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JUSSARA

A sala estava cheia de alegria, vozes animadas, e o som de risadas ecoando pelas paredes enquanto todos cantavam os parabéns para Marina, que completava o seu primeiro aninho de vida. As luzes das velas no bolo refletiam nos olhos grandes e curiosos da minha neta, que observava tudo ao seu redor.

Eu não conseguia parar de sorrir, o coração cheio de amor ao ver minha netinha crescendo rodeada de tanto carinho.

Amélia estava ao lado de Arthur, ambos com os rostos radiantes de felicidade enquanto olhavam para a filha.

Era difícil acreditar que já havia se passado um ano desde o nascimento de Marina.

Parece que foi ontem que eu estava ao lado de Amélia no hospital, segurando sua mão enquanto ela trazia essa pequena vida ao mundo, mas fazia um ano.

— Viva a Marina! — todos gritaram em coro enquanto as velas eram apagadas, e aplausos e gritos de alegria encheram a sala.

Marina bateu palmas desajeitadamente, imitando os adultos, e todos ao redor riram com ternura.

Eu me aproximei, sentindo aquela familiar urgência de ter em meus braços. Eu amava aquela menina.

Ela era uma criança tão doce, e desde que ela nasceu, meu mundo ganhou um novo brilho.

— Vem cá com a vovó, meu anjinho. — estendi os braços para pegar Marina no colo.

Mas antes que eu pudesse pegá-la, senti uma mão firme, mas gentil, no meu braço.

— Você sabe o que o médico falou sobre pegar peso. — Pedro disse. Seus olhos desceram até minha barriga, onde nossa filha, que estava prestes a nascer, se mexia suavemente dentro de mim. — Deixa que eu pego ela.

Eu sorri, agradecida pelo cuidado dele. PH sempre foi protetor, mas desde que descobrimos sobre a gravidez, ele se tornou ainda mais cuidadoso, quase obsessivo em garantir que eu estivesse sempre bem e confortável.

— Eu sei, eu sei. — murmurei, colocando a mão sobre minha barriga e acariciando levemente. — Mas é só por um segundo.

— Nem por um segundo. — PH respondeu, já pegando Marina nos braços com facilidade. Ele a levantou no ar, fazendo ela soltar uma risada encantadora antes de aninhar contra seu peito. — Viu? Ela tá bem aqui com o tio PH, né, boneca?

Eu ri, sabendo que não tinha como argumentar com ele. PH era teimoso. Marina se aconchegou nos braços dele, enquanto ele balançava suavemente para a frente e para trás.

— Você até que tem jeito com crianças, sabia? — comentei, sorrindo ao ver a cena.

— Deve ser porque eu vou ter que cuidar de uma logo logo. — ele respondeu, piscando para mim. — Então é bom eu ir treinando.

Minha barriga estava enorme, e o peso dela era mais do que evidente, especialmente agora, com oito meses completos. Às vezes, sentia que mal podia andar. Mas PH estava sempre ao meu lado, pronto para ajudar, para me apoiar, garantindo que eu não fizesse nada que pudesse colocar nossa filha em risco.

— Você é tão teimoso. — brinquei, passando a mão suavemente pela sua barba, que estava um pouco mais cheia que o normal.

— Principalmente quando se trata de você e da nossa filha. — ele disse, fazendo meu coração derreter.

O dia continuava, e a festa de Marina estava perfeita. Havia comida para todos os gostos, música infantil tocando ao fundo, e risadas por toda parte. Os amigos estavam reunidos, celebrando a vida da pequena Marina.

Enquanto Marina se divertia nos braços de PH, eu me sentei em uma das cadeiras, sentindo uma pontada de cansaço. A gravidez, embora uma bênção, também me deixava exausta. PH parecia notar isso antes mesmo que eu tivesse tempo de expressar. Ele se aproximou, ainda com Marina no colo, e se inclinou sobre mim.

— Quer deitar um pouco lá dentro?

— Só preciso que você fique por perto. — eu respondi, sentindo uma onda de gratidão por ele. — Isso é tudo que eu preciso.

Ele sorriu e, ao ver que eu estava bem, continuou a entreter Marina, que agora estava fascinada com os a barba dele, puxando levemente com as mãozinhas pequenas. PH riu e se deixou ser explorado pela curiosidade infantil dela.

— Você vai ser um pai incrível. — comentei, observando a interação dos dois.

— Espero que sim. — ele respondeu, olhando para mim com uma seriedade súbita. — Mas, honestamente, só quero garantir que vocês duas estejam sempre bem. Nada mais importa pra mim.

Eu nunca pensei que estaria vivendo essa realidade, grávida de um homem tão mais jovem, alguém que eu nunca imaginei que estaria ao meu lado dessa forma. Mas PH tinha mostrado ser um parceiro incrível, alguém que estava ali para mim, para nossa família, em todos os momentos.

A festa estava chegando ao fim, as crianças estavam começando a ficar cansadas, e os adultos, satisfeitos, começavam a se despedir.

Eu ainda estava sentada, observando tudo ao meu redor, quando vi Maicon e Liliana conversando perto da porta. Eles estavam um pouco afastados do resto das pessoas, e eu notei como Maicon se inclinava para perto dela, a expressão no rosto dele era séria, pareciam estar discutindo.

Liliana parecia um pouco nervosa, mas ela não se afastou. Pelo contrário, ela olhava para ele e chegava cada vez mais perto.

Desde o começo, eu sempre senti que havia algo forte entre os dois. Liliana era uma mulher forte, decidida, e Maicon, apesar de todo o seu passado complicado, sempre amou ela. As coisas entre eles nunca foram fáceis, mas eu sabia que, se dessem uma chance, poderiam encontrar um caminho juntos.

Eu observei enquanto eles se afastavam um pouco mais, buscando um canto mais privado para conversar, e eu estava convencida de que, com o tempo, poderiam resolver as coisas e reatar o que uma vez tiveram.

Um sorriso se formou nos meus lábios enquanto eu continuava a observar eles. PH se aproximou, sentando do meu lado com Marina ainda no colo, agora já meio adormecida, o rostinho aninhado contra o peito dele.

— O que foi? — ele perguntou, notando meu sorriso.

— Maicon e Liliana. — eu disse, inclinando a cabeça em direção a eles. — Acho que eles ainda têm uma chance, sabe?

PH olhou na direção que eu indicava e deu um leve aceno com a cabeça, concordando.

— Eles só precisam de tempo. — ele disse, voltando a atenção para mim. — Assim como a gente precisou.

Eu assenti, sentindo uma sensação de paz tomar conta de mim. Todos nós tínhamos nossos desafios, nossos caminhos complicados. Mas, no final, o que importava era que estivéssemos dispostos a lutar pelas pessoas que amávamos, a dar uma chance ao amor, mesmo quando as coisas pareciam difíceis.

— Acho que tudo vai dar certo no final. — eu murmurei, mais para mim mesma do que para ele.

— Vai sim. — PH respondeu, beijando o topo da minha cabeça com carinho.

Eu sabia que a vida não era fácil, que sempre haveria desafios e dificuldades. Mas, naquele momento, cercada por aqueles que eu amava, com uma nova vida crescendo dentro de mim, eu me sentia esperançosa.

E, com isso em mente, eu deixei meu sorriso se alargar, enquanto observava Maicon e Liliana se afastarem ainda mais.


Desejo Proibido: A história de Jussara e PHWhere stories live. Discover now