Capítulo 1- Eco do Passado

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O eco dos passos no corredor da mansão dos Lobkis sempre me faz estremecer. Não importa quantas vezes eu ouça esse som, ele nunca deixa de trazer à tona uma sensação de infortúnio e desespero.

Hoje, o peso desse eco parece mais feroz, ressoando com as paredes como se algo estivesse prestes a acontecer.

Meu trabalho é o mesmo de sempre: preparar a mesa para o banquete que ocorre todas as noites sem pausas e fazer qualquer afazer que os Lobkis me ordenem.

Enquanto passo a toalha sobre a longa mesa de carvalho em tons vibrantes de vermelho e dourado, hoje não consigo me concentrar pois não consigo afastar a sensação de que estou sendo vigiada por algo, mesmo que não tenha ninguém além de mim.

— Liana! — diz Alyx, o caçula dos Lobkis, me arranca dos meus pensamentos.

— Traga o vinho da adega. E não demore - diz Alyx com a voz autoritária de sempre.

— Sim, senhor — respondo, mantendo os olhos baixos, pois os olhos de uma criada não pode estar acima de seus senhores, a última criada a olhar nos olhos de um Lobkis foi dada de comer ao Zeus, o grande lobo de estimação que habita nesta mansão.

Acabo de limpar e preparar a mesa para o banquete e me dirijo até a adega pelas escadas do alojamento Sul a cada passo que dou parece que a escada se estende mais, o ambiente frio e úmido me acolhe como um velho conhecido.

há algo diferente no ar, um estranho sussurro, quase imperceptível quase como um chamado para mim, parecendo vibrar cada vez mais á medida que me dirijo á adega, como se o meu destino tivesse lá.

Ao chegar na adega paraliso por um momento, tentando identificar a origem desse som misterioso que ecoa pelas paredes empoeiradas da adega, mas logo sou interrompida por um ruído vindo de trás de uma das prateleiras.

— Quem está aí? — digo, minha voz sai baixa e tremula não conseguindo esconder o meu medo.

Nenhuma resposta......

Avanço silenciosamente com cautela até a prateleira que penso ter ouvido o ruído, ao espiar por trás dela, vejo um brilho fraco que logo me chama a atenção pois não havia tochas acesas, era quase imperceptível, como um pequeno feixe de luz.

Decido vencer o meu medo e me aproximo do pequeno feixe de luz, sinto meu eu coração palpitar por motivo desconhecidos a cada vez que me aproximo, ao chegar perto percebo que é um amuleto preto com detalhes douradas aparentemente esquecido ali, sinto algo familiar nele, como se já o tivesse visto antes.

Minhas mãos movem-se sozinhas e me vejo segurando o misterioso amuleto, ao toca- ló sinto uma estranha vibração em minha mão, como se o objeto estivesse... vivo e ressoando comigo.

Ignoro a sensação e guardo o amuleto no bolso do avental e subo rapidamente, com o vinho nas mãos lembrando que meu senhor me espera.

Subindo as escadas desta profunda adega consigo sentir o amuleto continuando a pulsar, uma presença constante que parece ter despertado algo dentro de mim como se fossemos.... 1 só, algo que sempre esteve dormente, aguardando o momento certo para se revelar.

As Sombras do Meu passadoOnde histórias criam vida. Descubra agora