Capitulo 33

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1995 — Rio de Janeiro

Simone estava estonteante, seu sorriso não escondia a felicidade que possuía, havia recebido os resultados da prova que mudaria sua vida. Ela finalmente havia conseguido se tornar o que queria, o que sua família sempre almejou e a faria ser respeitada.

Andava na calçada de Copacabana, o Sol não a incomodava naquele dia, nada poderia a abalar quando tinha os papeis da OAB e seu nome como classificada com sucesso, tinha agora o direito de exercer sua profissão. Então, sim, não havia algo que a parasse.

Mas, foi quando seus olhos negros, que tanto se concentraram em livros por anos, encontraram-se com aqueles verdes escuros. Foi, com o sorriso leve que fez seu corpo parar na rua, seu coração aqueceu e sua respiração aumentou.

Era aquela menina, que havia a ajudado a estudar em uma das provas da faculdade. Foi no segundo semestre, e depois nunca mais se viram, mas ainda lembrava de como a mulher era incrível e super inteligente, além de linda e gentil.

Não demorou para a de olhos verdes captar a atenção que tinha, se aproximou assim que reconheceu a mulher branquinha de cabelos escuros e agora levemente ondulados. Estavam tão naturais, não havia a pressão da faculdade, não havia nada e aquilo fazia as consciências flutuarem.

— Simone! Né? — Dizia enquanto corria até a mulher, vestia uma regata preta e um short curto, seu cabelo ondulado preso em um rabo de cavalo e estava levemente corada ao ver Simone.

— Isso.

Simone nunca ficou em silêncio por muito tempo, era primeira vez que se via incapacitada de falar ou agir. A mulher de cabelos ondulados e castanhos se aproximou de Tebet, estavam próximas demais.

E Simone sentia um sentimento de ânsia por toque, um desejo se instalar por seu corpo, e um frio na ponta da barriga.

— Sou Luiza, lembra? — Sussurrou, levando a mão para o ombro tenso.

Por que sua voz parecia tão sensual? Por que Simone estava encarando os lábios rosados e úmidos? Por que estava sentindo uma vontade…de beijar?

Não, não. Devia ser o cansaço dos últimos dias, da prova e o estresse. Nunca nem havia tido muitos homens em sua vida, porque sentia aquele desejo por uma mulher? Era hétero.

Simone reuniu toda a força que tinha e, para desviar do toque, deu um sorriso constrangido ao ver a súbita mudança de expressão de Luiza.

— Sim. É, eu preciso ir — Sem mais, Tebet deu as costas e saiu apressada, atravessando a rua tão inerte ao tempo que não tinha visto quando um carro vinha em alta velocidade.

Se não fosse por uma mão parda fazer contraste com sua pele leitosa, se não tivesse sido puxada para trás assim que seus pés iriam atravessar, não teria caído de volta na calçada por cima daquele corpo delicado.

Seus olhos abriram-se após alguns segundos, o peito dispara rapidamente, e as íris encontraram Luiza caída ao seu lado, com o braço abaixo de si. Simone levantou rapidamente, sentindo uma tontura com o movimento, porém não deixou de tocar no rosto da outra, que tinha uma expressão assustada.

— O que…?

— Eu estava indo de chamar, quando vi o carro, aí eu te puxei.

Simone ajudou Luiza a se levantar, notou um pequeno corte na coxa exposta da outra. E a mulher notou o arranhão na bochecha esquerda de Simone, então sem segurar mais, riu. Riu ao ver os estado que estavam, como a situação tinha ocorrido, e a sensação quase desesperadora de ver a outra sofrer uma acidente.

Destino: Simone & SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora