JUSSARA
Eu nunca tinha me sentido tão nervosa em toda a minha vida. Eu olhava para a porta, esperando Amélia chegar, enquanto minhas mãos suavam e meu coração batia acelerado.
Eu sabia que precisava contar a ela, que não havia mais como esconder. Mas como ela reagiria? Era uma dúvida que me corroía por dentro.
A porta rangeu quando ela abriu, e eu me levantei rapidamente quando vi Amélia entrar. Ela estava acompanhada do namorado.
— Mãe. — Amélia sorriu ao me ver, mas logo seu olhar ficou confuso quando percebeu que havia algo estranho no ar. — Tá tudo bem?
Abri a boca para responder, mas foi nesse momento que PH apareceu, saindo da cozinha sem camisa. Ele olhou para mim e depois para Amélia, que agora estava completamente paralisada, com os olhos arregalados e a boca semiaberta.
— O que ele tá fazendo aqui? — ela perguntou, surpresa.
Eu sabia que tinha que explicar, mas estava congelada no lugar, sem conseguir formular uma frase coerente.
PH, sempre direto, quebrou o silêncio.
— A gente tá junto, Amélia.
O choque tomou conta do rosto dela. Eu vi Amélia virar a cabeça lentamente para mim, como se não acreditasse no que tinha acabado de ouvir. Eu só conseguia olhar para minha filha, vendo a incredulidade tomar conta de seu rosto.
— Juntos? — Amélia repetiu, a voz baixa, como se precisasse confirmar que havia escutado corretamente.
PH me olhou de lado, e eu sabia que ele estava esperando que eu tomasse a dianteira, que explicasse a situação.
Eu assenti, mas ainda assim, não conseguia dizer nada.
— Fala, Jussara. — PH insistiu, dando um passo à frente. — Ela precisa saber que o que a gente tem não é brincadeira, né?
Engoli em seco, tentando reunir a coragem que parecia escapar entre meus dedos. Limpei a garganta, mas ainda assim, minhas palavras saíram trêmulas.
— Amélia... — comecei, mas parei de novo, tentando encontrar a forma certa de continuar. — Eu e o Pedro... a gente... a gente tá... namorando.
Amélia recuou, cambaleando levemente, e se deixou cair no sofá. Ela parecia atordoada, tentando processar a informação. Eu me aproximei dela, sentindo um nó se formar em minha garganta.
— Desde quando? Como? — ela perguntou e havia confusão em seus olhos.
— Não foi planejado. — comecei a dizer, sem saber ao certo como justificar o que estava acontecendo. — Eu nunca quis esconder isso de você, mas... as coisas foram acontecendo e eu... eu fiquei com medo de te contar.
As lágrimas que eu tentava conter começaram a rolar pelo meu rosto.
— Eu só... — as palavras saíam em soluços entrecortados. — Eu só queria que você entendesse...
— Eu achei que a senhora ficaria com o Heitor... — ela murmurou, parecendo perdida em seus próprios pensamentos.
— Uma porra que ficaria! — PH interrompeu bruscamente, fazendo com que eu e Amélia olhássemos para ele. Mas antes que eu pudesse dizer algo, Pesadelo se intrometeu.
— Cala a boca, caralho. — Ele deu um passo na direção de PH, que imediatamente murchou, sabendo que não era o momento de peitar o chefe do morro. — Deixa elas conversarem.
PH deu de ombros, mas, ao passar por mim, ele se inclinou e deixou um beijo na minha testa.
— Para de ter medo. — Ele sussurrou, antes de seguir Pesadelo para fora da casa.
Quando eles saíram, eu me virei de novo para Amélia, que ainda estava processando tudo. O silêncio entre nós era pesado, quase sufocante. Eu sabia que precisava ser honesta, que precisava abrir meu coração para minha filha.
— Amélia, eu sei que isso tudo é... complicado. E eu não tô pedindo pra você aceitar de uma hora pra outra. — Minhas mãos tremiam enquanto eu segurava as dela. — Mas eu preciso que você entenda que... eu gosto dele. Eu não sei como aconteceu, mas eu gosto do Pedro e... eu não sei como evitar isso.
Eu chorava de verdade agora, as lágrimas correndo livremente pelo meu rosto. Eu me sentia tão vulnerável, tão exposta, implorando pela compreensão da minha filha.
— Mãe... — Amélia começou a dizer, mas sua voz falhou. Ela olhou para mim com uma mistura de emoções que eu não conseguia decifrar. — Eu... eu nunca imaginei você com o PH, sabe? Nunca passou pela minha cabeça.
Eu balancei a cabeça, compreendendo perfeitamente o que ela queria dizer. Nem na minha cabeça isso tinha feito sentido no começo.
— Eu sei, filha. — Eu murmurei, tentando conter as lágrimas. — Eu sei que é estranho... que é difícil de aceitar. Mas por favor... por favor, não me odeie por isso. Eu não suportaria.
O silêncio dela foi quase insuportável. Cada segundo que passava sem que ela dissesse algo parecia um peso a mais sobre meus ombros. Mas então, de repente, Amélia começou a chorar também. Ela balançou a cabeça, negando o que eu temia.
— Eu nunca poderia te odiar, mãe. — Ela sussurrou, as palavras entrecortadas pelos soluços. — Eu só... é muita coisa pra processar. Eu tô surpresa, confusa, mas eu nunca poderia te odiar por querer ser feliz. Eu só... nunca imaginei isso.
Eu a puxei para um abraço apertado, sentindo o alívio começar a invadir meu peito. Ela não me odiava. Ela não me desprezava por tentar encontrar um pouco de felicidade, por tentar amar alguém novamente. Mesmo que fosse o Pedro, alguém que ela nunca imaginou ao meu lado.
— Eu te amo tanto, Amélia. — Eu sussurrei no ouvido dela, enquanto a segurava com força. — Eu sou sua mãe, e você sempre vai ser minha prioridade, minha filha querida.
Quando finalmente nos soltamos, ela limpou as lágrimas com as costas das mãos e me olhou, ainda confusa, mas um pouco mais tranquila.
— Eu nunca pensei que você fosse gostar dele, mãe. — Ela disse, agora com uma expressão quase curiosa. — O PH sempre foi... o PH. Como isso aconteceu?
Eu dei um sorriso tímido, sentindo o peso no meu peito começar a diminuir um pouco.
— Nem eu sei, filha. — Admiti. — Mas ele foi se aproximando, mostrando um lado que eu não conhecia, e de repente... as coisas mudaram.
Amélia assentiu.
— E você tá feliz? — Ela perguntou, depois de um momento de silêncio.
Eu respirei fundo antes de responder, querendo ser completamente honesta.
— Muito. — Eu disse, com um sorriso que, dessa vez, veio mais fácil. — Ele me faz sentir viva de novo. Eu sei que parece estranho, mas ele me trata bem, me faz rir, e eu me sinto... importante quando tô com ele.
Amélia olhou para mim, então, lentamente, ela sorriu.
— Se você tá feliz, então eu vou ficar bem com isso. — Ela disse, e meu coração quase explodiu de gratidão.
Ela sorriu, e eu senti o peso do mundo começar a se dissipar.
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Desejo Proibido: A história de Jussara e PH
RomansaSpin-off de Seduzida pelo Dono do Morro Jussara, uma mulher madura e resiliente, vive com o peso das escolhas do passado, tentando proteger sua filha Amélia e se redimir dos erros cometidos. PH, ou Pedro Henrique, é um homem audacioso e provocador...