𝟬𝟬𝟰 - 𝘼 𝙧𝙚𝙖𝙡 𝙣𝙞𝙜𝙝𝙩𝙢𝙖𝙧𝙚

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˚🛹✩ ₊˚🎧⊹♡

Autora POV's:


A noite estava incrivelmente silenciosa, exceto pelo som ocasional dos carros passando pelas ruas de Paris. S/n estava deitada em sua cama, tentando descansar depois da agradável noite que teve com Augusto. Apesar da calmaria externa, algo dentro dela estava inquieto, como se velhos fantasmas estivessem despertando.

Ela finalmente adormeceu às onze e meia, mas o sono trouxe consigo memórias indesejadas, memórias que ela tentou enterrar profundamente.
S/n se viu de volta à sua infância, em um cenário que parecia absurdamente real. Era uma tarde ensolarada em uma pequena casa modesta, mas o ambiente estava carregado de tensão. Ela era apenas uma menina, sentada em um canto da sala, assistindo sua mãe chorar silenciosamente enquanto um homem falava alto.

Esse homem era seu pai, Juan Hernandez, um mexicano de estatura mediana, mas que na memória dela parecia enorme e intimidador. Ele falava em espanhol, sua voz ecoando como trovão. Ela não entendia todas as palavras, mas sabia que ele estava bravo, furioso. De repente, ele parou de falar e se virou para ela. O olhar em seus olhos a fez estremecer.

Ele deu alguns passos em sua direção, e ela sentiu o coração disparar.

-Mi hija, no seas tonta. No puedes contar con nadie en esta vida, ni siquiera conmigo. Solo sobrevivimos, ¿entiendes?*

As palavras dele perfuravam seu coração jovem e frágil.

Então, sem mais uma palavra, ele pegou sua mala, lançou um último olhar frio para ela e saiu pela porta, batendo-a com força. O som da porta se fechando ecoou pela casa, e S/n, no sonho, correu atrás dele, mas não conseguiu alcançá-lo. Ela gritou, mas sua voz não saía, como se estivesse sufocada. Ela tentou abrir a porta, mas suas mãos pequenas não conseguiam girar a maçaneta. A sensação de impotência a consumia.

A garota acordou de repente, o corpo suado e o coração batendo violentamente contra o peito. Sua respiração estava entrecortada, e por um momento, ela não sabia onde estava. Tudo ao seu redor parecia opressor, como se as paredes estivessem se fechando sobre ela.

Tentou controlar a respiração, mas quanto mais tentava, mais sentia o pânico crescendo dentro de si. Era como se estivesse presa novamente naquele dia, incapaz de escapar da memória dolorosa. Ela se encolheu na cama, abraçando os joelhos, tentando encontrar algum alívio, mas os flashes da figura de seu pai, se assim ela pudesse chamar, continuavam a invadir sua mente.

Sua visão começou a escurecer nas bordas, e ela sabia que estava à beira de uma crise de pânico. Ela precisava de ajuda, de alguém para tirá-la daquele lugar sombrio onde seu passado a havia arrastado.

Com as mãos tremendo, S/n agarrou o celular. Mal conseguia enxergar a tela, mas foi tocando freneticamente até encontrar o primeiro nome que apareceu: Augusto Akio (skatista).

Ela não hesitou. Mesmo que ele fosse praticamente um estranho, era a única pessoa que conseguia pensar naquele momento. E, de alguma forma, ela sabia que ele não a deixaria sozinha. Logo apertou o botão de chamada e levou o telefone ao ouvido, tentando conter o choro que ameaçava irromper.

-Augusto... por favor... Eu preciso de você. - ela dizia com a voz embargada e levemente sufocada.

Do outro lado da linha, Akio respondeu quase que imediatamente, sua voz mostrando uma mistura de preocupação e urgência.

-S/n? O que aconteceu? Você está bem?

Ela tentou responder, mas as palavras não saíam. Tudo que conseguiu emitir foi um soluço angustiado. Ela ouvia a voz dele chamando seu nome, mas era como se estivesse distante, como se ele estivesse tentando alcançá-la de um lugar muito distante.

-Estou indo para o seu hotel. -podia-se ouvi-lo calçar os sapatos e avisad alguém que preciava sair urgentemente.- Fique comigo na linha, hm?

Ela tentou seguir as instruções dele, mas seu corpo estava em completo caos. Sabia que ele estava falando, mas as palavras dele começavam a se perder em meio ao som do sangue pulsando em seus ouvidos. Era como se o mundo estivesse desmoronando ao seu redor.

Akio chegou ao hotel em tempo recorde. Ele mal esperou o elevador e subiu as escadas até o andar de S/n, encontrando-a encolhida no chão do quarto, segurando o telefone com tanta força que seus dedos estavam brancos. Ele rapidamente se aproximou, abaixando-se ao lado dela.

-Ei, brasileirinha, estou aqui agora. -ele falou com a voz tão suave que poderia jurar que ele estava ninando um pequeno bebê- Olha pra mim, S/n. Respira fundo, você vai ficar bem. Eu estou aqui.

Ele a segurou pelos ombros, tentando estabilizá-la. Aos poucos, S/n começou a se concentrar na presença dele, sua voz, seu toque. Ela se agarrou a ele como se ele fosse sua âncora, e aos poucos, a respiração começou a voltar ao normal, o coração desacelerando.

Akio a puxou para um abraço apertado, murmurando palavras tranquilizadoras enquanto acariciava suas costas. Ele não fazia perguntas; apenas oferecia sua presença, permitindo que ela se sentisse segura novamente.

Depois de algum tempo, quando a jovem Hernandez finalmente parou de tremer, ele se afastou um pouco, o suficiente para olhar em seus olhos.

-Você não está sozinha, S/n. Não mais. Eu estou aqui, e não vou a lugar nenhum. -ele estava sussurrando, o tom bem baixo e grave.

Ela o olhou nos olhos, ainda ofegante, mas sentindo algo dentro de si se acalmar pela primeira vez em muito tempo. Pela primeira vez, ela sentiu que talvez pudesse confiar em alguém. Não totalmente ainda, mas o suficiente para acreditar que poderia haver um futuro onde o passado não a atormentasse tanto.

S/n assentiu levemente, encostando a cabeça no peito do rapaz, ouvindo o batimento regular do coração dele. Aquele som, combinado com a sensação de segurança em seus braços, foi o suficiente para finalmente deixá-la relaxar, permitindo que o sono voltasse, dessa vez sem os pesadelos que tanto a assombravam.

Ela dormiu ali mesmo, embalada nos braços do mestiço, respirando tranquila e com um semblante tranquilo. Mas ele continuava preocupado, ainda mais com ele e a garota sozinhos no quarto, no desespero dela, e no que as pessoas pensariam daquilo.

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Tradução fala do pai: Minha filha, não seja boba. Você não pode contar com ninguém nesta vida, nem mesmo comigo. Nós apenas sobrevivemos, entendeu?

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GENTE EU ESTOU AMANDO ESCREVER ESSES IMAGINES!!!!
Muito obrigada por todas as estrelinhas e os comentários.
Se puderem dar uma olhadinha nos meus outros livros, ficaria agradecida.
Vocês tem alguma preferência para o outro imagine? Porque isso está quase uma fanfic kkkk

Beijinhosss e tenham um bom final de semana!

𝘼𝙡𝙞𝙣𝙝𝙖𝙢𝙚𝙣𝙩𝙤 𝙢𝙞𝙡𝙚𝙣𝙖𝙧 || Augusto Akio Onde histórias criam vida. Descubra agora