capítulo 1

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O Retorno de Penelope

Penelope nunca se sentiu confortável na cidade onde nasceu e cresceu. Desde pequena, carregava a sensação de que aquele lugar era pequeno demais para seus sonhos, limitado demais para seu espírito inquieto. Quando completou dezoito anos, partiu sem olhar para trás, determinada a construir uma vida nova, longe de tudo e de todos que a lembravam de sua infância. Contudo, a vida tem um jeito peculiar de nos fazer voltar às origens, e lá estava ela, dirigindo pelas mesmas ruas que pensou ter deixado para trás para sempre.

O céu cinzento do fim da tarde refletia seu humor, enquanto ela seguia devagar pela avenida principal. Tudo parecia estar no mesmo lugar: a mercearia da esquina, o parque onde costumava brincar com seus amigos, e, claro, a escola que frequentou por tantos anos. Aquilo tudo parecia surreal. Embora a cidade não tivesse mudado, Penelope sentia-se uma estranha ali.

Seu coração acelerou ao avistar a antiga casa dos pais. O portão de madeira estava um pouco mais gasto, mas a pintura azul da casa ainda reluzia com o brilho de uma memória de infância. Ela estacionou o carro e permaneceu um momento dentro dele, observando a casa como se quisesse absorver cada detalhe antes de sair.

- Bem-vinda de volta, Pen - murmurou para si mesma, antes de abrir a porta e pisar no chão que a viu crescer.

Antes que pudesse dar o primeiro passo em direção à varanda, a porta se abriu, e sua mãe surgiu com um sorriso caloroso e os braços abertos.

- Minha menina! - exclamou, abraçando-a com força. - Não acredito que você está de volta!

Penelope retribuiu o abraço, sentindo-se confortada pelo calor familiar. Era bom estar em casa, apesar de tudo.

- Também senti sua falta, mãe - disse, com um sorriso sincero. - Como estão as coisas por aqui?

- Ah, a cidade não mudou muito, você sabe. Mas seus amigos ficaram animados quando souberam que você estava voltando. Eles estão planejando uma reunião logo mais à noite.

Penelope fez uma pausa, sua mente automaticamente se dirigindo a um nome específico: Kian. A ideia de reencontrá-lo depois de tanto tempo fez com que uma onda de ansiedade surgisse em seu peito. Eles nunca se deram bem, desde crianças. Sempre houve algo em Kian que a irritava profundamente, e ela não podia evitar a antipatia que sentia por ele.

- Todos? - perguntou Penelope, tentando soar casual.

- Sim, todos - sua mãe respondeu, sem perceber a hesitação na voz da filha. - Vai ser bom para você rever o pessoal.

Penelope forçou um sorriso, mas por dentro, sua mente já estava ocupada com a ideia de como seria enfrentar Kian novamente. Tentou se acalmar enquanto subia as escadas da varanda, sabendo que, em breve, teria que lidar com os sentimentos que deixou para trás.

A Noite dos Reencontros

À medida que o sol se punha e a escuridão tomava conta da cidade, Penelope se preparava para o reencontro com seus antigos amigos. Ela vestiu um jeans simples e uma blusa confortável, sem muita pretensão. No fundo, estava nervosa. Anos haviam passado desde a última vez que estivera com eles, e, embora fosse bom revê-los, o pensamento de reencontrar Kian a deixava inquieta.

O bar onde marcaram o encontro era o mesmo que frequentavam na adolescência, um lugar pequeno e acolhedor, com mesas de madeira e luzes amarelas que criavam uma atmosfera nostálgica. Penelope chegou cedo, mas não antes de Layla e aidan, que a receberam com um caloroso abraço.

- Olha só quem resolveu dar o ar da graça! - Layla brincou, puxando Penelope para um abraço apertado. - Não acredito que estávamos tanto tempo sem você.

Eᥒtrᥱ ᥆ ᥆́dι᥆ ᥱ ᥆ ᥲ꧑᥆rOnde histórias criam vida. Descubra agora