Simone TebetParamos no banheiro porque eu precisava desesperadamente assoar o nariz e limpar os olhos. Cristal me passou lenços de papel.
— Eu devia ter percebido que alguma coisa estava errada quando descobri que o número de
telefone deles havia sido desativado. Mas você disse que eles venderam a casa.— Eu disse que a casa tinha sido vendida. Rodrigo e eu a colocamos à venda assim que o inventário
ficou pronto.Eu me inclinei para a frente, me apoiando na bancada do banheiro.
— O que aconteceu com eles?
— Papai teve outro enfarte.
— Quando?
Ela hesitou.
— Duas semanas depois que o avião caiu.
Comecei a chorar novamente.— E mamãe?
— Câncer no ovário. Morreu um ano atrás.
Rodrigo berrou. Cristal colocou a cabeça para fora, depois voltou — Os repórteres estão vindo para cá. Vamos sair daqui, a não ser que você queira falar com eles.Fiz um gesto negativo com a cabeça. Cristal tinha me trazido um casaco e botas forradas de lã. Eu
me vesti e saímos para o estacionamento, com a imprensa nos seguindo de perto. Respirei o odor de neve e de gases dos carros.— Onde estão as crianças? — perguntei quando chegamos ao apartamento de Cristal e Rodrigo.
Eu realmente queria dar abraços bem apertados em Cataria e Matias.— Nós os levamos para a casa dos pais do Rodrigo. Vou apanhá-los amanhã. Eles estão loucos para ver você.
— O que quer comer? — perguntou Rodrigo.
Meu estômago roncava. Antes eu estava ansiosa para pedir um banquete, mas agora eu achava
que não conseguiria comer nada.Rodrigo deve ter percebido, porque disse:
— Que tal se eu sair para comprar uns bagels e você come quando sentir vontade?
— Eu ficaria muito grata, Rodrigo. Obrigada.
Tirei o casaco e as botas.— Suas roupas estão todas aqui — disse Cristal — Coloquei tudo no armário do quarto de
hóspedes quando Eduardo trouxe para cá. As joias, os sapatos e algumas outras coisas também estão lá dentro. Jamais consegui me desfazer.Segui ela até o quarto de hóspedes. Ela abriu o armário, e dei uma olhada em minhas roupas.
A maior parte estava pendurada em cabides, e o restante tinha sido empilhado cuidadosamente na
prateleira superior. Um suéter de caxemira azul-claro me chamou a atenção. Toquei a manga e fiquei impressionada com a sua maciez nos meus dedos.— Você quer tomar um banho primeiro? — perguntou
— Quero — respondi, pegando um par de calças de ioga cinza e uma camiseta branca de mangas compridas.
Puxei o suéter azul da prateleira também. Numa cômoda no canto estavam guardadas minhas
meias, meus sutiãs e minhas calcinhas. Entrei no banheiro e fiquei debaixo do chuveiro durante um
bom tempo. Minhas roupas estavam grandes, mas eram familiares e me aqueciam.— Marina está vindo para cá — disse Cristal, me passando uma xícara de café logo que me
acomodei no sofá da sala.Sorri ao ouvir o nome da minha melhor amiga.
— Mal posso esperar para ver ela — Tomei um gole do café. Cristal o tinha reforçado com
uma bebida alcoólica. — Creme Irlandês?— Achei que você poderia tomar um drinque.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Simoraya - Na Ilha
FanficSimone Tebet é uma professora de inglês de 35 anos desesperada por aventura. Cansada do inverno rigoroso de Chicago e de seu relacionamento que não evolui, ela agarra a oportunidade de passar o verão em uma ilha tropical dando aulas particulares par...