𝟬𝟭𝟵 - 𝙒𝙧𝙤𝙣𝙜 𝙥𝙚𝙧𝙨𝙤𝙣, 𝙧𝙞𝙜𝙝𝙩 𝙩𝙞𝙢𝙚

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S/n Hernandez  POV's.

Eu sentia o peso do mundo sobre meus ombros enquanto se preparava para a conversa que tanto temia. Havia uma confusão crescente em mente, como se pedaços desconectados de um quebra-cabeça estivessem começando a se encaixar, mas formando uma imagem que não queria ver. Os cabelos loiros, o medalhão, os pais australianos, e a memória nebulosa de um acidente que eu mal conseguia recordar —tudo isso estava prestes a explodir em uma verdade que sabia que mudaria minha vida para sempre.

Respirando fundo, subi as escadas do apartamento que dividia com 'mamãe' em Ipanema. Cada passo parecia um fardo, mas eu sabia que não podia adiar mais essa confrontação. A conversa que tivera com Augusto na praia, sobre a suposta ligação  com Hannah Palmer,  havia me deixado abalada, e agora, precisava de respostas. Respostas que só a mulher que conhecera como minha mãe poderia fornecer.

Quando finalmente cheguei à porta,  hesitei por um momento, reunindo coragem antes de entrar. Ao empurrar a porta, encontrou  mamãe na sala, sentada em sua poltrona favorita, com um livro de memórias aberto no colo. Era uma cena quase banal, mas a tensão no ar era palpável.

—Mãe, precisamos conversar — disse, tentando manter a voz firme, mas notando um leve tremor.

A mulher levantou os olhos do livro, surpresa com o tom. Ela fechou o livro lentamente, como se estivesse tentando ganhar tempo, e então gesticulou para que eu me sentasse.

—Claro, docinho. Do que se trata? — perguntou ela, mas havia algo na voz dela que não conseguia identificar, um nervosismo, talvez.

Sentou-me em frente a ela, mas estava inquieta, mexendo nas mãos, buscando as palavras certas. Por onde começar? As memórias de infância? O casal australiano? O acidente? Decidiu começar com o que mais incomodava.

—Eu... estive pensando muito sobre o medalhão —comecei, observando atentamente a reação dela. — O medalhão que tenho. Ele tem iniciais que não são minhas, e agora, Akio me contou algo perturbador.

Mamãe empalideceu ao ouvir o nome "Akio", mas não disse nada, esperando que continuasse.

—Ele disse que essas iniciais são de uma garota chamada Hannah Palmer. Ele... acha que ela morreu em um acidente de carro junto com o irmão dele, mas não entendo como eu teria algo que pertencesse a ela —Fiz uma pausa, sentindo a garganta apertar. — Eu preciso saber a verdade, mãe. Quem eu sou? E por que eu tenho esse medalhão?

A mulher à minha frente parecia ter levado um tiro. Ela desviou o olhar, incapaz de me encarar enquanto as palavras da verdade se formavam na ponta de sua língua. O silêncio entre nós se estendeu por um momento interminável, até que finalmente, mamãe suspirou profundamente, como se estivesse carregando um fardo impossível de suportar.

—S/n, você precisa entender que tudo o que fiz foi por amor a você — começou ela, a voz trêmula. —Mas... acho que chegou a hora de contar a verdade, mesmo que doa.

Senti um calafrio percorrer minha espinha. Tudo o que eu sabia, ou pensava saber, estava prestes a ser desfeito. Permaneci em silêncio, permitindo que mamãe finalmente revelasse o que estava enterrado por tanto tempo.

—Você... sempre foi uma menina tão especial, tão cheia de vida — começou mamãe, a voz embargada. — Mas...você não é minha filha, minha garota de Ipanema, seu nome de batismo era... Hannah Palmer.

As palavras pairaram no ar, pesadas e irreais. Senti como se o chão tivesse desaparecido sob meus pés.

—O quê? — murmurei, descrente, balançando a cabeça em negação. — Isso... isso não pode ser verdade.

𝘼𝙡𝙞𝙣𝙝𝙖𝙢𝙚𝙣𝙩𝙤 𝙢𝙞𝙡𝙚𝙣𝙖𝙧 || Augusto Akio Onde histórias criam vida. Descubra agora