𝐇𝐚𝐫𝐫𝐞𝐧'𝐬 𝐂𝐮𝐫𝐬𝐞

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O som das portas se escancarando abruptamente os deixou alarmados. O príncipe segurou a bainha da espada, enquanto a princesa mais velha se posicionou na frente da irmã, puxando a adaga da cintura.

Era o pai deles, que entrou no quarto como um cão farejador, examinando tudo ao redor.

― Pai, o que está fazendo? Já não basta nos obrigar a dividir um quarto, agora vai bisbilhotar também? ― Baela bufou, guardando a adaga com alívio. Jacaerys relaxou a mão sobre a espada, e Rhaena soltou a tensão nos ombros. Daemon caminhou até as janelas, testando a resistência delas.

― Estou apenas... ― O rei-consorte andava de um lado para o outro, inspecionando e examinando cada canto do quarto. Ao levantar os olhos, avistou um grande buraco no teto. Harrenhal estava em ruínas; esse tipo de coisa era tão comum quanto teias de aranha. ― Vejo que tem sua espada. Aqui, pegue esta e use para trancar a porta.

Daemon saiu para o corredor e voltou com outra espada, entregando-a ao enteado, que estava confuso e levemente apreensivo. Se Daemon estava preocupado, qualquer um ficaria; afinal, o que poderia ser tão terrível a ponto de assustar Daemon Targaryen?

― Daemon, o que está acontecendo? ― Jacaerys perguntou ao aceitar a espada. Daemon ignorou a pergunta e passou a inspecionar o quarto, abaixando-se para olhar sob a cama do príncipe e examinando as paredes, onde um buraco havia sido tapado por uma tábua grande. Pelo menos, parecia estar selado.

― Apenas verificando. ― Daemon parou no centro do quarto, girando o corpo enquanto procurava algo fora do lugar. ― Se algo acontecer, qualquer barulho, um som estranho, um guincho de rato, meu quarto está no fim do corredor. Basta gritar.

― Pai, você está nos assustando. ― Rhaena disse, encolhida atrás de Baela. Daemon olhou para as filhas e depois para o enteado.

― Durmam com a espada ao lado da cama. ― O rei-consorte saiu tão rapidamente quanto entrou, fechando as portas atrás de si.

Os três ficaram em silêncio, a confusão ainda pairando no ar após a saída repentina de Daemon. O príncipe Jacaerys observava a espada que o padrasto lhe entregara, o brilho do metal refletindo a luz fraca das velas. Baela, sempre a primeira a recuperar a compostura, soltou um suspiro pesado e caminhou até a janela, tentando ouvir qualquer som estranho do lado de fora.

― Ele nunca age assim ― murmurou Baela, sem desviar o olhar da escuridão lá fora. ― Seja o que for, está mexendo com ele de um jeito que nunca vimos.

― Vocês acham que é só mais uma das manias dele? Nosso pai não é conhecido por seu bom estado mental. ― Rhaena perguntou, a voz trêmula enquanto se aproximava do irmão. Ela hesitou, antes de continuar: ― Ou... será que tem algo de verdade nisso?

― Daemon não é do tipo que se assusta com fantasmas ― respondeu Jacaerys, tentando esconder a própria inquietação. Ele se levantou, a espada ainda em mãos, e se aproximou das irmãs. ― Mas se ele está preocupado, então talvez devêssemos estar também.

Rhaena assentiu lentamente, embora o medo ainda estivesse evidente em seu rosto. Jacaerys, mais sério do que de costume, firmou o aperto na espada e olhou para as duas.

― Não vamos deixar que nada nos pegue de surpresa.

Jacaerys foi até a porta, girou as travas e passou a espada pelas alças, mas não achava que aquilo seria suficiente. Se Daemon Targaryen estava com medo, havia motivo para se preocupar. Ele olhou ao redor, avistando perto dos degraus da porta uma mesinha onde estava um pedaço de corda, grande o suficiente para amarrar as maçanetas.

𝑫𝒓𝒂𝒈𝒐𝒏 𝑴𝒂𝒅𝒆 𝑶𝒇 𝑰𝒄𝒆 ― 𝑯𝑶𝑻𝑫Onde histórias criam vida. Descubra agora