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Finney imediatamente colocou o telefone no gancho outra vez, e então se afastou até chegar à parede. Sua respiração acelerada entregava o pavor que sentia com o acontecimento.

Ele me encarou por um instante, na intenção de conferir se eu também havia escutado aquilo. Assenti com a cabeça.

— É, Finney... você definitivamente não está ficando louco.

O telefone então começou a tocar mais uma vez. Eu estava assustada, mas também curiosa.

Então o atendi.

Finney correu até meu lado, querendo escutar.

Não houve nenhuma fala dessa vez. Não entendi o motivo, mas enganchei o telefone novamente.

O som do telefone tocando se fez ouvido outra vez naquele porão.

— Atende você — Fitei Finney — Foi o seu nome... que a pessoa do outro lado da linha falou.

Meio trêmulo, o garoto pegou o telefone em mãos e o atendeu. Eu apenas permaneci calada, na esperança de escutar outra vez.

— Não desliga — era uma voz bonita do outro lado da linha, bem calma e... madura, de certa forma.

— Não vou. Quem é? — perguntou Finney.

— Eu não me lembro do meu nome.

— Como não?

— É a primeira coisa que você perde.

— Que você perde quando? — A voz de Finn falhou por um momento.

Mas ele sabia quando.

Eu sabia quando.

Todos nós sabíamos.

— Como sabe o nome dele? — me intrometi pela primeira vez.

— A gente se conheceu. Seu braço é um canhão... quase me pegou, hein.

Apenas franzi o cenho, sem entender muito bem. Se aquela pessoa não estava mais entre nós... provavelmente havia sido uma das vítimas do sequestrador.

Robin... Bruce... Vance... Billy... Griffin.

Não era Robin, mas ainda restavam quatro opções.

Quatro garotos de provável futuro brilhante... que eu nunca tinha chegado a ver.

— Bruce? — Finney pareceu se lembrar — Bruce Yamada?

— É... — seu tom de voz demonstrou quão emocionado ele estava ao se lembrar — Bruce. Eu sou o Bruce. Seu braço é um canhão. Quase me pegou.

— O telefone tocou pra você?

— Tocou, mas nenhum de nós ouviu. Só vocês. O sequestrador também escuta o telefone, mas ele não quer acreditar.

— Por que você ligou?

— O seu braço é um canhão. Quase me pegou, hein. Que bom que é você — fez pausa por um momento — Finney?

— Oi.

— Tem um trecho de terra no chão do corredor, com um ladrilho solto. Tenta cavar para baixo da casa. Eu tentei, mas não tive tempo de cavar até o lado de fora.

— E vai dar tempo?

A ligação cai, antes que Bruce tenha tempo de responder mais alguma coisa.

— Droga... o que foi isso?! — Minha respiração ainda estava acelerada.

— Trecho de terra... no fim do corredor... — Finney saiu em disparada, caçando pelo ladrilho.

Eu corri até o tal ladrilho, e juntos nós começamos a cavar. Mesmo com duas pessoas, levamos horas até ter um buraco consideravelmente grande.

Quantos dias não levariam... até que a gente finalmente conseguisse sair do outro lado?

A terra que tirávamos dali, levávamos diretamente até o vaso sanitário, onde dávamos descarga, livrando-nos de qualquer prova de que havíamos feito aquilo.

Para esconder o buraco, acabamos optando por usar um dos tapetes que se encontravam no banheiro.

O sequestrador nunca perceberia, porque ele nunca passava tempo demais ali embaixo.

E não prestava atenção em nada além de Finney Blake.

— No mínimo três dias... — me joguei no colchão, acabada após cavar por cerca de cinco horas. O sequestrador não havia aparecido em nenhum momento durante todo este tempo — Usando as mãos, mesmo com duas pessoas... eu não vejo como conseguiríamos em menos tempo. E estou sendo positiva...

— Eu vou... continuar cavando — disse Finney, baixinho.

Mas eu o segurei pela mão, impedindo-o.

— Você tá tremendo de tão fraco. Não vai conseguir fazer muito assim... só vai acabar desmaiando — o puxei para se sentar ao meu lado — Eu vou continuar cavando daqui a pouco, mas quero que você descanse.

— O que? Não! Não posso... te deixar fazendo isso sozinha.

— Podemos nos separar por turnos, o que acha? Um descansa, enquanto o outro continua cavando. Vai ser melhor assim.

— Tudo bem... mas, já que é assim... quero que você descanse primeiro — me encarou, esboçando uma expressão preocupada.

— Tá... tudo bem... — suspirei — Mas... me acorde quando achar que já se passaram sessenta minutos.

Finney assentiu com a cabeça, e então retornou até onde o buraco se encontrava. Eu fechei os olhos, sentindo a dor pelo cansaço começar a bater.

Não demorou muito para que minha consciência se tornasse um grande espaço escuro e eu enfim adormecesse, os pensamentos a mil: realmente conseguiríamos fazer algo, ou estávamos destinados a decompor naquele porão imundo? 

(...)

Espero que tenham gostado! Os caps são um pouco curtos, mas é pq queria que tivesse mais volumes... uns 12 capítulos ao todo, pelo menos.

Não se esqueçam do voto! Vai me motivar a continuar postando com cada vez mais frequência.

Até o próximo! <3

𝗨𝗟𝗧𝗥𝗔𝗩𝗜𝗢𝗟𝗘𝗡𝗖𝗘, finney blakeOnde histórias criam vida. Descubra agora