Capítulo 3

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(Soraya)

    Uma mistura de medo e decepção tomou conta de mim ao ouvir o piloto falar conosco. Percebi o olhar assustado de Tebet, suas bochechas dando um vermelho para aquele rosto tão pálido. Suas mãos que apertavam cada vez mais os braços do assento, seus dedos já haviam embranquecido com tamanha força, mas agora não de excitação e sim de algo parecido com medo. Olhando fixamente em meus olhos, ela sussurrou algo inaudível.

- Simone? - tentei chamar sua atenção, mas de nada adiantou. Então, segurei sua mão e dei um leve aperto, trazendo sua real atenção para mim. - Você está bem?

- Soraya, sente aqui! - A voz trêmula de Simone, fez efeito em meu peito. Coloquei novamente sua calça no lugar, arrumei meus cabelos que já haviam sido bagunçados.

Me sentei no lugar ao lado do dela, apertei meu cinto, mas Simone ainda estava com uma aparência estranha. Percebi sua respiração acelerada, seus dedos que já perdiam a cor, tremendo contra o braço do sofá. Ela estava com medo da turbulência, Simone estava com medo.

- Simone. Eu tô aqui. - Segurei sua mão novamente só que agora não soltei. Sem nenhuma reação fisicamente, era como se eu pudesse escutar a confusão em sua cabeça.

Temendo, virei seu rosto com o indicador. Nossos olhos se encontraram, suas irís estavam com um brilho estranho. Eu nunca em minha a vida toda, senti um aperto tão forte no peito, uma dor tão agoniante, quanto senti naquele momento, tudo por ver ela naquele estado.

- Simone. Eu estou aqui. - Tebet deitou sua cabeça em meu ombro, ainda apertando minha mão fortemente, achei que ela pudesse quebrá-la a qualquer momento.

Sentimos o avião tremer, eu não estava tão preocupada, aquelas turbulências eram normais quando o tempo estava um pouco fechado. Já Simone, parecia ter um sério problema com aviões, pois cada vez que o avião tremia, apertava seu corpo contra o meu, mesmo ainda estarmos separadas por prontonas.

Passaram-se dez minutos de pequenas turbulência, o comandante finalmente voltou a falar.

- Senhoritas, já passamos pela área de turbulência, podem ficar calmas. Logo, já estamos pousando.

Senti o corpo de Simone perder um pouco a tensão, soltar uma respiração presa, relaxando-se. Porém, ela ainda estava um pouco abalada. Aos poucos foi se afastando de meu corpo, apenas nossas mãos se tocavam levemente agora.

Optei por não dizer nada, se ela quisesse falar, falaria. Não impedi o medo do que aconteceria após aquele vôo.
Droga, Soraya! Tentou transar com a Simone no avião?! Você só pode estar louca! - A Soraya consciente e madura gritava em meu interior.

Eu certamente, não estava pesando nas consequências ao me agachar em frente suas pernas e quase a foder como eu queria estar sendo fodida, por ela.

- Thronicke, quando pousarmos...o que houve aqui, morre aqui. Entendeu bem? - Simone tirou sua mão bruscamente debaixo da minha, o calor que havia se instalado entre nossos corpos, havia partido junto com a Soraya determinada. - Entendeu? - Perguntou novamente, ao me ver sem respostas.

- Sim. Eu entendi. - Engoli um nó que se formará em minha garganta, pigarrei tentando me controlar e não beijar Simone naquele exato momento. Não! A Soraya inconsciente já havia feito muita bagunça hoje, nesse avião, com Tebet.

Seguimos o resto do voo em total silêncio, cada uma em seu próprio mundo de dúvidas e pensamentos.
Eu realmente não sei como eu vou olhar para ela depois daqui, tenho certeza que a imagem de ver Simone segurando um gemido, se contorcendo, com suas bochechas coradas e, sua respiração ofegante apenas por eu estar perto de seu sexo.

Destino: Simone & SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora