Eu estou viva
Boa leitura.* * *
Simone encarou a porta antes de se afastar alguns passos, com seu pé esquerdo a porta emperrada se abriu mais um pouco. A mulher passou pelo espaço sufocante sentindo imediatamente o calor insuportável junto a fumaça que consumia a visão.
Com a lanterna do celular, iluminava os passos que dava, sentindo o nariz e os olhos queimarem em contato direto com a fumaça. O breu estava quente, sua pele começava a suar em gotículas, suas mãos tocavam os lugares por onde passava, deixando firme seu corpo.
- Soraya!
Ouviu um barulho ao fundo e se virou imediatamente, iluminando o lugar que identificou o barulho. Simone sabia que já estava começando a passar mal: sentia dificuldade para respirar, um cansaço surgia e se sentia tonta. Mesmo assim, buscava Soraya pelos lugares que avistava.
- So! Me responda!
Viu um corredor pegando fogo, havia uma porta ali que não sabia se já havia entrado ou se era real, tudo estava embaralhando em sua mente: a parede parecia muito quente, já não conseguia respirar e colocava o braço na frente.
- So?
Procurou por algo no ambiente que nem sabia se era uma sala por estar coberto de fumaça, encontrou um cobertor ao pisar perto da porta e se enrolou com ele. Foi cuidadosa o quanto deu para não se confundir e acabar se queimando com o fogo rápido.
Andando pelo canto, com as costas nas paredes, entrou em um pulo no lugar e sua lanterna iluminou um corpo de costas, Simone correu zonza e ao virar a pessoa viu um homem, sentiu um aperto no peito ao não avistar Soraya pelo local. Verificou se ele respirava e assustou-se ao ver o corpo todo queimado, deu passos para trás assustada e sentiu uma ânsia de vômito que não veio pela falta de conteúdo.
Saiu do cômodo, entrando rapidamente em todos os outros, mas o resultado era o mesmo peito doído e cada vez mais letargia e falar de ar, o corpo estava ficando fraco e Simone temia desmaiar antes de a encontrar. Ouviu barulhos pelo lugar onde entrou, mas não deu importância ,sabia que eram os bombeiros, ao contrário continuou buscando pela mulher.
- Soraya!
Apoiou o corpo no batente de uma porta, seu corpo deslizando pela madeira, o fogo chegava perto e seus olhos estavam pesados, o pulmão ardia precisando de ar, a garganta se fechava com a fumaça que ardia sua extensão. Os olhos confusos vagaram pela casa que não parecia ter fim quando parou em uma escada que levava para algo abaixo.
Com uma força bruta, engatinhou até lá, não sentindo muito bem seu corpo, tossia a cada segundo e não a chamava mais, apertou a coberta no corpo e atravessou o espaço rodeado por fogo, elevou a cabeça e iluminou a escada, não sabendo se chorava ou tentava respirar ao ver Soraya desmaiada nos degraus. Esticou as mãos e a puxou por debaixo das axilas, trazendo-a para cima, tirou a coberta agora curta demais para ambas e pôs por cima de Soraya.
Se levantou forçando seu corpo, puxou Soraya para si e foi se arrastando junto a Thronicke vendo com uma visão turva o formato de uma pessoa, ela se aproximava e elas caíam lentamente no chão, Simone perdia a consciência e sua respiração ficava presa no pulmão ardente.
Em uma voluptuosa emoção, Tebet sentiu medo, medo de morrer.As lágrimas escorriam pelo rosto sujo de cinzas, Soraya não se movia. Simone, não conseguindo mais se manter acordada, apenas abraçou a mulher contra si, deixando um beijo em seus lábios antes de também desmaiar.
A coronel entrava apressada, com sua lanterna iluminava o local, o fogo se alastrava a um nível que o ambiente se tornava quente demais e causaria queimaduras em quem estivesse sem proteção. Elisa, virou o corredor e encontrou dois corpos debruçados no chão, o corredor estava quase tomado por madeiras caídas espalhando fogo.
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Destino: Simone & Soraya
Romance"O destino é entendido como uma sucessão inevitável de acontecimentos que estejam relacionados a uma ordem cósmica. Por isso, de acordo com essa ideia, ele é o responsável por conduzir a vida das pessoas de acordo com uma ordem natural, da qual nada...