SINS OF RECKLESS ( DARK ROMANCE )

CAPÍTULO 14

raven. cinco anos atrás

O eco das minhas botas, o som firme e cadenciado de cada passo ressoando sobre os degraus imaculadamente polidos. A escada em espiral, um monumento de opulência, cada degrau, o mármore frio e perfeito sob minhas solas, enquanto o corrimão ornamentado, forjado com detalhes dourados e arabescos negros. A minha mão roçou brevemente, sentindo o frio do ferro forjado.

Ouvi passos descendo as escadas, cada movimento milimetricamente calculado, quase como se o som pudesse ser tocado de tão preciso. Minha respiração ficou suspensa quando a figura feminina, envolta em sombras e silhuetas, passou ao meu lado, seus saltos altos abafado pelas mãos que os apertavam junto ao corpo. O aroma fugaz de algum perfume caro atravessou o ar, e meus olhos se arregalaram ao reconhecer as madeixas castanhas. Isabella, a namorada de Aiden.

Tudo caiu em lugar no mesmo instante, como peças de um quebra-cabeça sórdido. A briga dele dias atrás, aquela noite com Ezekiel. Senti um gosto amargo na boca, o desgosto e a repulsa se enroscando em minhas entranhas, como se a mera lembrança dos barulhos vindo do quarto de Ezekiel na noite passada me fizesse querer vomitar. Isabella pareceu perceber minha presença, um lampejo de medo cruzando seus olhos como se temesse que eu carregasse essa informação até Aiden. Mas não era da minha natureza envolver-me em confusões alheias. Afinal, ele fez questão de me afastar. Era um fardo que não me pertencia mais.

Continuei os meus passos, deixando-a para trás, petrificada em seu medo e culpa. Não precisei olhar para trás para saber que sua silhueta desaparecia ao abrir a porta e sair de fininho, como uma sombra escapando da luz.

— O café da manhã está na mesa, Raven — a voz soou ao meu lado, cortando o silêncio de forma abrupta, causando um sobressalto involuntário em mim, enquanto meus sentidos rapidamente se ajustavam à presença inesperada.

Era Lucian. Aquele sorriso sempre presente, inabalável, destacando ainda mais seus dentes perfeitamente alinhados. Ele ajeitava a gravata cor de vinho com destreza, cada movimento meticulosamente calculado. Inclinei a cabeça ligeiramente, permitindo-me da uma espiada rápida na cozinha. Pude ver as figuras alongadas de Rafael e Ezekiel, parcialmente obscurecidas pela porta entreaberta.

Pressionei a língua contra o interior da bochecha, sentindo a tensão acumulada. Um sorriso lento se formou em meus lábios, forçado, mas treinado, antes de direcionar meu olhar novamente para Lucian.

— Preciso chegar mais cedo no colégio hoje, mas agradeço, Sr. Hawthorne. Por tudo.

Lucian aproximou-se, a mão áspera pousando em meu ombro com um leve toque que logo se transformou em uma carícia reconfortante. — Boa aula, Raven.

Mantive o sorriso no rosto, embora o agradecimento ecoasse mais fundo do que eu pretendia. Eu devia muito a ele. Talvez mais do que gostaria de admitir. Afastei-me lentamente, deixando a proteção de sua presença para trás, avançando em direção à porta principal, que já estava aberta.

Atravessando o limiar, senti o frescor da manhã envolver-me. Caminhei até minha moto, uma das poucas coisas que ainda me pertenciam de verdade. Minha mão encontrou o bolso de trás da minha calça, puxando a balaclava negra que espiava para fora. Coloquei-a sobre a cabeça, deixando apenas meus olhos visíveis, cobrindo todo o resto. Segurei o capacete firme em minhas mãos, mas antes de colocá-lo, uma sensação me fez hesitar.

Virei-me, e lá estavam eles, os dois, seus olhares perfurando minha pele, como se quisessem desnudá-la. Rafael e Ezekiel caminhavam em direção às suas motos, sempre juntos, mesmo quando brigados, desde a infância. Seus olhos fixos em mim, sem uma palavra, sem um desvio, e um frio percorreu minha espinha, trazendo à tona memórias. Cortei o contato visual abruptamente, subindo na moto, sentindo o peso familiar sob mim enquanto ajustava o capacete.