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O sol atravessava a janela do escritório de Lisa, iluminando os roteiros e storyboards espalhados pela mesa. Era o tipo de dia que ela, como diretora, adorava: envolvida no processo de criar mundos, dar forma a personagens e imaginar as cenas que em breve ganhariam vida nas filmagens. Mas hoje, a inspiração parecia distante. Sua mente estava cheia de vozes e fragmentos de ideias, uma confusão criativa que a deixava imersa em uma batalha interna para encontrar o próximo passo.

A equipe técnica já estava reunida na sala de conferência, ansiosa para discutir as próximas etapas da produção. Havia André, o diretor de fotografia, um homem com um olhar aguçado para a luz e a composição; Bia, a figurinista, sempre com ideias inovadoras e um senso estético impecável; e Carlos, o editor de som, que tinha a habilidade de transformar qualquer ruído em uma experiência sensorial.

André: Lisa, tá todo mundo aqui te esperando.

A voz de André a tirou de sua distração. Ela forçou um sorriso, tentando parecer presente.

Lisa: Desculpa, gente. Me perdi nos detalhes da próxima cena.

Mentiu, tentando disfarçar a confusão em seus olhos.

A discussão sobre a sequência da perseguição tomou conta da sala. André defendia um plano-sequência longo e dinâmico, enquanto Bia sugeria um jogo de cores e sombras para criar uma atmosfera mais tensa. Carlos, por sua vez, propôs uma trilha sonora que alternasse entre momentos de silêncio e explosões de som.

Lisa ouvia atentamente, mas sua mente continuava divagando. As vozes em sua cabeça ganhavam cada vez mais força, criando um cenário mental complexo e intrigante. A cada pausa na conversa, ela se perdia em um labirinto de emoções e questionamentos. Até que uma voz a tirou de seus pensamentos mais uma vez.

Bia: Lisa, você concorda com a ideia do plano-sequência?

Lisa: (Sem muita convicção) Sim, sim, acho que seria incrível.

A reunião seguiu, mas Lisa não conseguia se concentrar. A cada pausa, seus olhos buscavam o celular, esperando uma mensagem que nunca chegaria. A ansiedade crescia a cada minuto.

Ao final do dia, exausta, Lisa deixou o estúdio. Caminhando pelas ruas, ela decidiu que precisava fazer algo. Não podia continuar assim, prisioneira de seus próprios pensamentos. Mas o que poderia fazer? Como poderia encontrar paz em meio a essa tormenta interior?

Lisa saiu do estúdio com a mente ainda mais pesada do que quando entrou. Ela não conseguia parar de pensar na última vez que viu S/n. A cena da festa ainda estava fresca em sua memória: S/n rindo ao lado de Hailee, sem suspeitar que aquela mesma pessoa que a havia seduzido poderia ser perigosa.

Lisa sentia um nó no estômago. Não era apenas culpa pelo que tinha feito no passado, traindo S/n com Hailee. Agora, era um medo genuíno pelo bem-estar de S/n. Ela conhecia Hailee o suficiente para saber que seu charme escondia algo muito mais sombrio, uma habilidade manipuladora que Lisa, infelizmente, havia subestimado. E agora, S/n estava no centro desse perigo.

Lisa: (pensando alto) Ela não vai acreditar em mim...

Sem saber o que fazer, Lisa decidiu que precisava falar com Margot. Se alguém pudesse convencê-la a enxergar o perigo, seria sua melhor amiga. Ela sempre foi leal, e se soubesse o que estava acontecendo, não hesitaria em proteger S/n.

O problema era que Margot nunca gostou de Lisa. A ideia de se aproximar dela para pedir ajuda parecia quase impossível, mas Lisa sabia que não tinha escolha. Aquilo não era mais sobre seu arrependimento, mas sobre garantir que S/n estivesse segura.

O que passa na cabeça dela?Onde histórias criam vida. Descubra agora