Fechei a mala com um pouco de dificuldade.
Daqui algumas horas eu partiria para o outro lado do país e teria que sobreviver por longos meses me virando sozinho longe dos meus pais, morando em uma fraternidade com pessoas que não conheço para cursar algo que não quero.
A faculdade de arquitetura nunca foi o meu sonho, mas era o sonho dos meus pais e eu não queria decepecioná-los.
Encarei meus desenhos na parede. A maioria deles eram sobre os sonhos estranhos que eu andava tendo todas as noites, em um lugar desconhecido onde um coelho branco usava paletó, um gato risonho, uma lagarta fumante existiam e nada era impossível.
Talvez eles tivessem razão em dizer que ser desenhista não dá futuro, eu nem era tão bom assim nisso mesmo e o quanto antes me conformasse com minha realidade melhor seria. Meus pais sabem o que é melhor para mim e eu reconheço tudo o que fizeram para me proporcionar do bom e do melhor. O mínimo que eu poderia fazer era valorizar o que planejaram para mim.
— Já terminou de fazer suas malas? Que rápido — Minha mãe observou, entrando no quarto, de braços cruzados e com um sorriso de missão cumprida no rosto maduro. Seus cabelos eram castanhos claros e ondulados como os meus que iam até a minha nuca, mas ao invés de ter puxado seus olhos castanhos esverdeados acabei herdando o tom de mel forte e intenso de meu pai. — O tempo está fechando e seu pai disse que viu no jornal que uma tempestade virá mais tarde. Tem certeza que não quer que a gente te leve ao aeroporto?
— Tenho certeza absoluta, mãe — Rolei os olhos, pouco paciente com a sua falta de confiança em eu poder cuidar de mim mesmo. — Não se preocupe, tenho tudo o que preciso. Eu sei me virar.
Ela se aproxima para me abraçar.
— Eu tenho tanto orgulho de você, Jisung — Seu abraço me conforta e sei que vou sentir saudade das suas ordens e repreensões constantes.
— Obrigado — Digo e ela deixa um beijo no topo da minha cabeça antes de me soltar. A vejo enxugando uma lágrima rapidamente.
— Mãe, você tá chorando!
— É que você cresceu tão rápido... — Ela diz, comovida.
— Pronto para uma nova etapa da sua vida? — Papai aparece de surpresa, se juntando a nós. Seu semblante me transmitia otimismo.
— Estou pronto — Ergui o queixo, sorrindo quando meu pai bagunçou meu cabelo.
♠️♥️🃏
Dirigindo por uma estrada rural e solitária, aumentei o volume da música.
O céu estava coberto de nuvens de chuva e eu conseguia sentir a ventania esvoaçar meus fios através do vidro aberto.
Minha despedida com meus pais me fez perceber o quanto realmente odeio despedidas. Eu já estava sentindo saudade deles antes mesmo de entrar no carro, mas agora eu precisava enfrentar a minha independência e ir sozinho para o aeroporto foi meu primeiro passo.
Estralei o pescoço e me vi pelo espelhinho do teto. Gotas de chuva começavam a cair, embaçando o vidro do painel.
Eu sabia que ia chover, mas esperava que fosse quando eu já estivesse no avião pelo menos.
Tive que abaixar o vidro e ao fazer isso meu olhar foi para o retrovisor, capturando algo que definitivamente não se via todos os dias.
Um coelho branco usando paletó corria em direção a floresta.
Balancei a cabeça, piscando os olhos, sem crer. Espera... um o quê?!
Seria possível? O coelho que aparecia em meus sonhos agora aparecia para mim acordado.
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A MALDIÇÃO DE COPAS ♠️ minsung
FanfictionHavia um motivo para todos o temerem. Lee Minho, mais conhecido como "O rei de Copas" era um cruel e sanguinário jovem amaldiçoado, incapaz de sentir emoções. Jisung era o escolhido para derrotá-lo e assim libertar o povo daquele terrível reinado...