Capítulo XXXV - 🏖️☀️

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Soraya Thronicke

Simone estava parada no balcão da cozinha fazendo uma torta de chocolate para mim. A beijei e entrei com uma rosa que comprei no caminho da cabeleireira.

— É linda. Obrigada — agradeceu, sorrindo para mim.

Ela pegou um vaso embaixo da pia e o encheu de água. Ela tinha feito um rabo de cavalo.
Coloquei meus braços em volta dela e beijei sua nuca.

— Precisa de alguma ajuda? — perguntei.

— Não, já está quase pronto.

— Você está bem?

— Sim, estou bem.

Ela não estava bem, e percebi que estava chorando no minuto em que passei pela porta, porque seus olhos estavam inchados e vermelhos. Mas eu não sabia como ajudar se ela não me falasse o que a incomodava, e parte de mim pensou se não era melhor não saber, no caso de ser alguma coisa relacionada a mim.

Ela se virou e deu um sorriso um pouco alegre demais.

— Você quer ir ao parque quando eu terminar isso aqui? — perguntou ela.

Uma mecha de cabelo havia escapado do rabo de cavalo e eu coloquei atrás da orelha dela.

— Claro. Vou pegar um cobertor para nos sentarmos. Aposto que está uns vinte graus lá fora. — Beijei a testa dela. — Gosto de ficar ao ar livre com você.

— Também gosto.

Quando chegamos ao parque, estendemos o cobertor e nos sentamos. Simone tirou os sapatos.

— O aniversário de alguém está chegando — falei. — Como você quer comemorar?

— Não sei. Vou ter que pensar no assunto.

— Sei o que vou comprar para você, mas ainda não encontrei. Estou procurando há algum
tempo.

— Fiquei curiosa.

— É uma coisa que você disse que queria.

— Além de livros e música?

— É.

Eu já tinha comprado um iPod para ela e feito download de todas as suas músicas preferidas,
porque ela gostava de ouvir música enquanto corria. Algumas vezes por semana, ela ia à livraria e voltava com uma pilha de livros. Ela lia mais rápido do que qualquer outra pessoa que eu conhecia.

— Ainda faltam algumas semanas. Você vai encontrar.

Ela sorriu, me beijou e parecia tão feliz que pensei que talvez tudo estivesse bem, afinal.

Simone Tebet

Mandei centenas de currículos. Encontrar uma vaga com o ano tão adiantado seria quase impossível, mas eu ainda esperava encontrar alguma coisa no outono, mesmo que fosse como professora substituta.

Cristal tinha me dado metade do dinheiro que havia recebido pela casa dos nossos pais, e eu ainda contava com boa parte da quantia que os Thronicke's haviam me pagado. O acordo com a empresa aérea iria se acrescentar à minha renda. Talvez eu não tivesse que trabalhar, mas eu queria. Eu sentia falta de ganhar meu dinheiro, mas, mais do que tudo, sentia falta de lecionar.

Cristal e eu nos encontramos para almoçar uma semana antes do meu aniversário. Os brotos das
árvores haviam se transformado em folhas verdes, e os canteiros alinhados nas calçadas tinham flores de primavera. Até então, maio estava estranhamente quente. Nós nos sentamos na varanda de um restaurante e pedimos chá gelado.

— O que você vai fazer no seu aniversário? — perguntou ela, abrindo o cardápio.

— Não sei. Soraya me perguntou a mesma coisa. Estou feliz de ficar em casa.

Simoraya - Na Ilha Onde histórias criam vida. Descubra agora