Capítulo 3: O Homem que Lutou Contra Tubarões

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"Você aparece como um sonho para mim."
Miley Cyrus

Harry Styles, Junho de 2012

— Espera... — No estacionamento do Claggan Park, ele se vira para mim uma última vez antes de entrar no táxi. — Você não me deu seu número. Como faço para encontrar você amanhã?

— A sua câmera... — Ele aponta para ela, pendurada em meu pescoço pela alça. — Você disse que é fotógrafo, mas não vi você usar ela a noite inteira.

— Ela é mais útil quando não estou conhecendo caras em shows. — A gente ri um para o outro.

— Estraguei seus planos.

— Não. Não estragou. — Enfio as mãos dentro dos bolsos da minha calça jeans para tentar aquecê-las, me sentindo um pouco bobo perto dele. — Só mudou eles.

— Espero que no bom sentido.

— Particularmente, gostei bem mais da noite depois que te conheci. — Ele morde o interior das bochechas, tímido, sem desviar o olhar.

— Eu também gostei da noite com você. — O taxista buzina, pedindo para que nos apressemos. "Não tenho a noite toda", ele avisa impaciente. — Preciso ir. — Louis abre a porta do carro.

— Me fala como posso achar você. — Insisto, dando um passo em sua direção. — Por favor.

— Tira uma foto minha, e quando nos esbarramos de novo, você vai saber.

— Posso?

— À vontade. — Ele diz com naturalidade e, junto, o motorista resmunga "não recebo o bastante", cruzando os braços sobre o volante para esconder o rosto entre eles.

Sendo assim, seguro a câmera na altura do meu rosto para ver Louis através da minha lente. Sob a iluminação dos refletores e faróis de carros partindo um a um, nenhum detalhe seu se perde ainda que sua sombra dance ao seu redor. Lindo em qualquer ângulo e luz. Com ele, só o escuro me aborrece, por me fazer incapaz de enxergá-lo.

Estou hipnotizado e pronto para fotografá-lo quando declaro:

— Para quando eu acordar amanhã, ter certeza de que conhecer você não foi só um sonho.

Louis junta as mãos contra o peito, deitando a cabeça para trás em uma gargalhada que agita meu estômago.

Então, eu capturo o momento. A primeira lembrança sua, da noite em que nos conhecemos, rindo.

***

— Por que você tem uma foto do meu professor?

Antes de começar o dia, já estou arrependido de ter aceitado a proposta da Gem. Se eu soubesse que seria tão complicado cuidar de Eli, teria escolhido perecer de dor no escuro.

Parece que a personalidade do meu sobrinho é fazer perguntas desde que aprendeu a falar, e eu não faço ideia de como desligar essa criança por um minuto.

Ele passou a noite no meu quarto porque tem medo de dormir sozinho quando está longe de casa, e foi o primeiro a acordar antes mesmo do despertador. Ele tem olhos muitos curiosos e críticos para um menino de cinco anos, perninhas muito ágeis e fala pelos cotovelos.

Sem dúvidas, meus meses isolado e de relutância social não me prepararam para uma convivência com o filho da minha irmã.

Ele parece um enfeite natalino que toca música com pilha infinita.

O Tom do Sol | Versão LarryOnde histórias criam vida. Descubra agora