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Depois de dias de preparação, finalmente chegou o momento de arrumar minhas coisas para ir a São Paulo. A ideia de passar um tempo com Carol era ao mesmo tempo animadora e assustadora. Seria a primeira vez em muito tempo que eu estaria saindo da minha rotina, da zona de conforto que criei após o término com Vítor. Meu quarto estava uma bagunça: malas abertas, roupas espalhadas por todo lado, e meu gato, Simba, observando tudo com curiosidade.

Enquanto dobrava minhas roupas e organizava os itens que levaria, a mente divagava sobre o que esperava em São Paulo. Carol e eu sempre tivemos uma conexão forte, e mesmo com o tempo que ficamos afastadas, parecia que nada realmente tinha mudado entre nós. Só que agora, havia um medo sutil de que, de alguma forma, as coisas não fossem mais as mesmas.

Guardei meus livros de Medicina com carinho, pois sabia que eles seriam uma parte de mim, mesmo em São Paulo. Depois de tudo, minha carreira era o que me mantinha focada, e eu não podia simplesmente deixar isso de lado. Verifiquei se todos os itens essenciais estavam prontos e fechei a última mala, sentindo uma pontada de nervosismo no peito.

Quando finalmente terminei, olhei ao redor do quarto, sentindo um misto de tristeza e excitação. Esse lugar tinha sido meu refúgio durante tempos difíceis, mas era hora de seguir em frente, de encontrar um novo começo. Dei um beijo de despedida em Simba, que ficaria sob os cuidados da minha mãe, e saí.

A viagem de avião foi tranquila. O tempo todo, pensei em como seria reencontrar Carol, em como eu me sentiria ao pisar em São Paulo, uma cidade tão diferente do Rio. Era como se eu estivesse me preparando para um novo capítulo da minha vida, um capítulo que, com sorte, traria mais alegria e menos dor.

Quando o avião aterrissou em São Paulo, uma onda de ansiedade tomou conta de mim. Tudo parecia tão grande, tão rápido. Peguei minhas malas e segui para o terminal de desembarque, onde Carol me esperava. Assim que a vi, com aquele sorriso radiante e os braços abertos, soube que tinha tomado a decisão certa.

— Bia! — Carol gritou, correndo em minha direção.

Larguei as malas no chão e a abracei com força, sentindo um calor reconfortante que há muito tempo não sentia. Era como se, por um momento, todas as dúvidas e medos se dissipassem.

— Carol… — murmurei, ainda abraçada a ela. — Estava com tanta saudade.

— Eu também, Bia. Não acredito que você tá aqui!

Ela me soltou e me olhou de cima a baixo, como se estivesse certificando que eu era real. Rimos juntas, e ela pegou uma das minhas malas.

— Vamos lá, o carro tá esperando. — disse ela, puxando-me para a saída do aeroporto.

Durante o trajeto até o apartamento dela, conversamos como se o tempo nunca tivesse passado. Carol falava animadamente sobre o novo emprego, o quanto a cidade era agitada, e como o apartamento dela tinha uma vista incrível da cidade. Eu ouvia com um sorriso no rosto, sentindo-me mais leve do que em meses.

Quando chegamos ao prédio, Carol me conduziu até o apartamento no 12º andar. Assim que entramos, fiquei impressionada com o espaço aconchegante e moderno. Era exatamente como imaginei que seria: cheio de personalidade e bom gosto, com toques que eram tão "Carol".

— Uau, Carol. Seu lugar é incrível! — exclamei, enquanto olhava ao redor.

— Obrigada! — ela respondeu, sorrindo com orgulho. — Mas agora é nosso lugar por um tempo, então sinta-se em casa. Seu quarto é aquele ali — apontou para uma porta ao fundo. — Vou preparar algo pra gente comer enquanto você se instala.

Assenti e levei minhas malas para o quarto. Ao entrar, deparei-me com um espaço aconchegante, decorado com tons suaves e móveis confortáveis. Senti-me bem recebida e, de repente, o nervosismo deu lugar a uma sensação de alívio. Estava no lugar certo.

Depois de me organizar, voltei para a sala, onde Carol estava preparando uma tábua de queijos e uma garrafa de vinho.

— Nada como uma boa conversa com vinho e queijo pra começar a colocar o papo em dia, né? — disse ela, piscando para mim.

Sentamo-nos no sofá, e depois de um gole de vinho, comecei a relaxar. Carol olhou para mim com um sorriso cúmplice.

— Agora, Bia, me conta tudo. Como você tá de verdade?

Eu sabia que esse momento chegaria, e estava pronta para abrir meu coração.

— Bom, Carol, não foi fácil… — comecei, contando sobre o que vivi com Vítor, o afastamento das pessoas, e como a vida tinha sido solitária nos últimos tempos. Ela me ouviu com atenção, sem interromper, apenas segurando minha mão quando sentiu que eu precisava de apoio.

Quando terminei, senti um peso sair dos meus ombros. Era bom compartilhar tudo com alguém que realmente se importava.

— Eu lamento tanto por tudo isso, Bia… Mas estou tão feliz que você está aqui agora. Vamos fazer desse tempo algo especial, pra você se reencontrar, se redescobrir. — disse Carol, com um sorriso encorajador.

Assenti, sentindo uma onda de gratidão. Estar em São Paulo, com Carol ao meu lado, parecia o começo de algo novo, algo que eu mal podia esperar para explorar. E naquele momento, eu sabia que tudo ficaria bem, porque, finalmente, estava cercada de amor e amizade novamente.

𝐈𝐝𝐚𝐬 𝐞 𝐯𝐢𝐧𝐝𝐚𝐬 - Gabriel Medina Onde histórias criam vida. Descubra agora