Capítulo II - 🏖️☀️

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Notas
Por um descuido meu voltem e leiam o primeiro capítulo, faltou uma parte, então pra vocês entenderem vão precisar terminar de ler o primeiro capítulo, desculpa, erros acontecem meus amores 🩵🥹

🏖️☀️

Soraya Thronicke

A água do mar batia violentamente a minha volta, subindo pelo meu nariz, descendo pela minha garganta, dentro dos meus olhos. Eu não conseguia respirar sem engasgar. Simone nadou na minha direção, chorando, sangrando e gritando, ela agarrou minha mão e tentou falar, mas as palavras saíram todas atrapalhadas e não entendi porra nenhuma do que ela falou. A cabeça dela bamboleou, e ela caiu de cara na água. Eu a puxei segurando em seus cabelos.

– Acorda, Simone. Acorda! – as ondas estavam tao altas que fiquei com medo de nos separarmos, então enfiei meu braço embaixo da tira do colete salva - vidas dela e segurei. Levantei seu rosto. – Simone! Simone ! – Aí, meu Deus seus olhos continuavam fechados, e ela não reagia, então enfiei o braço esquerdo embaixo da outra tira do colete e me inclinei para trás, deixando seu corpo inclinado em meu peito.

A correnteza nos levou para longe dos destroços. Os pedaços do avião desapareceram na superfície, e não demorou para que não restasse nada. Tentei não pensar no Rodolfo amarrado no assento.

Boiei, atordoada, com o coração aos pulos. Rodeada apenas pelas ondas, tentei manter nossas cabeças acima da água e me controlei pra não entrar em pânico.

Será que eles vão saber que caímos? Será que estavam nos monitorando pelo radar?

Talvez não, porque ninguém apareceu.

O céu escureceu, e o sol se pôs. Simone murmurou. Pensei que ela estivesse acordando, mas o corpo dela se agitou e ela vomitou em mim. As ondas me lavaram mas ela tremia, e eu a puxei para mais perto, tentando mantê-la aquecida.

Eu também estava com frio, mesmo que a água tivesse parecido morna logo depois da queda. Não havia luz da lua, e eu mal conseguia ver a superfície da água, negra agora, não mais azul.

Eu estava preocupada com os tubarões. Liberei um dos braços e coloquei minha mão embaixo do queixo da Simone, levantando a cabeça dela do meu peito. Senti alguma coisa quente logo abaixo do meu pescoço, onde a cabeça dela repousava. Será que ela ainda estava sangrando? Tentei acordá-la, mas ela só reagia quando eu balançava sua cabeça. Ela não falava, mas gemia. Eu não queria machucá-la, mas queria saber se estava viva. Ela não se mexeu por muito tempo, o que me apavorou, mas então vomitou de novo e estremeceu em meus braços.

Tentei ficar calma, respirando devagar. Lidar com as ondas era mais fácil boiando de costas, e Simone e eu vagavamos enquanto a correnteza nos levava. Os Hidroaviões não faziam voos noturnos, mas eu tinha certeza de que eles mandariam socorro quando o sol nascesse. Alguém tinha que saber que caímos até o amanhecer

Meus pais nem sabem que estávamos naquele hidroavião.

As horas se passaram e eu não conseguia ver nenhum tubarão no escuro. Talvez estivessem lá, eu é que não sabia. Exausta, cochilei um pouco, deixando minhas pernas penderem, em vez de lutar para mante-las perto da superfície. Tentei não pensar nos tubarões que pudessem estar rodeando abaixo de nós.

Quando sacudi Simone de novo, ela não reagiu. Achei que pudesse sentir o peito dela subindo e descendo, mas não tinha certeza. Houve um som alto de água espirrando e me sobressaltei. A cabeça de Simone pendia para o lado, e eu, a puxei de volta para o meu peito. Os espirros continuavam quase ritmados. Imaginando não apenas um tubarão, mas cinco, dez, talvez mais, girei várias vezes. Algo emergiu e levei um segundo pra perceber o que era. Os espirros eram as ondas batendo em recifes que circundavam uma ilha.

Nunca senti tanto alívio na vida, nem mesmo quando o médico nos disse que o tratamento finalmente havia funcionado e que meu câncer tinha ido embora.

A correnteza nos levava pra mais perto da ilha, mas não estávamos indo em direção a ela. Se eu não fizesse alguma coisa, não conseguiríamos alcançá-la.

Eu não podia usar o braço porque eles ainda estavam embaixo das tiras do colete da Simone, por isso continuei de costas e bati os pés. Perdi meus sapatos, mas nao me importei, eu já devia tê-los tirado a horas antes.

A terra ainda estava a pelo menos uns quarenta metros. Mais longe do que antes, não tive outra opção se não usar um dos braços e nadei com braçadas laterais, arrastando o rosto da Simone pela água.

Levantei a cabeça, estávamos perto. Batendo as pernas freneticamente, meus pulmões queimando, nadei o mais rápido que eu pude.

Alcançamos as aguas calmas na Laguna na parte interior dos recifes, mas não parei de nadar até meus pés tocarem o fundo da areia. Só tive energia pra arrastar a Simone pra fora da água. Logo depois desabei perto dela e desmaiei.

O sol escaldante me acordou. Tensa e dolorida, eu só conseguia enxergar com um dos olhos. Eu me sentei, tirei o colete salva vidas e depois olhei para a Simone. Seu rosto estava inchado e ferido, e havia cortes em sua bochecha e na testa. Ela estava deitada, imóvel.

Meu coração martelava no peito, mas me obriguei a me inclinar para frente e tocar o pescoço dela. A pele estava quente, e o alívio me inundou uma segunda vez quando senti seu pulso sob meus dedos. Ela estava viva, mas a única coisa que eu sabia sobre traumatismos cranianos é que ela provavelmente tinha um. E se ela nunca mais acordasse?

Tentei acordá-la, com cuidado

– Simone, está me ouvindo?
Ela não respondeu, e eu, a sacudi novamente.

Esperei que ela abrisse os olhos. Eles eram impressionantes, de um tom castanho que pra mim pareciam absurdamente lindos, foi a primeira coisa que notei quando a conheci. Ela foi ao nosso apartamento para a entrevista com os meus pais e fiquei constrangida porque ela era linda, e eu era magra e careca, e minha aparência estava uma merda.

Vamos Simone, me deixe ver seus olhos!

Eu a sacudi com mais força e, quando ela enfim abriu os olhos, lentamente soltei o ar que estava prendendo.

Simoraya - Na Ilha Onde histórias criam vida. Descubra agora