Capítulo 18

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(Felix)

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(Felix)

Na parte da tarde, fui até a casa de minha mãe para buscar Minjoo. Não fiquei lá por muito tempo, apenas me certifiquei de que estava tudo bem com ela e de que minha filha não tivesse dado muito trabalho, embora soubesse que isso era algo praticamente impossível.
Além de minha mãe amar passar seu tempo com a neta, Minjoo é um anjo. É o que ela diz todas as vezes em que pergunto e, bem, é a verdade.

Agora são cerca de seis e meia da tarde e Minjoo, Hyunjin e eu estamos nos arrumando para jantar na casa da Chaewon.

Ela resolveu reunir todos nós para comemorar a volta de Hyunjin para Seoul, e também para contar algumas novidades. Chae não quis nos adiantar nada sobre isso, mas, a julgar pela sua animação, deve ser algo realmente incrível e eu devo confessar, não vejo a hora de estar junto de meus melhores amigos de adolescência novamente. Já faz algum tempo desde a última vez em que nos reunimos assim, sem nenhuma formalidade, apenas para jogar conversa fora e, mesmo assim, quando o fizemos, uma peça importante estava faltando. Hyunjin.

Suspirando, termino de pentear os fios escuros de Minjoo, aproveitando para aspirar um pouco de seu perfume adocicado, típico de criança, e olho para ela satisfeita. Minha filha está usando um vestido bege estampado com algumas flores vermelhas e, em seus pés, usa uma sapatilha da mesma cor. Não querendo me gabar, mas ela é a coisa mais linda desse mundo.

Quando olho para Minjoo, tudo o que consigo ver é o amor que sinto por Hyunjin sendo refletido em um pequeno ser. Seus olhos castanhos brilhantes e seu sorriso doce e travesso. Seus fios compridos com alguns pequenos cachos nas pontas e suas bochechas levemente coradas são a perfeita mistura do que nós somos e isso só me faz ama-la ainda mais.

─ O que acha de esperarmos seu papai na sala, princesa? ─ sorrio para a garotinha em minha frente, que assente quase que prontamente ─ Então vamos lá. ─ me levanto de sua pequena cama, vendo-a correr para fora e, antes de também deixar o quarto de paredes lilás, me olho em seu espelho de tamanho médio, conferindo minhas roupas.

Eu vestia uma camiseta vermelha, para, de certa forma, combinar com Minjoo, uma calça jeans preta e uma jaqueta também preta. Nos pés, um coturno de cano médio e carregava em meus braços um casaco para que a pequena vestisse caso esfriasse demais.
Satisfeito com minha escolha e também não tendo tempo para mudar, deixo o quarto, seguindo pelo pequeno corredor, até encontrar Hyunjin e Minjoo sentados no sofá.
Ao contrário da pequena, ele não parecia interessado no desenho, mas sim na parede atrás da TV.

─ O que houve? ─ questiono, me aproximando do moreno, que desvia seu olhar para mim, parecendo despertar de um
transe.

─ Eu realmente gosto dessa cor. ─ comenta casualmente, levantando-se do assento, se pondo em minha frente. De início, não compreendo do que ele está falando, mas então percebo.

Me sentindo repentinamente tímido, levo minhas mãos até a gola de sua jaqueta, ajeitado-a corretamente.

─ Bem... eu também. ─ murmuro, desviando meu olhar, travando uma luta interna entre falar ou não ─ Sabe, eu tive um bom motivo para escolher essa cor. ─ respiro fundo, voltando a olhar para ele. Não é uma grande coisa, afinal. Sorrio fraco ao notar seu olhar questionador ─ Quando consegui uma casa própria, onde poderia ter minhas próprias coisas e construir minha própria história, queria que esse lugar tivesse algum significado e... também queria que, de alguma forma, você estivesse aqui. ─ olho por cima de seu ombro, notando que Minjoo continua alheia ao resto do mundo ─ Não me recordo se já te disse isso, mas seus olhos sempre me fascinaram. Achei que ter em minha casa algo que me remetesse a isso seria uma boa ideia.
Por longos segundos, um silêncio é mantido. O único som que pode ser detectado é que vem do televisor, e talvez até o de nossas respirações entre-cortadas, mas nada mais.
Hyunjin não desvia o olhar nem por um instante e, por mais que eu sinta necessidade de o fazer, não consigo. Não consigo e nem mesmo quero me desconectar de órbes tão hipnotizantes que fizeram parte dos meus melhores e piores sonhos por tantos anos.

