— Mas... se desse pra alguém quebrar a janela, alguém já teria quebrado antes... — disse Finney, sem confiança alguma em minha sugestão — O Robin conseguiria.
Meu peito se apertou novamente, mas tentei fingir que estava tudo bem.
Eu precisava ser forte naquela situação, mais do que nunca. Meu objetivo... era trazer uma esperança de sobrevivência para Finney Blake.
— Acho que somos o primeiro caso de duas crianças sequestradas ao invés de apenas uma... — sorri — Me ergue.
— O quê?! — suas bochechas atingiram uma tonalidade avermelhada.
— Anda logo... aquele maldito pode voltar a qualquer momento — sinalizei para que o garoto se abaixasse, rapidamente subindo em seus ombros.
Ele me ergueu com uma facilidade até que impressionante.
— Nossa... você é bem mais forte do que parece — comentei, surpresa.
— V-Valeu... eu acho — me ergueu um pouco mais para cima.
A grade de metal estava extremamente fixa na parede. Forcei o máximo que consegui, mas ela não deu indícios de que poderia cair. Comecei a puxá-la, soltando meu peso um pouco para trás.
— Cuidado aí! Desse jeito nós vamos ca... — Finney nem mesmo conseguiu completar sua frase. Em questão de segundos, perdemos o equilíbrio e estávamos no chão. O garoto, por sua vez, havia amortecido a queda para mim.
Mas, da mesma forma... senti um forte latejar no ferimento do meu braço.
— Cacete... — resmunguei, ainda caída sobre o garoto.
Ele parecia estranhamente confortável.
Era reconfortante sentir um calor familiar, quando tudo o que eu queria fazer era chorar.
Estava apavorada.
E se realmente... nunca saíssemos dali?
Apenas pensar nisso foi o bastante para desencadear uma crise de choro em mim. Quando me dei conta, estava ensopando a camiseta de Finney com minhas lágrimas.
Mas o garoto em momento algum pareceu se importar. Tudo o que o mesmo fez foi colocar suavemente uma mão sobre minhas costas, como se tentasse dizer que estava tudo bem se eu chorasse.
E assim eu o fiz... por pelo menos vinte minutos seguidos. Até que... o telefone preto enganchado na parede começou a tocar.
Eu continuei no chão, mas Finney correu para atendê-lo.
— Alô?! — perguntou, coberto de esperança. Por um momento, tentou enganchar o telefone novamente, mas hesitou e o trouxe de volta até a própria orelha — Alô?
— Tá ouvindo alguma coisa? — me levantei, curiosa.
— Não... nada...
Vendo que não teria resposta, ele deixou o telefone de lado. Eu me deitei no colchão, sentindo o cansaço do dia. Precisava descansar por um tempo, se realmente quisesse arquitetar um plano para fugir dali.
Antes de tudo, era necessário que o ferimento no meu braço não ficasse abrindo o tempo todo.
Fechei os olhos, tentando a todo custo pegar no sono. Era uma atividade bastante complicada considerando aquele colchão duro e fedorento, mas o cansaço e a dor falaram mais alto, me fazendo rapidamente adormecer.
(...)
Acordei sentindo um olhar queimando... não exatamente na minha direção, mas na direção de Finney. O sequestrador usava uma máscara diferente dessa vez, mas eu mal conseguia enxergá-la através da penumbra do porão.
— Para... com isso... — sussurrei baixinho, com medo de que Finney, que dormia tranquilamente, acordasse.
— Parar com o quê?
— Seja lá o que você está pensando em fazer com ele... só vou permitir sobre o meu cadáver — de forma protetora, estendi meu braços na frente do garoto.
— É mesmo? Até agora eu estive sendo bem generoso com você... garota — me olhou de cima a baixo, quase como um desafio.
Você não é necessária aqui.
Finney acordou um pouco confuso segundos depois. Piscou os olhinhos lentamente, antes de enfim abri-los. Se sentou na cama, recuando um pouco ao notar a presença do sequestrador.
— Eu to com fome — disse ele. — Preciso de comida.
— Como estão seus olhos? — o tom do sequestrador para Finney foi dirigido de uma forma mais atenciosa.
— Doendo.
— Bem... não posso trazer nada pra você comer. Vai ter que esperar.
— Tem alguém lá em cima que vai ver você trazendo comida? — insistiu Finney, esperançoso.
— Não se preocupe com isso.
— Se não veio aqui pra trazer a porcaria da comida, então qual foi o motivo?! — Cerrei os dentes, me controlando para não me levantar e ir para cima do desgraçado.
Não tinha como vencer. Não com o braço fodido daquele jeito.
— Só para olhar pra você — fitou diretamente Finney.
Eu não existia para o sequestrador.
Era como... um telespectador. Eu estava na cena, presenciava todo aquele sofrimento... mas não era vista pelo personagem principal.
Eu não podia fazer nada além de remoer meus próprios sentimentos.
E aquilo estava me destruindo pouco a pouco.
— Eu só queria olhar pra você — repetiu novamente, os olhos marejados — Eu já vou — fechou a porta.
A respiração de Finney ao meu lado se tornou descompassada.
Foi então que me lembrei de algo que mamãe sempre fazia comigo quando ainda estava viva, nos momentos em que eu estava assustada. Ela sempre me trazia para seu colo e acariciava minha cabeça, até que eu me encontrasse completamente relaxada.
Timidamente, foi o que fiz com Finney. O trouxe para perto, e ele pareceu um pouco constrangido no momento, mas estava tão esgotado que aceitou facilmente. Ele se ajeitou confortavelmente em meu colo, e minhas mãos passearam por seus fios macios, delicadamente. Com afeto. Eu apenas queria vê-lo mais calmo.
— Isso vai passar — sussurrei — Não importa como, nós vamos sair daqui.
Finney não teve tempo de responder algo, pois repentinamente o telefone havia tocado outra vez. Meio que por impulso, ele se levantou. Estava hesitante, mas aquele resquício de esperança o fez atender.
— Alô? Tem alguém aí? Preciso de ajuda... Alô?
— Finney... — uma voz chiada foi ouvida do outro lado.
Dei um pulo no colchão, totalmente assustada com aquilo.
(...)
Espero que tenham gostado!
Não se esqueçam do voto!
Até o próximo <3
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𝗨𝗟𝗧𝗥𝗔𝗩𝗜𝗢𝗟𝗘𝗡𝗖𝗘, finney blake
FanfictionEm cada esquina de um bairro pacato e tranquilo, onde o sol parece brilhar numa luz quase inocente... esconde-se uma verdade sombria: serial killers também são vizinhos de alguém. Bella se viu obrigada a mudar de cidade mais uma vez devido ao trabal...