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Antes de entrar no avião, Juliette ainda deu mais uma olhada ao seu redor. Seus olhos correram por todos os lados possíveis, ela tinha esperanças.

O profissional responsável pelo embarque lhe chamou a atenção em inglês:

- Come on lady. (Vamos senhora).

Ela subiu mais dois degraus e entrou na aeronave. Ocupou o seu assento e ainda ficou olhando pela janela.

- Eu te perdi, mas ainda te amo. - disse baixinho.

Dentro da sua bolsa, ela tirou três fotos que para ela eram muito especiais e lindas. Uma do início do namoro, outra da noite que foi pedida em casamento e a terceira era do dia do seu casamento.

- Eu não soube cultivar o seu amor. Nisso sou muito culpada, mas nunca vou te esquecer. Porém dessa vez a sua vontade será feita. - ela pensava em silêncio.

O vôo desembarcou em São Paulo. De lá, ela pegou outro que a levou para João Pessoa, a sua terra natal e que também acolheu Rodolffo e sua família. A origem real de Rodolffo era o estado de Goiás, porém desde aos sete anos ele veio para o nordeste.

...

Juliette chorou de emoção ao rever a mãe e também o irmão.

- Ôh neguinha, que saudade tua. - Seu irmão carinhosamente chamado de Preto a abraçou a rodopiando no ar.

- Também estava com muita saudade de você irmão. Mainha... A benção?

- Ôh fia... Que Deus lhe abençoe.

Juliette se abraçou forte a mãe e sentiu paz naquele abraço.

Os três seguiram juntos e não demorou a conseguirem uma condução para a casa da família.

- Painho... - Juliette disse abraçando seu Francisco.

- Ôh fia que bom te rever.

- Sua benção?

- Deus te dê fortuna e prosperidade.

A família se reuniu e todos queriam saber o por quê da separação.

- Eu fui egoísta e não vou me fazer de vítima. Falhei como esposa e isso saturou a nossa relação. Rodolffo tem os sonhos dele e eu tenho os meus.

- Então, não tem mais volta Ju? - Preto perguntou segurando as mãos dela.

- O futuro a Deus pertence, mas ele não quer mais irmão. Então o quê me resta é aceitar.

- Mas ele sempre te amou tanto.

- Mas o amor já não é suficiente.

- Ôh Juliette... Fique com fé... Ela não costuma falhar. - dona Ivete interviu.

- Antigamente as coisas não eram assim. Um casamento não é desfeito desse jeito, mas vocês jovens vêem a vida de outro jeito. Pensava mais de Rodolffo.

- O Rodolffo é ótimo pai e o senhor não precisa questionar o caráter dele. Não houve traição e não estamos com ódio um do outro. Só decidimos que a vida a dois já não funciona.

- E agora irmã?

- Agora eu vou ficar uma semana com vocês e na outra vou a São Paulo. Lá vou tentar encontrar um trabalho na minha área.

- E por que não tenta aqui filha? - Francisco opinou.

- Eu vou pensar sobre isso.

Juliette evitou falar de coisas tristes. Era um momento delicado, mas não podia deixar sucumbir a tristeza.

...

Um mês depois.

Casa de Rodolffo, Texas, EUA.

Era na mesa da cozinha que Rodolffo refletia sobre a sua vida. Todos os dias a rotina era igual e até o tão sonhado fim de semana também era dedicado ao trabalho.

Rodolffo só via telas e quando não as via, estava olhando coisas suas e de Juliette. Abrir o closet dela e sentir o aroma deixado em alguns casacos lhe fazia bem, mas não era suficiente.

Há dois dias Juliette havia o informado que o processo de divórcio foi iniciado. Nada além foi dito e também não foi perguntado.

Sua vida estava vazia e ele não sabia se um dia poderia preenchê-la novamente, mas estava tentando. Naquela noite, em particular, sairia de casa por que teve a iniciativa de convidar uma colega de trabalho para um jantar.

Se ele era um homem separado e queria ter uma família, o ideal era começar as tentativas, mas não tinha certeza se seria bem sucedido.

Arrumou-se sem muita vontade e logo estava pronto para sair.

- É só um jantar. Não sei se pode acontecer algo a mais. A Mary é uma boa moça. - ele dizia frente ao espelho. - Eu preciso recomeçar a minha vida.

Pegou as chaves do carro e logo depois fechou a casa. Mary não morava distante e logo ele estava frente a sua casa.

...

A sua partidaOnde histórias criam vida. Descubra agora