─ Ainda não consigo acreditar que isso é real. Que você é real. ─ o moreno finalmente pronuncia em um murmúrio, seus olhos tomados por uma fina camada de água. Seus dedos se entrelaçam aos meus, pendendo ao lado de nossos corpos e com seu polegar ele faz uma leve carícia nas costas de minha
mão ─ Você é como um sonho, é uma borboleta para mim e eu tenho medo de soltar sua mão e então ver você voar para longe de mim. Anos atrás eu não conseguia me mostrar para você. Não conseguia me entregar à você completamente, por mais que eu quisesse. Eu não podia te mostrar aquele meu lado corrompido, então colocava uma máscara. Mas eu sempre quis você. Sempre amei
você. ─ sentindo meus olhos marejarem e meu peito se contorcer em um sentimento maravilhoso, aperto seus dedos contra os meus, cerrando meus olhos na tentativa de conter as lágrimas.

Kazuha uma vez me disse que isso funciona.

─ Seus pequenos gestos, assim como esse, me fazem esquecer a realidade, como um vento que me acaricia gentilmente ou uma poeira que flutua suavemente no ar. Meu amor por você é eterno. ─ ele sorri de forma terna, inclinando-se sobre mim a fim de deixar um beijo estalado em minha testa.

Eu não sabia exatamente como reagir. Tudo o que eu sabia é que havia sentido coisas demais para poucos minutos. Queria que ele também pudesse sentir algo, mas não sabia que frase usar para provoca-lo tal sensação, então, optei por agir. Me aproximei dele vagarosamente, não desviando nossos olhares em momento nenhum. Sua respiração se misturando com a minha. Já conseguia sentir seus lábios nos meus, quando a voz suave de Minjoo se fez ouvir, nos desconectando de nossa pequena bolha.

─ Papais? ─ a pequena chamou nossa atenção, olhando fixamente para o celular em sua mãos ─ Tia Chae mandou mensagem. Ela disse que gostaria de perder peso igual você perde a hora, papai Lix. O que isso quer
dizer? ─ questiona de maneira inocente e consigo ouvir o riso abafado de Hyunjin, por isso me esforço para prender o meu.
Chaewon é muito estranha as vezes.

─ Quer dizer que precisamos ir, amor  ─ sorrio para ela, que assente, levantando-se do sofá.

(...)

Eu nunca tive dúvidas de que sentia falta de estar com todos os meus amigos juntos, jogando conversa fora, sem nem mesmo notar a passagem do tempo, mas também nunca percebi que essa saudade era tão grande.
Depois do jantar, Minjoo acabou caindo no sono, então, após deixa-la descansar no quarto da Chae, nós nos reunimos na sala, sentados no chão, ao redor da mesa de centro, enquanto tomávamos sorvete.

Até então, havíamos conversado sobre minhas férias em Aspen, sobre meu reencontro com Hyunjin, sobre o encontro de Hyunjin e Minjoo e também falado sobre outros assuntos como a viagem de Seungmin e Chan a Jeju. Acho que já havia algum tempo desde a última vez que eu havia rido tanto como no momento em que eles contaram suas histórias sobre a lua de mel. Afinal, como Seungmin pôde esquecer o próprio marido no shopping?

Bem, uma vez Bangchan me disse que se algum dia ele chegasse a se casar, mesmo ressaltando o quão difícil aquilo seria, queria que fosse com alguém engraçado como ele. Alguém que riria com ele porque ambos esqueceram de buscar as crianças na escola.
Creio que ele encontrou a pessoa ideal.

─ Uhum. ─ Chaewon pigarreia, chamando nossa atenção. Estávamos todos conversando sobre coisas aleatórias, mas a expressão dela era séria, e isso me fez recordar um dos motivos para estarmos ali.

─ Nossas memórias são como um filme. Aquele filme preferido, que, por mais que já tenha assistido várias e várias vezes, sempre irá fazer novamente. Ainda me lembro muito bem dos intervalos que compartilhávamos juntos e sobre o acidente do bolinho. ─ ela cita o acontecimento de anos atrás, quando Han, por acidente, derrubou seu cupcake de chocolate sobre o nariz da Kazuha. Naquele dia, a japonesa ficou extremamente envergonhada e chateada, mas hoje ela até consegue rir conosco.

─ Me lembro das nossas histórias sinceras enchendo o pátio da escola e de quando saíamos para dirigir juntos. Hoje, nós já não somos os mesmos. Agora somos adultos formados, alguns de nós casados e alguns, pais. ─ ela sorri, seus olhos ternos passando sobre cada um de nós ─ Mas nem mesmo a distância que alguns enfrentaram mudou o nosso sentimento. Vocês são minhas almas gêmeas e, por isso, resolvi compartilhar algo com vocês. ─ sua postura se torna ereta e ela direciona seu olhar para Han, que parece compreender o que ela pretende fazer, pois, com um pequeno aceno, dá a ela uma espécie de autorização. ─ primeiramente, Han e eu gostaríamos de dizer que, por decisão mútua, não estamos mais juntos. ─ conta, deixando-nos boquiabertos.

─ É, bem, Chaewon é muito especial para mim. Nós vivemos coisas incríveis durante os últimos cinco anos, mas acabamos percebendo que funcionamos melhor como amigos. ─ o moreno toma a dianteira, visto que nenhum de nós falou nenhuma palavra. Talvez pelo choque ─ Eu a amo muito e sei que é recíproco, mas finalmente entendemos que é um amor diferente e por mais que tentássemos, não daríamos certo.

─ Gente, eu apenas fui buscar um copo d'água na cozinha... ou será que eu passei por alguma espécie de buraco negro? ─ Minho graceja e, só então percebemos que ele estava parado no batente da porta, segurando um recipiente de vidro ─ Bem, sendo assim, bem-vindos de volta ao mundo dos solteiros. Nada de interessante por aqui. Ou talvez tenha, já que eu nunca saí dele. ─ murmura para si mesmo nos fazendo rir.

─ Bem, há outra coisa que a Hyo quer dizer, certo? ─ Seungmin questiona após as risadas cessarem e a mais baixa assente, parecendo se recompor.

─ Hum, é... há alguns meses eu tenho visitado um orfanato. De início eu apenas desejava conhecer a rotina do local e também saber um pouco mais sobre a administração, para uma matéria do jornal, mas não pude evitar me aproximar das crianças. Cada uma delas carrega uma história e mesmo tão jovens, tem suas vidas marcadas por coisas ruins. Mesmo assim, sempre sorriem quando alguém se interessa em brincar com elas, mesmo que por alguns minutos. ─ sua voz soa emotiva e seus olhos marejados não há deixam mentir.
Passo meus olhos por meus amigos e percebo que, assim como eu, nenhum deles sabia dessa história. Nem mesmo Han.

─ Eles não tem muitas condições e contam com doações e vaquinhas virtuais para manter o local. Então, para tentar ajudar, eu decidi me tornar voluntária. Com isso eu acabei passando cada vez mais tempo por lá, dedicando meus fins de semana e minhas folgas a isso. Foi impossível não me apegar aquelas crianças doces e inocentes, mas uma em especial me chamou atenção. Cada detalhe é contado com um brilho inestimável nos pequenos olhinhos puxados de , e sua emoção apenas demonstra o quanto ela está entregue a isso.

─ Ele se chama Peter e tem sete anos. Ele nasceu em um bairro muito pobre dos Estados Unidos. Ele veio pra Coreia ainda muito pequeno, e seus pais morreram quando ele tinha apenas dois anos. Eu sei que o que eu vou dizer agora pode parecer idiota, mas mesmo tendo passado apenas alguns meses com ele, me apeguei muito aquele garotinho. Ele me trata como se eu realmente fosse sua mãe e quando estou com ele, desejo imensamente poder ser, por isso, eu decidi que vou entrar com o pedido de adoção.
Nesse momento, um sorriso ilumina sua face ao mesmo tempo em que uma pequena lágrima caí sobre sua bochecha.

Imediatamente, levo minha mão até a sua, demonstrando silenciosamente meu apoio incondicional.

─ Uau. ─ Kazuha sibila e, com essa simples palavra, resume muito bem nosso sentimento

─ Na verdade, não é nada idiota, Chae. O que você contou apenas me faz sentir mais privilegiada por ter uma amiga como
você.

─ Sem dúvidas. Adotar uma criança mostra a sua capacidade de fazê-la crescer em seu coração, e isso é lindo. ─ Seungmin assente, apoiando sua cabeça no ombro do marido.

─ Bem, eu já sou tio da Minjoo a cinco anos e, querendo sim me gabar, dou os melhores presentes e conselhos, então, Peter será muito afortunado em entrar pra família. ─ Minho comenta sentando-se no sofá, a alguns centímetros de distância.

─ Você, por acaso, engoliu um
dicionário? ─ Han questiona nos fazendo rir pela milésima vez na noite ─ Mas ele está certo. Peter vai ter os melhores tios e a melhor mãe.

─ Obrigada. ─ Chaewon sorri docemente, ainda segurando firmemente minha
mão ─ Não há nada definido ainda, mas de uma coisa eu tenho certeza, eu vou fazer de tudo para dar a ele a família com a qual ele vem sonhado.

─ E nós faremos de tudo para te ajudar nisso, sempre. ─ concluo, sorrindo de forma confiante, afinal é a verdade.

Nós sempre estivemos aqui um pelo outro. Quando eu caí, eles me ajudaram a levantar. Chaewon me ajudou a levantar. Então, quando ela precisar de mim, estarei aqui para ela também. Não tenho dúvidas de que ela será a melhor mãe que esse garotinho poderia querer.

(...)

ᴀғᴛᴇʀ ᴛʜᴇ sᴛᴏʀᴍ❄ 𝟐° 𝐓𝐞𝐦𝐩𝐨𝐫𝐚𝐝𝐚 | ᴠᴇʀsᴀ̃ᴏ ʜʏᴜɴʟɪx ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora