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Autora POV's.
Augusto caminhava lentamente entre os túmulos, seus passos pesados ecoando no silêncio opressor do cemitério. O vento frio do final de outono fazia as folhas secas rodopiarem aos seus pés, e o céu cinzento parecia compartilhar de sua tristeza. Ele nunca gostou de vir aqui. O cemitério era um lugar de dor, onde as lembranças pesadas se misturavam à terra fria e à pedra dura das lápides. Mas ele precisava estar ali, precisava enfrentar a realidade de uma vez por todas.
Parou em frente ao túmulo de seu irmão mais velho, o rapaz que havia sido sua inspiração em tantos aspectos da vida, mas também a fonte de tanta confusão e dor. A lápide, simples e discreta, apenas trazia o nome do irmão, as datas de nascimento e morte, e uma breve inscrição: "Que sua alma encontre a paz que a vida não lhe deu."
Ele respirou fundo, sentindo o cheiro de terra molhada e folhas em decomposição. Seus olhos se fixaram na lápide, mas sua mente estava longe. Ele pensava em Hannah Palmer, a garota australiana que havia sido namorada de seu irmão. Eles eram inseparáveis, como duas metades de uma moeda. Mas o relacionamento deles era caótico, cheio de altos e baixos, de amor e ódio. Akio nunca havia entendido completamente o que aconteceu entre eles, apenas que tudo terminou de forma trágica.
Mas agora, depois de tanto tempo, ele começava a perceber que havia muito mais naquela história do que imaginava. O medalhão que ele encontrara no quarto de seu irmão, tão parecido com o que a namorada carregava, era a chave de um mistério que mal conseguia compreender. A lembrança de seu sonho recente ainda era vívida em sua mente, o sorriso de Hannah misturado ao de S/n, como se as duas fossem uma só.
—Theo... —Sussurrou, sentindo um nó apertar em sua garganta. —O que você estava escondendo de todos nós?
Ele fechou os olhos, tentando afastar a dor que ameaçava transbordar. Mas era impossível. As emoções que ele havia enterrado junto com seu irmão agora voltavam com força total. Se lembrava de como seu irmão havia mudado nos meses antes do acidente, como parecia mais sombrio, mais distante. E se lembrava de como Hannah desapareceu da vida deles, como uma sombra se esvaindo ao entardecer, apenas para surgir novamente em sua mente com uma força incontrolável.
O skatista ajoelhou-se ao lado da lápide, sentindo o peso de uma tristeza ancestral em seus ombros. Ele não chorava, mas a dor era quase insuportável. Era como se algo dentro dele estivesse se quebrando lentamente, pedaço por pedaço, e ele não pudesse fazer nada para impedir.
—Por que você nunca me contou nada? —Ele murmurou, olhando para a lápide como se esperasse uma resposta, mas o silêncio foi sua única companhia.
Após um longo tempo, finalmente se levantou, sentindo-se vazio por dentro. Ele sabia que não havia respostas ali, apenas mais perguntas. E havia uma pessoa que talvez pudesse ajudá-lo a entender. A Brasileirinha.
Ele decidiu ali mesmo, entre os túmulos e as memórias sombrias, que iria atrás dela. Havia algo que ela não estava lhe contando, algo que estava escondido nas profundezas de sua alma, e ele precisava saber. Mas mais do que isso, ele queria estar ao lado dela, queria protegê-la do que quer que estivesse assombrando seu passado.
Com essa determinação renovada, o mestiço deixou o cemitério, o vento gelado açoitando seu rosto. Ele sabia que precisava fazer isso, mesmo que significasse reviver dores antigas e enfrentar verdades que talvez ele preferisse nunca ter descoberto. Ele comprou a primeira passagem disponível para o Rio de Janeiro, o coração batendo acelerado no peito enquanto ele pensava em todas as possibilidades.
