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Eu havia dormido durante a aula inteira, e sinceramente... acho que só acordei no momento em que o sinal para o intervalo tocou. Senti uma mão suave me cutucando, e quanto lentamente abri os olhos, vi que se tratava do garoto que sentava ao meu lado.

— Está... na hora do intervalo — avisou, timidamente.

— Ah, sim... — olhei ao redor da sala, que já se encontrava vazia — Valeu por avisar.

Levantei-me de meu assento, sem saber muito bem o que fazer. Peguei um pouco de dinheiro e decidi que compraria algo para comer, já que não havia tomado café da manhã mais cedo.

Fui até a fila imensa do refeitório, sentindo-me já impaciente por ter que esperar. Uma refeição mediana realmente valia meu dinheiro suado? Decidi que não no momento em que, segundos depois, vi Finney andando apressadamente, como se estivesse fugindo de algo.

Eu não era burra, e já estava acostumada a saber como essas coisas funcionavam. Três garotos com aparência de delinquente estavam indo atrás dele.

Imediatamente me retirei da fila, sabendo que o melhor a se fazer seria intervir. Eu não tinha medo de uns bananas aleatórios, e meu teaser elétrico servia para ser útil em momentos como esse.

Tentei acompanhar o ritmo dos garotos, mas tive que parar quando eles entraram no banheiro masculino.

Eu não podia entrar, mas...

Quem ligava? Não era como se eu pudesse ser punida por tentar ajudar um aluno.

Sorrateiramente, adentrei o cubículo com odor extremamente desagradável. Meu nariz se contorceu em desgosto.

— Oh Finney... aparece aí, mané — disse um dos rapazes. Ele tinha cabelos medianos e usava uma franja extremamente lisa sobre a testa.

— Tá querendo enganar quem, seu trouxa? — perguntou o de cabelos ruivos.

Ouvi o som da porta do banheiro se abrindo. Aparentemente, Finney havia criado coragem e parado de se esconder.

— O que você tá fazendo no nosso banheiro? — o ruivo cerrou os punhos.

— Não leu a placa na entrada, idiota? Tá escrito garotos, não frutinhas — disse outro.

— Sabem... eu acho que encurralar alguém em um cubículo tão apertado estando em maior quantidade... isso sim é uma atitude de bichinha — apareci por trás, um sorriso provocante se formando em meus lábios.

— Hã? — o ruivo se voltou para mim — Quem é você, garota? Isso aqui é o banheiro masculino.

— Parece o banheiro dos covardes, se para vocês a utilidade dele é ameaçar os mais fracos... — suspirei.

— Você tem sorte de ser uma garota, senão... — se aproximou, segurando fortemente meu cabelo.

— Senão o que? Não acho que tenha coragem... — soltei uma risadinha, retirando meu teaser elétrico do bolso sem que ele percebesse. Em questão de segundos, o garoto de cabelos alaranjados estava caído de joelhos no chão após ser pego de surpresa pelo choque.

— Você é maluca?! — me olhou com pavor.

— O que tá acontecendo aqui? Imbecis — Robin adentrou o banheiro, encarando com confusão enquanto caminhava em direção a pia. Começou a lavar as mãos plenamente, como se nada importasse — E aí, Finn. Tudo bem?

— Aqui tá... tudo certinho, eu acho — seus olhos se voltaram para mim por um instante, como se quisesse agradecer, mas não soubesse ao certo como fazer isso.

— Aham — Robin limpou o sangue na pia. Era uma quantidade tão impressionante que me senti surpresa pelo fato dele não ter desmaiado até agora — O Moose tem os dentes muito afiados. Eu passei a primeira aula inteira sangrando.

𝗨𝗟𝗧𝗥𝗔𝗩𝗜𝗢𝗟𝗘𝗡𝗖𝗘, finney blakeOnde histórias criam vida. Descubra agora