Capítulo 31

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Simone

A cabeça estava erguida, uma expressão atônita e estressada deixava ruguinhas em sua sobrancelha, segurava o aparelho contra o ouvido como se precisasse daquilo para viver.

Naquela manhã, Clara estava vestindo seu conjunto formal preto, calçando um salto da mesma cor. A mulher tagarelava no celular enquanto tentava equilibrar as pastas nas mãos, as tirei rapidamente e segurei o monte de papel, Clara me encarou desacreditada.

— Nem venha. Não sou de vidro. — sussurrou, indicando, logo depois, para a mulher voltar a atenção na ligação.

Ouço passos rápidos atrás de mim, Maria Eduarda surge ao meu lado, dou um beijo em sua bochecha e continuamos a caminhar em direção ao lugar onde darei a entrevista.

— Mãe, estava falando com os jornalistas e os direcionei para o palco ali na frente do ministério. Já deixei os seguranças avisados, a senhora tem até vinte minutos antes da reunião que a primeira dama marcou.

— Reunião? — a encarei curiosa, Janja não havia falado nada de reunião.

— Sim, acabei de saber. Parece ser urgente. — Suspirou, pegando o celular do bolso e já digitando rapidamente logo após ouvir uma vibração.

Clara para de falar e percebi que já havia encerrado a ligação, a mulher suspirou estressada, dei um sorriso mínimo para minha assessora.

— Tudo certo? — a questiono, quando viramos o corredor.

— Tudo sim. Só…— Fechou os olhos e respirou fundo, soltando o ar entre os lábios. — Preciso dos meus remédios.

Rimos assim que abriu os olhos, Maria Eduarda nos parou assim que chegamos perto do local improvisado. Segurou os ombros e fez uma cara séria, naqueles momentos via sua semelhança comigo.

— Mãe, nada de extrapolar o tempo viu, colocou o alarme? — Concordei com a cabeça e entreguei a papelada para Clara. — Não fale demais, nem seja grossa.

— Não é a primeira vez minha, tendo que abafar as fofocas.

Maria Eduarda sorriu irônica, tendo os mesmos traços de Mafê. Antes de eu subir no palanque, minha filha fez questão de ajeitar meus cabelos bagunçados e avaliar minha expressão, após dar um joinha me direcionei até aqueles sanguessugas.

Os flashes começaram, os microfones com logos de emissoras vieram na minha direção junto com as câmeras.

— Boa tarde. Quem gostaria de fazer a primeira pergunta? — dei um sorriso cordial, disfarçando a ansiedade que surgia pelo meu peito, mas tudo ficaria bem, certo?

Todos levantaram as mãos, porém apontei para uma jovem de óculos com armação vermelha e franja, ela direcionou seu celular em minha direção.

— Ministra, os rumores da sua relação com Soraya e aquele sequestro da mesma são verdadeiros?

Mordi o lábio disfarçadamente, ajeitei meus fios e abri a boca para falar, não antes de olhar Madu com um consentimento de resposta.

— Eu e a Senadora Soraya somos amigas, fomos parceiras de trabalho e professora e aluna, nada mais. O que aconteceu foi que o homem contratado para sequestrar minha filha mais velha também viu uma oportunidade para raptar a senadora, me envolvi diretamente.

— Por qual razão a Senadora estava em sua casa?

— Thronicke estava avaliando comprar o meu apartamento, o sequestrador viu uma oportunidade raptar uma política e a filha de outra política.

Destino: Simone & SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora