto, um contraste perturbador com a luxuosa morbidez ao meu redor. O piso de mármore sob meus pés descalços era um gelo calmante que, paradoxalmente, ajudava a aliviar a dor pulsante em minha cabeça.

Tentando recompor minhas lembranças, a única imagem clara que surgiu foi a de uma festa. Minha mão se dirigiu instintivamente à cabeça, bagunçando meus cabelos desordenados na tentativa fútil de restaurar um pouco de clareza mental. Caminhei cambaleando pelo quarto, cada passo sendo um eco do desconforto e da confusão que me dominavam.

As lembranças da noite anterior eram fragmentos caóticos, dispersos entre flashes de euforia e perigo iminente. A água correndo ao longe, em uma sinfonia contínua, parecia uma metáfora cruel para o tumulto interno que eu enfrentava.

Eu tentei engolir alguma coisa, qualquer coisa, mas minha garganta estava seca como um deserto. A sensação de sede era uma agonia, uma tortura silenciosa que se misturava com a pontada faminta no meu estômago. O desconforto era constante, e a dor na barriga me fazia questionar há quanto tempo eu estivera inconsciente. Havia algo sinistro na ausência de respostas; a ideia de quanto tempo eu havia dormido era um mistério que me atormentava.

Os pensamentos se chocavam dentro da minha mente, fragmentos de lembranças da noite anterior se entrelaçando com a realidade do momento. A bebida, a festa — eu não tinha bebido tanto assim, tinha certeza. As peças do quebra-cabeça se recusavam a se encaixar, e eu me vi gritando para o vazio.

— Tem alguém aí? — Minha voz soou áspera, carregada de frustração e desespero. O eco do meu grito parecia se perder na vastidão do ambiente, como se absorvido pelas paredes imaculadas e pelos lustres de cristal que me observavam com uma frieza silenciosa.

Enquanto eu caminhava sem rumo, uma voz surgiu, pequena e hesitante, quebrando o silêncio opressivo do ambiente.

— Oi.

seguindo o som, meus olhos vasculhava o corredor. O som parecia vir de um patamar no andar de cima, onde um outro corredor se estendia na penumbra. Uma figura espreitava, quase invisível na escuridão.

— Quem está aí? — Eu avancei para frente, tentando enxergar melhor. A silhueta era de um homem.

— Ryker Scott — respondeu a voz.

SINS OF RECKLESS ( DARK ROMANCE ) Onde histórias criam vida. Descubra agora