CAPÍTULO 8

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recomendo vocês a lerem este capítulo ouvindo música e não se esquecem de votar e comentar bastante. aproveitem a leitura, bes!

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raven. presente.

Aqueles olhos me perfuravam como lâminas cravadas em minha alma, rasgando as entranhas, com cada olhar, arrastando-me para um abismo de lembranças que eu jurara jamais revisitar ou falar. E a presença de ezekiel era um cadeado para abrir estas feridas cicatrizadas mais profundas, forçando-as a se abrir e sangrar novamente.

O que ele fizera, as manchas de um vazio, embarcadas em mim— minha mãe talvez estaria viva. Eu carregava o suportar da consciência da culpa que eu também partilhava, e se eu...

Eu nunca o perdoaria.

A água ardente caia sobre a minha pele, quase como uma expiação, enquanto as gotas deslizavam pelo meu corpo, relaxando os meus músculos, dissolvendo os vestígios dos meus devaneios sombrios. O movimento da minha mão, deslizando de forma quase etérea pelo meu braço, permitiam-me saborear a sensação do calor, com os olhos fechando-se em um ritual de autocontrole, mas, no breve intervalo entre o descanso, eles se abriram bruscamente ao ouvir o som abafado vindo do quarto — algo caíra. Talvez fosse apenas o vento, lembrei-me das janelas que deixara abertas.

Meus dedos se firmaram ao redor da válvula de latão do chuveiro, girando-a com uma precisão, encerrando o fluxo da água que até então me havia envolvido. Alcancei a toalha branca, envolvendo-a em meu corpo, o tecido áspero abraçando minha pele quente, enquanto eu saía do box.

Ao deixar o cálido ar da suíte, fui imediatamente acometida pela fria aspereza do piso sob meus pés descalços, enquanto pequenas gotas de água traíam minha passagem, pontuando o silêncio do quarto com sua cadência quase inaudível. Cada gota parecia carregar o peso de uma noite saturada de tensão, em que a violência desenfreada havia empurrado Tobias à borda da mortalidade. Os irmãos—título que nos atribuíamos com uma mistura de ironia e lealdade—rezariam em silêncio, suas preces carregadas de temor, aguardando ansiosamente a chegada das enfermeiras no dia seguinte, na esperança de que ele ainda respirasse.

Meus passos, antes decididos, hesitaram no centro do aposento ao serem interceptados por risadas distantes, ressoando com uma perversa alegria que contrastava com a seriedade de meu estado de espírito. O som de botas em contato com o piso ecoava com uma ameaça velada, do lado de fora se movendo em grupos. Tentei avançar, estendendo o braço para alcançar o guarda-roupa, mas antes que o movimento pudesse se completar, um braço implacável envolveu meu pescoço com uma força, cortando meu fôlego e estagnando meus sentidos. Minhas mãos, presas no reflexo desesperado da autopreservação, fincaram-se na carne daquele que me subjugava, enquanto minhas pernas agitavam-se inutilmente no ar, como se tentassem encontrar um solo que se recusava a existir.

O toque gélido e ameaçador de uma lâmina se aproximou de minha garganta com a precisão de um carrasco, e senti sua promessa de morte pulsar contra minha pele. O desespero enraizou-se em meu peito, cada suspiro convertido em um ofego entrecortado, enquanto meu peito subia e descia em uma dança frenética com o pavor. Minhas unhas, cravaram-se mais fundo na pele de meu captor, mas o mundo ao meu redor começava a desvanecer, a escuridão fechando-se implacavelmente, enquanto o oxigênio se tornava um luxo inalcançável.

Raven? — a voz de Aiden quebrou o silêncio, seguida por três batidas firmes na porta, cada uma delas reverberando com urgência.

Um sopro quente, pérfido, serpenteou próximo ao meu ouvido, provocando um arrepio que correu por minha espinha como um presságio sinistro.

SINS OF RECKLESS ( DARK ROMANCE ) Onde histórias criam vida. Descubra agora