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Carnaval 2019, Rio de Janeiro

O calor do Rio de Janeiro durante o Carnaval era quase sufocante, mas para mim, a verdadeira razão de estar suando era o nervosismo

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O calor do Rio de Janeiro durante o Carnaval era quase sufocante, mas para mim, a verdadeira razão de estar suando era o nervosismo. Ajustei o cropped que cobria parcialmente meu tronco, tentando me convencer de que estava relaxada. Mas, enquanto olhava ao redor, a multidão vibrante e eufórica de Copacabana me fazia sentir pequena e deslocada.

— Bia, você precisa relaxar! — A voz animada de Carol, me trouxe de volta ao presente. Ela estava ao meu lado, com aquele sorriso inconfundível que sempre me fazia sentir que tudo ia ficar bem. Carol era minha melhor amiga desde sempre, e uma das coisas que mais admirava nela era sua habilidade de fazer qualquer situação parecer divertida e sem complicações.

— Eu estou relaxada! — respondi, mesmo sabendo que estava longe disso. A verdade é que eu amava o Carnaval, mas toda aquela energia intensa às vezes me deixava um pouco sobrecarregada.

— Ah, para, Bia. Eu te conheço. Aposto que você tá pensando em mil coisas ao mesmo tempo, tipo a faculdade, os exames… — Carol disse, me puxando mais para perto dela, como se pudesse me arrastar para dentro do clima festivo por pura força de vontade. — Hoje a gente vai se divertir, ok? Sem desculpas!

Antes que eu pudesse protestar, Carol já estava me arrastando em direção a um grupo de rapazes que estavam rindo e conversando animadamente perto de um quiosque. De repente, me senti ainda mais nervosa. Um dos caras, de cabelos escuros e com um sorriso que iluminava o rosto, chamou minha atenção de imediato. Ele parecia tão à vontade, tão em casa ali, que me fez sentir ainda mais fora do meu elemento.

— Esse é o Gabriel! — Carol sussurrou no meu ouvido, como se fosse um segredo. — Ele é surfista, e não qualquer surfista, ele é tipo, mega famoso. E adivinha? O amigo dele, o Thiago, tá super afim de mim. Vai dizer que ele não é um gato?

Eu senti minhas bochechas esquentarem na mesma hora. Eu sabia quem Gabriel Medina era, claro. Quem não sabia? Do primeiro brasileiro a ser bicampeão mundial de surfe. Mas a ideia de tentar conversar com ele me deixava ainda mais ansiosa.

— Carol, eu não sei... — comecei, tentando encontrar uma saída elegante, mas Carol, como sempre, não estava disposta a me deixar escapar.

— Ah, Bia, não vem com essa! Você precisa se divertir um pouco. Sério! Ele é só um cara, tipo qualquer outro, mas com bônus de ser lindo e famoso! — Carol me deu uma empurradinha leve na direção de Gabriel, e eu não tive escolha a não ser ir.

Conforme me aproximei, senti meu coração disparar. Eu não era do tipo que flertava facilmente, especialmente não com alguém que eu sabia que todo mundo ao meu redor também estava olhando. Mas quando Gabriel virou seu olhar para mim, algo nele, talvez a tranquilidade ou o calor do seu sorriso, me fez sentir um pouco mais corajosa.

— Oi, eu sou a Bia — falei, tentando manter a voz firme enquanto me apresentava.

— Prazer, Bia — Gabriel respondeu, e eu quase derreti com a forma como ele disse meu nome, com um sorriso que parecia sincero e interessado. — Tá gostando do Carnaval?

— Estou, sim. É uma loucura tudo isso, né? — consegui rir, ainda sentindo o nervosismo no fundo do estômago.

— Com certeza, mas é a melhor loucura do mundo — ele disse, e o som da sua risada me fez sorrir de volta, sentindo um pouco do meu nervosismo se dissipar.

Conforme a conversa fluiu, me surpreendi ao descobrir como era fácil falar com ele. Gabriel não era apenas o surfista famoso que eu imaginava. Ele era engraçado, genuíno e tinha histórias incríveis para contar. Cada coisa que ele dizia me fazia querer saber mais, e antes que eu percebesse, o tempo havia voado.

Carol e Thiago, por outro lado, estavam completamente envolvidos um com o outro, e me dei conta de que eles tinham me deixado sozinha com Gabriel. O que, para minha surpresa, eu não me importava nem um pouco. Estar com ele, ali na praia, com as luzes da cidade ao fundo e o som das ondas ao nosso redor, parecia surreal.

Já era madrugada quando Gabriel sugeriu que caminhássemos na beira do mar. Eu concordei sem pensar duas vezes, sentindo uma corrente de eletricidade percorrer meu corpo. Caminhamos lado a lado, sem pressa, nossos braços ocasionalmente se tocando, e cada toque era como uma faísca que acendia algo dentro de mim.

Quando finalmente paramos, eu olhei para o horizonte, onde o mar se misturava ao céu escuro, apenas levemente iluminado pela lua. O som das ondas era tranquilizador, quase hipnotizante. E então, senti Gabriel se aproximar, e antes que eu pudesse processar o que estava acontecendo, ele estava me beijando.

Foi suave no início, como se estivéssemos testando as águas, mas logo o beijo se tornou mais intenso, como as ondas que batiam na praia, carregando toda a emoção e o desejo que eu nem sabia que estava guardando. Eu me perdi naquele momento, sentindo o sabor do mar em seus lábios, a textura de sua pele contra a minha. Tudo o que existia era ele, e aquele instante parecia infinito.

Quando finalmente nos separamos, com o sol começando a surgir no horizonte, eu soube que aquela noite seria inesquecível. Mas também senti uma pontada de realidade se infiltrar, como se soubesse que esse momento era único, passageiro.

Nos despedimos com um último beijo, sem trocar contatos ou promessas, apenas com um entendimento silencioso de que aquela noite tinha sido especial. E enquanto assistia Gabriel se afastar pela areia, com o coração ainda batendo acelerado, algo dentro de mim me disse que essa história estava longe de terminar.

𝐈𝐝𝐚𝐬 𝐞 𝐯𝐢𝐧𝐝𝐚𝐬 - Gabriel Medina Onde histórias criam vida. Descubra agora