𝗨𝗟𝗧𝗥𝗔𝗩𝗜𝗢𝗟𝗘𝗡𝗖𝗘, finney blake

5:

Eu sentia falta de Robin todos os dias. Literalmente em todos eles. Eu me culpava por seu desaparecimento mais do que tudo.

Se naquele dia eu não tivesse o convidado para ir até a minha casa ver filmes, ele não teria sido a próxima vítima do sequestrador.

Após o desaparecimento de Robin, eu havia me afastado de Finney e Gwen. Não é que não os considerasse como meus amigos, mas... eu não tinha como olhar na cara deles.

Não enquanto aquela maldita culpa continuasse a me consumir durante todos os dias.

Mesmo com meu pai envolvido no caso, as coisas não prosseguiram. De forma alguma os detetives conseguiam descobrir quem era o culpado.

Ele com certeza tinha algum truque escondido na manga, algo que nenhum de nós poderia imaginar.

Infelizmente, eu ainda me sentava ao lado de Finney em algumas aulas. Naquele dia, era a primeira vez que estávamos nos encarando desde o incidente.

As marcas vermelhas sob as bolsas abaixo de seus olhos indicavam o fato de que ele havia chorado bastante nas últimas semanas. Queria poder ajudar, mas não sabia como.

Só havia uma forma, e essa seria: pegar o filho da puta e acabar com ele de uma vez.

Mas se nem meu pai estava conseguindo fazer alguma coisa... por que uma estudante de treze anos conseguiria?

— Tudo bem, turma. Hoje é o dia pelo qual vocês aguardaram o semestre inteiro... dissecação de sapo — começou o professor — Fiquem com suas duplas, e não venham me pedir para mudar depois.

— Ei, Finney... — Comecei, meio sem graça.

— Ah... oi... — esboçou um sorriso fino, praticamente apagado.

Robin... se você estivesse aqui, certamente estaríamos sorrindo de verdade.

Eu sabia que nada no mundo poderia substituir ou amenizar a dor pela sua perda...

Só a morte do maldito covarde que havia feito isso com você.

— Eles são uns babacas... — observei Finney mais de perto. Além das marcas de choro, um de seus olhos estava meio roxo.

Sem Robin para ajudar, os delinquentes estavam mais livres do que nunca para fazer o que bem entendiam na escola.

— O quê?

— Hoje cedo... a Gwen comentou comigo... ela é uma irmã realmente incrível, sabia?

Gwen ainda falava comigo as vezes, mas eu sempre dava um jeito de cortar o assunto na maioria das situações.

— Enfim... se quiser escrever a redação sobre o trabalho de hoje... você está livre? — perguntei, tentando mudar de assunto.

— S-Sim... claro — assentiu com a cabeça — Na sua casa ou na minha? Eu acho... que a Gwen vai dormir na casa da Susie hoje.

— Pode ser na minha...

Eu nunca havia comentado com Finney ou com Gwen, mas já havia reparado que a garota tinha algumas marcas roxas no corpo. Nunca busquei entender a fundo, mas não sentia algo bom quando me deparava com o pai deles pela rua.

Decidimos que o trabalho seria feito na minha casa. Durante a aula, apenas dissecamos o sapo e nos focamos em planejar o que escreveríamos na redação (que deveria conter pelo menos 60 linhas, mas poderia ser feita em conjunto).

Quando o alarme anunciando o fim das aulas finalmente tocou, Finney e eu nos juntamos para caminhar lado a lado em direção a minha residência, que ficava ao oeste da escola.