Quando finalmente chegou ao Rio, sentiu uma mistura de nervosismo e determinação. Ele sabia onde ela morava, mas não tinha certeza de como seria recebido. O bairro de Ipanema estava banhado pelo sol, o calor tropical um contraste gritante com o frio do Sul. Mas Akio mal percebeu a mudança de clima, seu foco todo voltado para a namorada.
Depois de pegar um táxi, chegou ao endereço dela. Ficou parado em frente ao prédio, respirando fundo várias vezes, tentando acalmar o turbilhão de emoções que sentia. Ele havia ensaiado o que diria, mas agora, com a realidade à sua frente, as palavras fugiam. Subiu lentamente as escadas, e a cada passo, sentia o coração bater mais forte.
Quando finalmente bateu à porta, uma parte dele queria desistir, correr de volta ao conforto de sua vida em que tudo fazia sentido. Mas a porta se abriu, revelando S/n, e todas as dúvidas do garoto se dissiparam ao vê-la.
—O que você está fazendo aqui, Gusto? — S/n perguntou, a voz exalando excitação e felicidade.
Augusto não conseguiu responder imediatamente. Ele apenas a olhou, a mistura de alívio e amor no rosto dele era tão intensa que fez S/n tremer. Ela se lembrou do que tinha vivido nos últimos dias, as descobertas, os medos, e agora ele estava ali, trazendo à tona tudo o que ela queria desesperadamente esquecer —ou o alívio que ela tanto buscava.
—Eu precisava ver você — ele finalmente disse, a voz baixa, quase um sussurro. —Precisava te ver e conversar sobre o que está acontecendo.
—Amor... — S/n começou, mas as palavras morreram em sua garganta.
Ele deu um passo à frente, sem se importar com a distância ou as dificuldades que os separavam. Augusto pegou a mão dela, sentindo a tensão nos músculos dela. Ele sabia que algo estava errado, mas não sabia como começar a desvendar o mistério.
—Brasileirinha, eu estive no cemitério hoje, no túmulo do meu irmão. Eu vi algo, senti algo, que me fez vir até aqui — ele disse, a voz carregada de emoção. —Preciso entender o que está acontecendo. E preciso que você me diga a verdade.
Ela sentiu um frio percorrer sua espinha. O peso do medalhão no bolso parecia aumentar, e ela sabia que não podia mais fugir da verdade. Eles estavam ligados de uma forma que ela não conseguia explicar, um alinhamento de destinos que era ao mesmo tempo assustador e reconfortante.
—Eu não sei como começar... — ela murmurou, lutando para encontrar as palavras certas.
—Apenas comece do início, eu vou estar aqui, ouvindo — Akio respondeu, sua voz suave e reconfortante.
Ela olhou nos olhos dele, tão cheios de esperança e determinação, e sentiu uma lágrima escorrer pelo rosto. Ele a puxou para um abraço apertado, sentindo o medo e a vulnerabilidade dela. E ali, no meio de tantas incertezas, eles encontraram um no outro a força para enfrentar o que estava por vir.
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Esse capítulo cabe perfeitamente em After Hours do The Weeknd. Escutem e daí vocês podem ler KKKKKKKKKvou postar muita coisa hoje 🤧
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𝘼𝙡𝙞𝙣𝙝𝙖𝙢𝙚𝙣𝙩𝙤 𝙢𝙞𝙡𝙚𝙣𝙖𝙧 || Augusto Akio
Hayran Kurgu"𝘼 𝙜𝙚𝙣𝙩𝙚 𝙩𝙚𝙢 𝙪𝙢 𝙘𝙝𝙖𝙧𝙢𝙚 𝙚𝙨𝙥𝙚𝙘𝙞𝙖𝙡, 𝙩𝙤𝙙𝙤 𝙢𝙪𝙣𝙙𝙤 𝙦𝙪𝙚𝙧 𝙥𝙖𝙧𝙖𝙧 𝙥𝙖𝙧𝙖 𝙫𝙚𝙧." Quando S/n Hernandez, vai cobrir os Jogos Olímpicos de 2024 e está no auge de sua carreira. Mas abrir o coração para o amor não está...